
A paralisação das obras da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu já esta trazendo reflexos negativos no movimento do comércio de Capanema e na área social devido às mais de 800 demissões já concretizadas. A maioria dos trabalhadores demitidos são oriundos dos municípios de Capanema e Capitão Leônidas Marques.
Quinta-feira, 21, a prefeita Lindamir Denardin (PSDB), o presidente da Associação Empresarial (Acec), Luiz Hartmann, a presidente da Câmara de Vereadores, Izolete Schneider, os empresários Alaor Dreher e Pedro Krugel discutiram o problema em reunião na Prefeitura de Capanema. Com as demissões, os setores econômicos mais afetados foram bares, restaurantes e as imobiliárias que possuem casas, apartamentos e salas comerciais para alugar.
Insegurança grande
“É uma situação extremamente preocupante e uma insegurança muito grande que vivemos hoje no município, onde 800 funcionários já foram demitidos, muitos empresários fizeram investimentos e contrataram mais funcionários, os trabalhos que a empresa estava realizando, como a ampliação de creches, construção da Companhia da Polícia Militar, recuperação de estradas vicinais está tudo parado. E o que mais nos entristece é que não tem uma justificativa concreta para paralisar a obra, visto que o ICMBIO já havia se manifestado emitindo sua anuência previamente à Licença Prévia de Instalação”, afirmou a prefeita Lindamir Denardin (PSDB).
Luiz Hartmann, comentou que “realizamos esta reunião para tomarmos ciência do que realmente está acontecendo e a nossa preocupação procede, pois muitos empresários fizeram investimentos e se programaram para uma obra que vai durar três ou quatro anos, e de repente, é surpreendido por uma liminar da justiça suspendendo a obra”. Hartmann comentou, ainda, que “então a gente não pode simplesmente ficar olhando esta situação sem fazer nada. Precisamos pensar em algo que reverta esta situação urgentemente”, disse.
“Como empresário eu gostaria de lembrar a todos que nós estamos neste mês absorvendo 25% de reajuste na energia elétrica, logo em um momento como este a gente vê uma paralisação por questões burocráticas e judiciais travando um empreendimento neste porte, não se pode admitir uma paralisação como esta, de forma pacífica, eu acho que a população de todos os municípios envolvidos tem que se manifestar para que não aconteça esta paralisação”, afirmou o empresário Edimedes Moura.
“Nós como empresários capanemenses temos que nos mobilizar, pois são mais de R$ 3,5 milhões em salário que deixaram girar no comercio local neste período de paralisação, então não podemos ficar de braços cruzados esperando o fechamento da usina eu acho que temos que imediatamente nos mobilizar”, disse o empresário Alaor Dreher.
“É o momento para toda a população se unir e manifestar sua indignação, pois não se justifica esta paralisação, pois o projeto da obra está atendendo todos os critérios da legislação ambiental e legais, inclusive a justificativa de que o ICMBIO não forneceu a licença prévia ambiental não é verdade, pois em 2008 o ICMBIO emitiu sim a anuência com parecer favorável a instalação da usina, por isso o Legislativo estará junto com a nossa população se manifestando contra esta situação injusta com o nosso município”, ressaltou a presidente da Câmara de Vereadores, Izolete Schneider.
Os empresários da Fronteira estão mobilizados em torno da construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu. Nos próximos dias, os dirigentes das associações empresariais (ACEs) – Capanema, Planalto, Realeza e Capitão Leônidas Marques – devem se reunir e discutir estratégias diante do problema e acompanhar os desdobramentos. Uma das ideias é conversar com os deputados que representam a região em Brasília.
Presidente da Acec preocupado com a possibilidade de mais desmissões de trabalhadores da obra
O presidente da Associação Empresarial de Capanema (Acec), Luiz Hartmann, disse ao JdeB que a construtora da Usina Baixo Iguaçu está sinalizando de que serão demitidas mais pessoas. No semestre passado a construtora Odebrecht e a Geração Céu Azul, grupo ligado à Neonergia, que ganhou a concessão para construir e explorar a hidrelétrica, tinha cerca de 1.600 trabalhadores contratados para os diversos setores da obra.
Atualmente, conforme Hartmann, permanecem trabalhando 900 pessoas. “O que nos causa preocupação é o plano de desativação (da obra)”, disse o presidente da Acec. Há duas semanas o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) aprovou o plano de suspensão das obras, encaminhado pelo grupo Geração Céu Azul com base na decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, com sede em Porto Alegre (RS).
O Instituto Chico Mendes (ICMBIO), que questionou a liberação da licença ambiental pelo IAP, deveria entregar alguns documentos ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, na sexta-feira. As lideranças empresariais estão preocupadas, também, porque não sabem até onde se sustentará a liminar obtida pelo ICMBio.
A assessoria de imprensa da Geração Céu Azul foi contatada para falar sobre as demissões já ocorridas e sobre a possibilidade de mais desligamentos, mas a informação recebida é de que não há pronunciamentos sobre estas questões. Mas foi enviada uma nota ao JdeB a respeito da paralisação da obra.