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Por Lucas Carniel
O anúncio da instalação de uma unidade da Piracanjuba, uma das cinco maiores indústrias de laticínio do Brasil, em Sulina, chamou a atenção de toda a região. Nesta reportagem, contamos um pouco dos atributos do pequeno município sudoestino: agricultura pujante, turismo desenvolvido e segurança invejável.
Dormir de janela e porta aberta é normal
Enquanto os problemas de segurança pública afetam o país inteiro, com altos índices de criminalidade especialmente nas cidades grandes, em Sulina ainda é comum as pessoas dormirem com as janelas abertas e as portas de casa destrancadas. Alguns deixam até a porta dos carros sem passar a chave, coisa inimaginável em outras cidades. Casos de homicídio e roubo são raros. Quase nada que perturbe a tranquilidade dos pouco mais de 3 mil moradores do município (exatos 3.033 na última estimativa do IBGE, agosto de 2018).
Um sinal desse sossego pode ser encontrado na praça principal da cidade. Localizada nas proximidades da prefeitura, é composta por uma série de adornos, como vasos de flor, casinhas para passarinhos, muitos dos enfeites poderiam facilmente ser roubados. No entanto, quando esta reportagem esteve no local, não havia nada que indicasse o menor ato de vandalismo. É um belo ponto turístico da jovem cidade.

No mapa nacional do turismo
Além da praça, há o Thermas de Sulina, muito conhecido em toda a região. Localizado às margens do Rio Capivara, o complexo atrai visitantes de todo o Estado, seja para aproveitar as belas piscinas de águas termais ou para encarar as atividades de aventura oferecidas. Uma delas é a tirolesa, que possui trajeto de 500 metros e, na descida, pode-se chegar a 70 quilômetros por hora. Só para do outro lado do parque. Nos dias quentes de verão, cerca de duas mil pessoas passam pelo local.
Sulina oferece ainda uma variedade de belezas naturais no interior, como cachoeiras e rios e também turismo gastronômico. Cidade colonizada por italianos e alemães, não poderiam faltar a cuca, os biscoitos caseiros, o melado, o salame e o queijo. Chama atenção ainda a tradicional Festa do Colono e do Motorista, comemorada sempre em 25 de julho. Atrai milhares de pessoas todos os anos, desde que Sulina foi emancipada. “É uma festa comemorada desde a primeira administração do município, em 1989. Foi a forma encontrada para homenagearmos duas figuras muito importantes: o produtor e o motorista, ou seja, aquele que produz e aquele que transporta nossos produtos”, explicou o prefeito Paulo Horn.
Outro fator que atrai mais gente à cidade é a ligação asfáltica com São João. “O acesso por asfalto facilitou muito. Desde a formação do município só tínhamos 13 km que faziam o acesso da rodovia BR 158 até Sulina. Agora temos a saída para São João, o que facilita pra que mais pessoas venham pra cá”, ponderou Horn.
Tantos atrativos fizeram com que o município entrasse no mapa do turismo nacional. Ou seja, com o selo fornecido pelo governo federal, a cidade pode firmar convênios com o Ministério do Turismo e desenvolver projetos com recursos públicos nesta área. O selo foi conquistado em 2018 e, segundo o secretário de Turismo, Domingos Trindade, vários projetos já estão sendo desenvolvidos pela pasta no sentido de atrair ainda mais visitantes.
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Produção de leite é uma das forças do município
Que o leite é importante para toda a região, isso não é segredo para ninguém. O Sudoeste tem a maior bacia leiteira do Paraná, com 25% de toda a produção. É o nosso “ouro branco”. Em Sulina não é diferente. A cidade que outrora viveu um efervescente ciclo da produção suína, hoje aposta na produção de leite.
O ciclo começou a melhorar depois da implantação do projeto Leite Sudoeste, realizado pela Amsop (Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná) e entidades parceiras. “Com isso, conseguimos fazer com que nosso produtor entendesse que é importante manter uma pastagem perene de qualidade, ter um bom manejo do piquete e dar sombra e água para a criação”, explicou a engenheira agrônoma Giovana Martinelli, da secretaria de Agricultura.
Periodicamente, os produtores rurais participam de dias de campo e outras ações realizadas pela Prefeitura, Emater e Iapar (Instituto Agronômico do Paraná). De acordo com o pesquisador André Fikler, do Iapar, a dedicação de produtores e técnicos da prefeitura tem feito a diferença para a melhoria da qualidade do leite produzido em Sulina. “O trabalho da equipe de Sulina no Leite Sudoeste merece uma menção especial. É uma equipe dedicada, que atende os produtores e visa acompanhar o sistema de leite a pasto, mostrando o manejo adequado e baseado em custos de produção e renda do produtor, o que é essencial para o desenvolvimento da cadeia de leite no município e uma referência para o Sudoeste”, analisa Fikler.

Piracanjuba vai alavancar economia
O município vai ganhar um importante parceiro na cadeia produtiva do leite. Em breve, entrará em funcionamento uma unidade do laticínio da Piracanjuba, o primeiro no Paraná. A empresa não divulgou quanto está sendo investido, mas estima que vai gerar 70 empregos diretos. A indústria goiana deve receber num primeiro momento 150 mil litros de leite por dia de Sulina e região. A unidade será especializada na produção de queijo. “Estamos confiantes que a parceria com a Piracanjuba vai trazer inúmeros benefícios ao nosso município, pois vai receber nossa produção de leite e aquecer o comércio. Vamos ter uma real dimensão do quanto nossa cidade pode se desenvolver a partir do início das atividades”, destacou o prefeito Paulo Horn.
Além da Piracanjuba, outra grande marca presente é a Coasul, cooperativa agrícola que possui mercado e entreposto na cidade. Além disso, 60 sulinenses vão a São João trabalhar no frigorífico da cooperativa. São dois ônibus lotados todos os dias.
