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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Sem vale-refeição, trabalhadoras da limpeza da Saúde pedem comida enquanto se arriscam no serviço

Valor de janeiro ainda não foi creditado; funcionárias pediram empréstimos e doações de alimentos para se manter no mês.

Segundo a Prefeitura, das 37 trabalhadoras contratadas pela empresa, cinco fazem a limpeza na UPA de Beltrão. As demais trabalham nas unidades de saúde.

Cerca de 35 trabalhadoras terceirizadas que atuam na limpeza da Saúde de Francisco Beltrão estão sem receber o vale-refeição há um mês. O benefício, no valor de pouco mais de R$ 400, complementa o salário de R$ 1,1 mil, que também foi pago com atraso no mês passado. Perto do 5º dia útil de março, a categoria teme não receber novamente os valores, enquanto se arriscam limpando espaços estratégicos na luta contra o coronavírus. 

As trabalhadoras são contratadas pela empresa MAV Serviços Terceirizados, com sede em Londrina, que venceu a licitação por menor preço, em 2019, com contrato no valor de R$ 1.756.740. O resultado do certame foi publicado no Diário Oficial do Município em junho daquele ano e deve vencer em junho desse ano. 

Uma das funcionárias contratadas pela empresa, que pediu para não ser identificada, sustenta três pessoas dentro de casa. Sem o benefício de R$ 414, ela não conseguiu pagar as contas do mês passado com os R$ 1.123 recebidos. Só de contas fixas, segundo ela, são R$ 1,390.

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“Vivo com três pessoas e minha luz, água, internet e aluguel estão atrasados. A gente depende desse emprego pra sobreviver e é assim que fazem pela gente”, desabafou. No mês passado, ela pediu doação de alimentos a amigos e parentes, enquanto permanece num serviço arriscado. Ela recebeu a vacinação, assim como as demais trabalhadoras, mas a possibilidade de transmissão da doença, num período de alta de casos de coronavírus e superlotação de leitos, também preocupa.  

Outra funcionária, que também pediu anonimato, conseguiu dinheiro emprestado para garantir a quitação de contas. Mesmo assim, tem débitos em atraso. “É bem complicado e estressante, porque as contas geram multas pra quem não pagar em dia. E a Covid está bem complicada, parece que cada dia não diminui, só aumenta. Eu fico com medo, não está sendo fácil. Eu vou procurar outro emprego, não posso ficar sem trabalhar, tenho gastos.”

Atraso
O sindicato da categoria, Siemaco, acompanha a situação e disse que o salário de janeiro foi pago com atraso, no dia 19 de fevereiro, e que o vale-alimentação ainda não foi depositado. O medo é que isso se repita em março, com relação aos salários de fevereiro e ao vale alimentação. 

“Muitas dessas trabalhadoras usam esse valor de vale-alimentação pra levar comida para dentro de casa, sem contar que diante da situação que estamos vivendo hoje, são trabalhadoras que estão expostas todo dia e ainda estão nessa situação. Notificamos a Prefeitura e também a empresa que seja regularizada a situação dessas trabalhadoras no prazo de cinco dias, caso contrário iremos tomar as medidas judiciais cabíveis e passível de paralisação”, disse Jussara Brito, presidente da entidade, sem descartar greve na categoria.

A notificação foi feita na quarta-feira, 3.De acordo com o Sindicato, a empresa informou que precisa entregar uma certidão negativa na Receita Federal e que estaria providenciando isso. Já as trabalhadoras, dizem que a empresa alegou que espera o pagamento da Prefeitura.

Prefeitura não deve nada
Procurada, a Prefeitura de Beltrão reconheceu que houve os atrasos, mas que “não deve nada à empresa”. “Não cabe à Prefeitura acompanhar esse pagamento que decorre dentro do mês (…) Cobramos da empresa no ato da entrega da nota fiscal, que será nos próximos dias. Aí sim, se eles tiverem inadimplentes podemos notificar e exigir o pagamento.”

Diferente do que disseram as trabalhadoras, a Prefeitura alegou que “a empresa esteve sempre em dia com seus pagamentos”. A MAV Serviços Terceirizados não quis responder à reportagem. “Manifestar sobre o quê? Se a empresa não está deixando de pagar ninguém. Atrasado pode ter atrasado, mas deixar de pagar nunca deixamos”, disse, alegando ainda que “o único posicionamento que a empresa tem que prestar é para os funcionários e a prefeitura”.

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