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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Velho casarão de Clevelândia tem muitas histórias

Um de seus moradores foi Francisco Gutierrez Beltrão, o engenheiro e homem público paranaense que deu seu nome ao município de Francisco Beltrão.

Rafael Schimitt mostra a foto de Francisco Gutierrez Beltrão.

Quem traz a informação é o bacharel e historiador Rafael Schmitt, de Renascença. Um velho casarão de Clevelândia deveria ser preservado, por seu valor histórico. Foi lá que residiu Francisco Gutierrez Beltrão, o engenheiro civil e homem púbico do Paraná que deu seu nome ao município de Francisco Beltrão. Rafael esteve lá dia 12 de maio e agora admite que “um fato histórico de tamanha relevância deve ser de conhecimento público”. O receio é que o casarão seja desmanchado.Sobre a viagem que originou esta reportagem, Rafael assim a descreve:

Da viagem a Clevelândia
Em minha penúltima viagem a Clevelândia, para fazer pesquisas fundiárias junto ao Cartório de Registro de imóveis e ao Tabelionato, que tem nos atendido com muita presteza, me deparei com o funeral da última filha, solteira, do finado Francisco de Sá Ribas, que, de acordo com as informações públicas do Cartório Brandalise, foi nosso primeiro registrador de imóveis em Clevelândia. 

A sra. Esly de Oliveira Ribas faleceu aos 94 anos, era a última filha de Francisco de Sá Ribas e era uma pessoa muito querida na cidade de Clevelândia, de modo que fiquei muito triste por não ter conhecido ela ainda em vida, justamente para poder ouvir as histórias que ela inevitavelmente viveu e presenciou sobre a nossa antiga sociedade dos Campos de Palmas e Clevelândia.

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A sra. Esly vivia em um antigo casarão, muito bonito, mas já deteriorado no centro de Clevelândia, onde funcionou o registro de imóveis de Francisco de Sá Ribas, do qual nós temos certidões transcrições fundiárias até hoje.Fiquei bastante impressionado quando identifiquei neste casarão um retrato de Francisco Gutierrez Beltrão ao lado do retrato de Francisco de Sá Ribas. O casarão também tinha muitas imagens sacras e orações – as senhoras deveriam ser muito religiosas –, além de quadros, louças e móveis antigos.

Inevitavelmente me veio à mente o finado Jorge Beleeiro de Lacerda, que com certeza ficaria feliz em estar num ambiente onde se transpira história.Tive a grata satisfação de conversar com a sobrinha da finada Esly, que se tornara a custodiadora da casa, ela muito gentilmente teve a bondade de me fazer alguns relatos, dentre os quais que eles também descendem da família Camargo, e que Francisco Gutierrez Beltrão era amigo de Francisco de Sá Ribas, que creio seja seu avô, e aquele casarão era a casa onde Francisco Gutierrez Beltrão residia na cidade.Para mim foi uma informação muito preciosa, por quanto das minhas conversas com finado Baleeiro e outras pesquisas, sempre soubemos que Francisco Beltrão possuía um escritório topográfico em Clevelândia.

Foto de um painel público, que existe no registro de imóveis de Clevelândia, mostra o casarão ainda bem conservado, onde residiu Francisco Beltrão e era o registro de imóveis antes dos Brandalise.

E minha família supostamente teria tido contato com Francisco Beltrão em negócios não esclarecidos que ainda são alvo dos meus estudos.Em todo caso, gostaria de ter voltado a conversar com a sobrinha da finada Esly para conhecer mais sobre esta história, infelizmente ainda não tive oportunidade.Ao que nos parece, observando a genealogia da tradicional aristocracia paranaense, na sua grande maioria oriunda das famílias tropeiras de São Paulo e Minas, que a partir de Palmeiras colonizaram os campos de Palmas e Guarapuava, nota-se que os Ribas de Sá também descendem da família Camargo, e assim como nós podem ter algum parentesco com Antonio de Sá Camargo, Visconde de Guarapuava, figura ilustre do Paraná.

Ao que nos parece, o casarão estaria sendo vendido, e eu não faço ideia de qual será o seu futuro. Penso que, se a família de fato pretende se desfazer desta propriedade histórica, seria uma grande perda para a história da nossa região. O poder público deveria adquirir e transformar este espaço num museu ou memorial da história de Clevelândia, que é a mãe de Renascença e Francisco Beltrão, que inclusive leva o nome deste que ali residiu.

As pesquisas do Rafael
Rafael é trineto de D. Antonio Pinto de Camargo e tetraneto de D. Francisco Antunes das Chagas Lara, que são as famílias que adquiriram as primeiras sesmarias criadas no Campo Erê, Província do Paraná. Seu tetravô D. Francisco era irmão de D. Vicente que consta desse histórico http://www.camarapalmasola.sc.gov.br/o-municipio, cujas sesmarias eram em comum.
D. Antonio Pinto de Camargo ficou com a Sesmaria do Sant’Anna, que abrange mais da metade de Renascença até as portas de Pato Branco, com carta de legitimação do Imperador D. Pedro II e títulos do Estado do Paraná, e da qual ainda a família de Rafael ainda seria proprietária legal.

“Além d’eu gostar muito de história, tenho feito inúmeras pesquisas junto aos vários cartórios da Região e Curitiba, dentre os quais o cartório de Palmas e Clevelândia, este tem nos ajudado bastante. Também junto ao Tribunal de Justiça do Estado, que tem nos permitido constatar muitos fatos contundentes e que são ignorados por historiadores da região”, relata Rafael.

Rafael Schimitt em frente ao Casarão, no centro de Clevelândia.

 

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