Nos últimos oito dias, Nilson e Joice Corbari venderam mais de 80 pizzas, muito acima da expectativa do casal para a primeira semana de atividades da pizzaria Pizza em Casa. Localizada no bairro Nossa Senhora Aparecida, em Francisco Beltrão, a jovem empresa abriu as portas no dia 8 deste mês, completando neste domingo seu 10º dia de atividade. Joice comanda os trabalhos na cozinha e o marido cuida do administrativo, vendas e atendimento. Os filhos Wilian e Welinton dão uma mãozinha nas entregas, e a pizzaria ainda conta com mais três colaboradores.

o desafio de comandar a própria empresa.
Assim como os proprietários da Pizza em Casa, outros 5 mil empresários da região arriscaram ter seus próprios negócios nos últimos 12 meses. Conforme dados do Sebrae, aproximadamente 99% das novas empresas são pequenas e microempresas ou Microempreendedor Individual (MEI). Só em Francisco Beltrão, das 8.940 empresas em atividade (segundo dados do Empresômetro), 1.730 são microempreendedores individuais ativos – cerca de 39% do total de empresas – e, deste total, 425 novos MEIs foram formalizados no ano passado.
Uma boa análise do mercado e surge a Dapper
Sônia Dapper está na estatística de novos microempreendedores individuais. Com apenas 31 anos de

do negócio próprio no setor de confecções.
idade, ela se orgulha em ostentar o título de empresária e tem muitas expectativas com relação à sua empresa, a Dapper Moda Íntima. “Sempre tive vontade de abrir meu próprio negócio, e depois que conheci o MEI e vi a facilidade de ter uma empresa legalizada sem burocracia, resolvi encarar o desafio, montei minha empresa e agora estou correndo atrás”, revela.
O negócio é modesto – funciona em uma das salas da casa, no bairro Guanabara, em Beltrão – e teve início em 2014. Após participar de alguns cursos e procurar a orientação do Sebrae e da Sala do Empreendedor, ela estava pronta para começar. Com R$ 13 mil, vindos do acerto com a última empresa em que trabalhou, Sônia adquiriu máquinas, equipamentos e matéria-prima e começou a produzir roupas íntimas femininas. “Trabalho com costura desde os 16 anos. Tinha muito contato com várias mulheres e percebi que nas empresas, em qualquer lugar, têm muita venda de produtos diversos, e observei que lingerie era uma coisa que sempre vendia, todas precisavam.
Antes de sair do meu antigo trabalho, ainda em Santa Catarina, procurei cursos e planejei tudo, pra que quando saísse já estivesse bem definido”, conta a empreendedora.Com pouco mais de um ano de trabalho, a Dapper Moda Íntima já possui uma colaboradora no setor de produção. Sônia faz o corte, modelagem, vendas e o administrativo, e conta com a parceria de dez vendedoras autônomas e ainda três lojas parceiras – em Francisco Beltrão, Vitorino e Clevelândia. E, claro, muitos contatos pelas redes sociais. “Já atingi mais do que minha expectativa. O negócio andou muito rápido, acima do que eu esperava. Já teria potencial para ampliar, mas quero sentir melhor o mercado, conhecer mais, aumentar meu capital de giro e não quero depender de financiamento. O Sebrae tem me orientado muito bem, assim como o Centro Empresarial, e tenho ótimas expectativas com meu negócio”, declara Sônia.
Sudoeste vai bem, obrigado!
Mesmo com todas as dificuldades, volume de vendas reduzido em diversos setores e previsões pessimistas, a quantidade de novas empresas abertas em 2014 surpreendeu. De acordo com o Empresômetro, ferramenta do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) que resume estatísticas sobre as empresas do país, o Brasil iniciou o ano com mais de 17,4 milhões de empresas ativas.

