A Via Tecnológica do Leite reuniu os melhores gados leiteiros em Francisco Beltrão e nós fomos descobrir como elas são preparadas para este momento.
Antes mesmo de nascerem, elas já foram escolhidas através dos melhores genes, pois serão as estrelas de muitos eventos. A Via Tecnológica do Leite trouxe a Francisco Beltrão as melhores vacas do Paraná – elas são as mais produtivas e mais bonitas. Mas, para que elas possam desfilar na pista de julgamento, existem requisitos a serem cumpridos. Para contar como o gado leiteiro é preparado para este momento, nós tivemos a ajuda de Luiz Carlos Pestana, de Carambeí. Ele é consultor da CRI e preparador de animais.
Para Pestana, a importância de participar de eventos como a Via Tecnológica do Leite é para o produtor comparar seus animais. “O julgador já fará isso, mas, por exemplo, a vaca que fica em última, o produtor deve pensar por que ela ficou mal colocada, pensar ‘o que eu estou fazendo em casa’, aproveitar para tirar dúvidas, ver o que o vizinho está fazendo e trocar informações. Você vai sempre levar alguma informação”, comenta o consultor.
Na hora da escolha para a pista de julgamento, o proprietário busca um animal que tenha boa aparência. “Esse animal é aproveitado tanto para pista quanto para serem grandes vacas leiteiras”, diz Pestana.
No gado jovem, observa-se se têm bons pés e boas pernas, boa garupa, boa locomoção, a abertura do corpo e se vai ser um animal de longevidade. Nos animais adultos (em lactação), a prioridade é o sistema mamário, então as vacas precisam ter úbere com bastante largura, ligamentos fortes, boa colocação das tetas e úbere rasos.
O consultor cita que, atualmente, os animais não precisam mais ter muita estatura, uma qualidade relevante alguns anos atrás. “O animal que se destaca tem a linha dorsal forte, com garupas compridas e longas. Mas, o mais importante é que ele se locomova bem”, enfatiza Pestana. A boa locomoção da vaca é importante para a saúde dela, pois demonstra que ela consegue se alimentar bem e também na hora do desfile na pista, para a desenvoltura dela.
Nos eventos de julgamento de gado leiteiro são oito categorias para o gado jovem, de 6 até 24 meses. A partir disso, o animal se enquadra como adulto, em que há também mais oito categorias para concorrer, e podem participar destes rankings animais após os dois anos. “As vacas têm dado mais produção de leite desde jovem e a longevidade depende do manejo do produtor”, comenta Pestana.
Seleção para julgamento
Os cuidados com os animais começam muito antes da participação nos eventos. Pestana frisa a importância da dieta. “Para as jovens, nós fazemos uma dieta praticamente exclusiva em feno, nada de silagem, e complementamos com ração com mais de 18% de proteína e no mínimo dois quilos por dia”, informa o preparador de animais.
Para as adultas, Pestana indica o fornecimento de silagem de milho, disponibilizar feno o máximo possível e a quantidade de ração varia para cada animal, podendo complementar com farelo de soja e leveduras de 50 a 100 gramas por dia. “A alimentação reflete no escore corporal, porque elas não precisam ser gordas, mas ter características de boas produtoras de leite”, esclarece.
para as vacas adultas, a prioridade é o sistema mamário.
Preparativos
Na propriedade, os animais que serão destinados para a pista de julgamento são ensinados para se apresentarem, por exemplo, para saber como andar e o momento de parar. Elas recebem banhos todos os dias e são amansadas, tudo isso para que os jurados possam avaliar melhor todas as características. Naquelas que estão em lactação, segundo Pestana, deve-se deixar uma quantidade de leite, para assim não perder as qualidades do úbere.
No dia do evento
Para deixar os animais embelezados para o desfile de apresentação, o preparador e sua equipe fazem a tosquia, também chamada de top line. “A tosa sempre é feita, nós também utilizamos produtos de muita qualidade para a fixação da linha dorsal, que é aquela quantidade de pelo que fica em cima do animal e dá melhor aparência.”
Nas vacas também são passados produtos que deixam o pelo mais brilhoso. Manter a boa alimentação também é fundamental, e para o preparador de animais o ideal é deixar feno à vontade, além de fazer uma dieta de quatro refeições com silagem. “Se possível, na propriedade, ter som e movimento de gente para que as vacas fiquem menos estressadas quando forem mudar de ambiente”, indica Pestana.
