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Francisco Beltrão
quarta-feira, 04 de junho de 2025

Edição 8.218

04/06/2025

Unicafes: ”Sem a presença do jovem, o cooperativismo não evolui”

Foi o que disse Carlos Juruna, representante do Mapa, durante o 2º Encontro Estadual da Juventude.

 

“Sem a presença do jovem, o cooperativismo não evolui.” A frase é do 2º Encontro Estadual da Juventude, promoção da Unicafes, ontem em Beltrão, com participação de 450 jovens.    

Mais de 450 jovens de todas as regiões do Paraná e também de vários outros Estados brasileiros estiveram reunidos ontem, em Francisco Beltrão, engajados na elaboração de propostas para entregar ao Governo Federal na expectativa de novos horizontes para a juventude rural. Este foi o clima que moveu o 2º Encontro Estadual da Juventude, promovido pela União de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária do Estado do Paraná (Unicafes-PR), com inúmeros parceiros e apoiadores.

Os participantes foram recepcionados no Marabá Centro de Eventos onde, ainda pela manhã, foram realizados os debates temáticos sobre sucessão familiar, geração de renda, tecnologias, educação pública, políticas públicas, violência, drogas e redução da maioridade penal. Com base nestes dados, propostas foram elaboradas e formalizadas em um documento final, aprovado e entregue aos representantes de diversas entidades e, principalmente, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, representado na ocasião pelos coordenadores Carlos Juruna e Vera Lúcia Oliveira Daller. 

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Um debate saudável e uma crítica ao sistema 
Na avaliação de Vera Lúcia Oliveira Daller, coordenadora do Departamento Nacional de Cooperativismo e Associativismo Rural (Denacooop) da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuária e Cooperativismo (SDC), vinculado ao Mapa, o Sul do País – principalmente o Paraná – cresceu muito nas políticas públicas voltadas para gênero e juventude.
Segundo ela, até alguns anos atrás isso não existia e a sociedade ainda vivia no conservadorismo cultural. “Era uma herança cultural colonial, a mulher era submissa ao seu companheiro, o homem era o provedor da manutenção da família. E com o desenvolvimento do Brasil, de repente a mulher teve que trabalhar para colaborar no orçamento doméstico, houve uma explosão comportamental de entendimentos e surgiram grandes eventos mundiais para tratar a questão da mulher, assim como da juventude”, relata.
Para ela, que quando jovem estudante também teve atuação política e se envolvia com as questões sociais, o que presenciou na tarde de ontem deixou-a emocionada. “Vi estes jovens aqui, encenando, falando com propriedade, criticando as falhas do sistema, e fiquei muito feliz, como brasileira. A estrutura familiar e o desenvolvimento econômico vivem nova era”, ressalta.
Carlos Juruna, também do Denacoop/Mapa, disse que a preocupação do Governo Federal com a juventude é crescente há pelo menos 20 anos. Ela afirma que o encontro de ontem é fruto dos trabalhos desenvolvidos pelos projetos do governo em parceria com entidades como a Unicafes. “A gente apoia estas iniciativas e nossa expectativa é que o cooperativismo seja um instrumento para a sucessão rural. A maioria dos jovens deixa o campo por acreditar que não é uma boa opção de emprego e renda, e talvez uma integração maior da família dentro da propriedade seja a solução, aliada a força do cooperativismo. A gente entende que sem a presença do jovem o cooperativismo não evolui”, destaca.

Vera Lúcia Oliveira Daller e Carlos Juruna, representantes do Ministério da Agricultura, assinam o documento com as propostas elaboradas pelos jovens.

 

Jovens lideranças
Entre os participantes do encontro estava o jovem Fernando Calgaroto, de Dois Vizinhos. De família rural, ainda adolescente ele já se envolvia com atividades da comunidade e do grupo de jovens. O interesse e a determinação, aliados ao incentivo da comunidade e da família, culminaram com sua eleição para vereador em 2012. “Eu sempre estive envolvido com as entidades e movimentos, desde um jogo de futebol, até entidades diversas. Aí as pessoas perceberam que eu poderia ser um líder, poderia estar lá representando os jovens, e com este incentivo cheguei lá”, conta.
Para Fernando, o envolvimento dos jovens é determinante e o apoio de entidades como a Unicafes fazem a diferença. “A Unicafes tem muita influência e isso é uma ferramenta importante. Dentro das lideranças jovens, acho que o que ainda falta é as entidades ligadas à agricultura familiar criar mais espaços onde a juventude possa participar. A agricultura está no auge, não sentiu a crise como outros setores, e os jovens começam a perceber essa possibilidade, vejo jovens voltando para o campo. Mas temos muito caminho a percorrer, é preciso trabalhar isso, incentivar os pais a envolverem o filho na gestão da propriedade”, sugere. 
O diretor da Secretaria de Juventude da Unicafes-PR, Luis Fernando Costa, ficou bastante satisfeito com o expressivo público que participou de maneira bastante interativa. “Superou nossa expectativa, fizemos debates dos temas trabalhados, foram levantados muitas demandas, possíveis políticas públicas e programas que vieram dos anseios dos jovens. Na sequência, fizemos a entrega para o governo e esperamos que realmente responda nossos anseios, que consiga ajudar a apresentar possibilidades”, destaca.

Força e vigor do cooperativismo
Para organizadores e participantes, o Sudoeste como palco motivou ainda mais as discussões, tendo em vista que a região é referência e tem forte característica inovadora de propor, provocar e sugerir. “O Sudoeste é um berço da agricultura familiar, de grandes ideias, e com a presença do jovem certamente sentimos essa mudança muito mais rapidamente. O Sudoeste, mais uma vez, sai na frente com essa força e vigor do cooperativismo”, completa Vanderley Zigger, presidente do Instituto Infocos. 

Agricultor e vereador, o duovizinhense Fernando Calgaroto é exemplo de liderança jovem.

 

 

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