No país, São Paulo lidera o ranking dos Estados, com 4,7 milhões de empresas ativas em 2014 – 27,43% das empresas em atividade. Minas Gerais vem em segundo, com 1,7 milhão e 10,27% do total. O Paraná é o 5º Estado com o maior número de empresas ativas: 1,18 milhões, ou 6,84% do total nacional. De 2013 para 2014, o Paraná teve uma variação positiva de 10,36%.
Já no Sudoeste, até o final de 2014, somando as 20 maiores cidades da região, eram 50.321 empresas em atividade, mais de 5 mil novos negócios se comparado com o ano anterior, que fechou com índice de 45.271 empresas. As 20 cidades juntas representam 4,25% do total de empresas ativas no Paraná.
A maior variação positiva foi em Nova Prata do Iguaçu: 13,93%, se comparado o resultado de 2013 para 2014, passando de 847 para 965 empresas. Em seguida vem Realeza, com 13,83%, passando de 1.562 para 1.778; Dois Vizinhos, com 12,84%, passando de 3.652 para 4.121; Chopinzinho, com 12,61%, de 1.578 para 1.777; e São João, fechando o grupo dos cinco, com 12,13%, de 915 para 1.026.
O município do Sudoeste com o maior número de negócios em atividade continua sendo Pato Branco, com 9.829 empresas ativas, registrando variação de 11,44% com relação a 2013, quanto tinha 8.820. Em seguida vem Francisco Beltrão, com 8.941 ativas e variação de 11,32%. Por fim, Dois Vizinhos, com 4.121 e variação de 12,84%.
2014 foi bom, mas 2015 pode ser melhor
Na avaliação da consultora Claudinéia Cabral, do Sebrae de Francisco Beltrão, 2014 foi muito positivo para a região. “Fechamos o ano com 1.730 MEIs ativos em Beltrão. E, deste total, 390 foram abertos na Sala do Empreendedor, que funciona através da parceria do Sebrae com a Prefeitura. Além disso, tivemos saldo bem positivo, com 196 empresas que eram MEI e conseguiram migrar, passaram a ser micro ou pequena empresa, isso é um ganho muito grande para o município”, comemora.
Claudinéia aponta outro dado bastante animador: “A taxa média de sobrevivência das empresas no país é de 75%, mas aqui em Beltrão a taxa é de 81%. Estamos entre as cidades do Paraná com uma taxa bem acima da média nacional e estadual. Para se ter uma ideia, há 10 anos tínhamos 50% de sobrevivência das empresas. As pessoas abriam por necessidade, não por oportunidade. Hoje existem muitas ferramentas e orientação, e os empreendedores iniciam negócios por oportunidade”.
A consultora diz que a região é “um ambiente propício para abertura de novas empresas”, e atribui isso principalmente à presença das universidades e constantes investimentos públicos e privados. “Vieram as universidades, bons investimentos e as pessoas estão buscando oportunidades na região. Estamos buscando facilitar a abertura de empresas no município. Quanto mais empresas derem certo e crescerem, mais gera emprego, gera renda e todos saem ganhando.”
Apesar das estimativas baixas de crescimento para 2015, Claudinéia acredita que o ano é favorável para o surgimento de novas ideias de negócio. “As pessoas buscam oportunidade de abrir uma empresa, buscam alternativas. E o povo brasileiro é muito criativo, vão encontrar ideias. O Sebrae fez uma pesquisa e destacou algumas áreas que serão tendência em 2015. Entre elas estão empresas do ramo de alimentação saudável, especializadas em delivery, beleza, fitness, serviços para idosos, produtos naturais e clínicas odontológicas”, relata a consultora.
Seguindo a tendência
O casal Joice e Nilson, da Pizza em Casa, citado no início da matéria, observou os dados do Sebrae e seguiu as orientações. Tanto que a decisão pela pizzaria delivery resultou do espaço percebido pelos proprietários. “Nossa família é grande e sempre se reunia em casa e pedia pizza. Até que um dia decidimos fazer as pizzas em casa mesmo. No início comprávamos a massa pronta, daí um momento que decidimos fazer a massa. Fizemos isso porque muitas vezes as pizzarias demoravam mais de uma hora para entregar, mandavam sabores errados, enfim, percebemos que conseguiríamos fazer bem-feito e evitar estes problemas”, conta Nilson.
Questionados sobre a possibilidade de uma crise econômica em 2015, eles revelam o mesmo otimismo que os motivou a abrir o negócio. “Todo mundo consome pizza. A crise não assusta, porque o brasileiro sempre dá um jeitinho de comer e beber. E acredito que nossa região vai encarar tranquilamente”, aposta o casal.