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Um dia após anunciar o maior lucro trimestral da história das companhias abertas brasileiras, o presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, defendeu o alinhamento dos preços dos combustíveis ao mercado internacional e rebateu falas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que o criticou por fazer home office durante a pandemia.
Castello Branco foi demitido por Bolsonaro na sexta, 19, diante de insatisfações com reajustes nos preços dos combustíveis, mas fica no cargo até que o conselho de administração da companhia aprove a nomeação de seu sucessor, o general Joaquim Silva e Luna.
O executivo vem recebendo diversas críticas tanto do presidente, de seus apoiadores e até de políticos da oposição, que questionam a política de alinhar os preços dos combustíveis às cotações internacionais, que já provocaram em 2020 altas de 35% e 28% nos preços da gasolina e do diesel nas refinarias, respectivamente.
Em videoconferência com analistas para detalhar o lucro de R$ 7,1 bilhões em 2020 divulgado na quarta, 24, Castello Branco defendeu a política, dizendo achar “surpreendente, em pleno século 21, estarmos dando tanta atenção a isso”.
“Os combustíveis são commodities, como o açúcar, o café, o trigo. São cotadas em dólar, seus preços são formados pela oferta e demanda internacional”, afirmou.
Ele defendeu que foi “desastrosa” a última experiência em fugir da paridade de importação no preço dos combustíveis, estratégia que teria gerado impactos negativos de US$ 40 bilhões nas finanças da companhia.
“Reduzimos a dívida [da empresa] em quase US$ 36 bilhões em dois anos, mas a Petrobrás ainda é uma empresa muito endividada e nossa dívida é majoritariamente em dólares. Como é que se vai conciliar obrigações em dólares com receitas em reais?”, disse.
Castello Branco argumentou o que já vem sendo usado em publicidades da Petrobrás, ao afirmar que pesquisas internacionais indicam que os preços da gasolina e do diesel no Brasil estão abaixo da média internacional.
“O preço não é caro nem barato, o preço é preço de mercado”, frisou o executivo, que deixará o cargo em março.