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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Todo ano, 5,9 milhões de toneladas de entulho são geradas no Paraná

Geral

Da assessora/Crea-PR
Falou em obra – que seja uma reforma simples em casa – e já pensamos em cimento, gente de um lado para o outro, restos de material de construção. Resumindo: bagunça, sujeira e entulho. Agora multiplique isso por milhares de obras no Paraná. O resultado é 5,9 milhões de toneladas de resíduos gerados pela construção civil todos os anos. Os dados levam em consideração o índice do Ministério do Meio Ambiente, de 520 kg de RCC (resíduos da construção civil) por habitante/ano, e a população estimada pelo IBGE em 2019.

E aqui, uma boa e uma má notícia. Primeiro, a boa: cerca de 98% desse material (principalmente entulho e madeira) poderiam ser reciclados, dentro do próprio canteiro ou em centrais externas especializadas. Agora, a má notícia: o Caderno Técnico sobre Resíduos Sólidos publicado pelo Crea-PR aponta que a atividade ainda é incipiente, pouco debatida, tanto que um dos principais problemas do segmento é exatamente a falta de dados confiáveis.

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De acordo com o presidente da Associação Paranaense dos Engenheiros Ambientais, Luiz Guilherme Grein Vieira, que é também responsável pela atualização do Caderno Técnico do Crea-PR, o cálculo do setor é de que o Brasil reaproveita 21% dos resíduos da construção civil. Na Alemanha, por exemplo, o índice chega a 90%. “No Brasil, esse material é muito utilizado para fazer terraplanagem e aterramento de áreas úmidas, como encostas e fundos de vale, para imóveis que têm baixo valor. E boa parte desses aterramentos é feita de forma irregular. Além disso, para levar o resíduo de uma construção para uma usina de reciclagem, você tem um custo. Para levar a um local inadequado e aterrar, não é cobrado nada. Esses são os principais entraves”, informa Luiz Guilherme.

Segundo Guilherme Vieira, o Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Paraná (PERS/PR), de 2017, mostrou que, dos 81 municípios que responderam à pesquisa, 92% destinavam os RCCs a locais inadequados, ou seja, sem a devida licença ambiental.

Nas obras civis ou públicas em Beltrão, os restos de construção devem ser enviados para a Renova, empresa da Pedreira Motter, do Daniel Motter.

Foto: Ivo Pegoraro

 

Solução para pequenos geradores

O recomendado para toda obra, seja pequena ou grande, é a contratação de um engenheiro ambiental para atuar na elaboração de um plano de resíduos de construção civil. No entanto, a lei não exige a elaboração de um plano para pequenos geradores.

Nestes casos, o proprietário de um imóvel pode fazer o descarte em caçambas. O engenheiro ambiental Marcos Vinicius Costa Rodrigues explica que o ideal é separar os resíduos conforme a classificação definida pela Resolução 307/2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e a Política Nacional de Resíduos Sólildos (PNRS). Nela, os RCCs são classificados em A, B, C e D. A classe ‘A’ engloba os materiais de construção que podem ser reutilizados como agregados na própria obra, como no solo e terraplanagem. Os materiais recicláveis como plástico, papel, metal e vidro compõem a classe ‘B’. Já a classe ‘C’ inclui resíduos sem tecnologia ou inviabilidade econômica de reciclagem. Por fim, a classe ‘D’ trata dos resíduos perigosos como tinta, solvente e óleo.

“Uma sugestão para o pequeno gerador é separar todo resíduo reciclável, por exemplo, de classe ‘B’, e descartá-lo na coleta seletiva. Ele consegue economizar porque a taxa dessa coleta já é paga normalmente nas taxas municipais, como no carnê de IPTU, por exemplo. Portanto, é um volume que se economiza nas caçambas”, diz. Já no canteiro de obras da casa, o proprietário pode destinar um pequeno espaço para o entulho. “Dependendo do resíduo, pode ser reaproveitado na própria obra ou descartado em uma caçamba, cuja empresa destinará para o local adequado, normalmente, uma usina que atue no ramo de forma legal, com as devidas licenças exigidas pelas legislações estaduais e municipais”, acrescenta.

Qualquer reforma estrutural precisa da contratação de um engenheiro civil. “Esse profissional precisará emitir uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná para regularizar essa obra perante a lei. A presença de um engenheiro ambiental em parceria com o engenheiro civil é importante e traz um olhar mais atento aos resíduos gerados na obra”, enfatiza.

 

Beltrão recolhe restos de construção

A empresa Renova (é da família Motter, proprietária da Pedreira Motter), única na cidade e região com licença ambiental, foi a vencedora da concorrência para o recolhimento e processamento dos resíduos de construção civil de prédios públicos.

O Secretário Municipal de Meio Ambiente, Adriano Roberto David, informa que, a partir de fevereiro, a administração municipal, através da Secretaria de Viação e Obras, iniciará um teste de pavimentação em estradas municipais com agregado de reciclado, material assim chamado resultante da britagem e peneiramento dos resíduos de construção civil, de acordo com granulometria específica e composição padronizada. O objetivo é introduzir o uso desse material na pavimentação primária, substituindo gradativamente de acordo com o desempenho deste, o cascalho convencional. A medida visa diminuir a pressão sobre as jazidas naturais de rochas para a extração de cascalho destinado ao uso em vias públicas devido às dificuldades de se encontrar material em quantidade e qualidade para atender as demandas, diminuindo severas mudanças na geografia local e exigindo posterior elaboração e execução de planos de recuperação de áreas degradadas, os PRAD´s.

Na usina de reciclagem, o administrador Daniel Motter calcula que recebe entre 380 e 400 mil metros cúbicos por mês, se contar também o que vem da região. A relação varia entre 80 e 90% de Beltrão e 10 a 20% da região.

Segundo Daniel, o volume seria maior se todos entregassem na usina. Tem quem prefere jogar em locais não apropriados, apenas para não pagar o custo da mão de obra que é cobrado pela Renova: R$ 15,00 por metro cúbico, com acréscimo se o material não for “limpo”. Material limpo é aquele que tem somente madeira, somente concreto e tijolos; se tiver madeira e tijolos misturado, ou plástico, o custo aumenta. Após a seleção, a usina faz a britagem, tirando um material que é utilizado como base de pisos ou obras em construção, contorno de aviários, coisas assim.

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