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Francisco Beltrão
sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Se o seu empoderamento não gera reflexos para a coletividade, não é empoderamento

Geral

Mara Lucia Fornazari*
Diferentes atitudes de mulheres durante o passar do tempo foram consideradas empoderadas. As que decidiram usar calças; as que lutaram e lutam para serem aceitas em uma sala de aula; as que se recusaram a ceder seu assento em um ônibus em razão da cor da sua pele. Mas contra o que essas mulheres lutavam? Aparentemente, contra uma situação que questionaram.
Joice Berth diz que nos empoderamos a partir do momento em que nos conscientizamos de qual o papel e o local que ocupamos na sociedade. Assim, a partir de nossa consciência e de uma ação individual e progressiva, geramos reflexos coletivos.
É coletivamente que o empoderamento individual é também instrumento de mudança social na medida em que questiona os locais subalternizados e joga luz sobre antigos e profundos problemas.
Só me convenço da necessidade de mudança quando sou capaz de perceber as nuances tantas da realidade em que fazemos parte e contribuímos para manter da forma em que se apresenta.
Quando o empoderamento, diluído na perspectiva de mérito individual, não atinge a coletividade, as mudanças sociais não acontecem, e o objetivo primeiro pode se perder.
Tudo isso para dizer que o empoderamento é essencialmente político e, como tal, precisa questionar as relações de poder que determinam qual roupa a mulher deve vestir, qual local ela pode estar, qual a forma em que as tarefas diárias de cuidado serão divididas.
Ninguém empodera ninguém. Se eu creio que posso empoderar outra pessoa é porque acredito em uma ideia hierárquica de poder, logo, eu dou o que eu tenho. Quem tem poder social sobre a misoginia e o racismo, por exemplo? Ninguém.
Ninguém. E isso reforça a necessidade de nossa busca pela consciência coletiva que, só assim, nos levará à emancipação, a uma realidade digna para todos.
Marielle Franco se elegeu com a quinta maior votação do município do Rio de Janeiro e podemos dizer que ela construiu uma história empoderada, porém, foi morta a tiros há mais de dois anos.
O fim do empoderamento é a emancipação coletiva. E é aprendendo coletivamente que resgatamos as tantas resistências individuais e de grupos que nos transformaram como sociedade até aqui.
Em Francisco Beltrão historicamente entidades religiosas, sindicais, estudantis, profissionais contribuíram para o empoderamento de nossos cidadãos.

*Mestranda em Educação na Unioeste/FB, participante do Grupo de Estudos do Numape e articuladora no Leia Mulheres/FB.

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