Apenas três setores tiveram resultado positivo nas vendas na região: vestuário e tecidos (12,56%), materiais de construção (4,83%) e combustíveis.
Um dos primeiros setores a sofrer com a crise econômica é o varejo. A região Sudoeste é a segunda com pior resultado no estado do Paraná no primeiro semestre de 2015. De janeiro a julho, as vendas retrocederam 7,52% em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto as compras caíram 10,63%. Contudo, a folha de pagamento (4,3%) e o nível de emprego (0,39%) tiveram saldo positivo.
No Paraná, o semestre fechou com queda de 4,59% nas vendas e 5,43% nas compras, conforme dados da Pesquisa Conjuntural da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-PR). O nível de emprego no Estado foi de -1,7%. O pior índice foi observado na região de Paranaguá, que teve -9,41% nas vendas e -18,92%.
O presidente da Coordenadoria da Associações Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná (Cacispar), Lindones Colferai, observa que nem todas as empresas estavam preparadas para a crise e, obrigatoriamente, terão que rever seu planejamento. Segundo ele, a maioria dos empresários terá que reavaliar setores internos e a perspectiva é de mais demissões. “Aqueles que não refizerem seus ajustes não sobreviverão”, sentencia. O dirigente acredita que os novos aumentos de impostos deverão impactar negativamente no comércio. Ele se queixa da política econômica e lembrou que o Governo Federal tem que fazer os cortes necessários para dar o exemplo.

Setores em baixa
Apenas três setores tiveram resultado positivo na região: vestuário e tecidos (12,56%), materiais de construção (4,83%) e combustíveis (0,51%). Já outros ramos apresentaram saldo negativo no faturamento: auto peças (-2,26%), supermercados (-3,35%), calçados (-6,1%), móveis e utensílios domésticos (-8,72%), concessionárias de veículos (-12,71%), óticas, cine-foto-som (-12,73%), farmácias (-14,78%), lojas de departamentos (-15,86%), livraria e papelaria (-24,25%).

Segundo o gerente do Ítalo Supermercados, Gilvane Menezes, é notório que o poder de compra dos brasileiros caiu de 7% a 10%, em função de uma série de fatores macroeconômicos, porém alguns estabelecimentos até o momento estão passando à margem da crise. “Nós, por exemplo, no primeiro semestre tivemos um aumento do número de clientes e a expectativa é manter o crescimento do ano passado.” De acordo com ele, os empresários do setor de supermercados atuaram para os preços não subirem além da inflação, fazendo campanhas promocionais, reduzindo gastos e buscando descontos com fornecedores. Pesquisa da Unioeste aponta que a cesta básica aumentou em Francisco Beltrão no ano 4,77% enquanto em Pato Branco a elevação foi de 13,61%.
Queda no consumo
Um estudo da empresa Kantar Worldpanel aponta uma queda de 7,5% no consumo das famílias brasileiras e um aumento de 8,5% no preço médio dos principais produtos no primeiro semestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Nos últimos semestres, para driblar o aumento dos preços e equilibrar as despesas, os consumidores diminuíram as idas aos pontos de vendas e a cada visita aumentaram o número de itens adquiridos, voltando a velhos hábitos de consumo, as compras de abastecimento.

O professor Robson Faria, especialista em Finanças, observa que o governo já fez em 2009 um incentivo ao consumo, com redução de tributos em produtos específicos e o efeito de crescimento foi temporário. “Agora seria a hora de incentivar a poupança para posterior investimento. Mas se forçar a economia, cai ainda mais o consumo, que provoca demissões, baixa a produtividade e reduz a renda.”
Além do mais, a região tem algumas particularidades como um povo que prefere economizar a fazer dívidas. E a força econômica é o agronegócio que se mantém em alta por causa das commodities vendidas em dólar. “Creio que com a falta de financiamento de imóvel teremos problema na construção civil, pois muitas pessoas contavam com esse dinheiro para continuar as obras.” Robson frisa que a renda das famílias está sendo depreciada pela inflação e, com mais aumento de impostos, a tendência é o consumo continuar em queda.
Manter o ritmo
Denilso Baldo, diretor administrativo da Rede Forte de Supermercados, acredita em uma reação neste semestre, em função da força da economia local. “Se olharmos para os números que sustentam o PIB (Produto Interno Bruto) da região é basicamente a produção agrícola. Claro que o momento não está para o alto consumo ou o consumo desordenado, mas o importante neste momento é mantermos nosso ritmo de trabalho e confiar na nossa capacidade de produção.”
Denilso também faz críticas ao atual Governo Federal e salienta que a corrupção é para a justiça resolver, mas a falta de gestão não tem jeito. “Tem que partir do próprio governo a tomada de decisão.”

Região Sudoeste do Paraná
Acumulado do ano janeiro-julho/2015 em relação a janeiro-julho/2014
Setores……………………………. Vendas (%).. Compras (%).. Folha de Pagamento (%). Emprego (%)
Vestuário e tecidos ……………….. 12,56 …………. 7,18……………………. 8,11……………………….. -6,23
Materiais de construção……………. 4,83 …………. -4,35…………………… 9,37………………………… 1,79
Combustíveis…………………………. 0,51 …………. -3,22………………….. 28,34………………………… 34,5
Auto peças …………………………… -2,26 …………. -0,38…………………… 2,25………………………… 0,11
Supermercados……………………… -3,35 …………. -5,22…………………… 7,62………………………… 2,05
Calçados………………………………. -6,10 ………… -25,05…………………. -28,48………………………. -2,27
Móveis e utensílios domésticos … -8,72 …………. -1,55…………………… 3,73………………………… 2,86
Concessionárias de veículos …… -12,71 ……….. -16,42………………….. 0,85……………………….. -9,23
Óticas, cine-foto-som ……………… -12,73 ……….. -31,05…………………. -10,23………………………. -0,96
Farmácias…………………………….. -14,78 ……….. -10,48………………….. 9,18…………………………. -5,5
Lojas de departamentos …………. -15,86 …………. 0,37…………………… -4,35……………………….. -6,75
Livraria e papelaria ………………… -24,25 ……….. -59,37………………….. 9,32……………………….. -6,08
Total…………………………………….. -7,52 ………… -10,63…………………… 4,3…………………………. 0,39
Fonte: Pesquisa Conjuntural/ Fecomércio