Veneno de rato causa a morte de gatinhos em Beltrão
Nesta semana, cerca de cinco gatos foram envenenados em Francisco Beltrão. Os moradores do bairro Alvorada encontraram os felinos mortos na Rua Antonina, esquina com a Rua Rio Grande do Sul. Um foi levado pela proprietária até a clínica Planeta Bicho, mas já chegou morto. O veneno encontrado nas redondezas é conhecido, usado para exterminar roedores. Segundo o veterinário José Carlos Zanella, o risco que animais de estimação e até crianças correm com este tipo de prática é grande. “Muitas pessoas utilizam indiscriminadamente estes produtos para matar ratos e acabam prejudicando inocentes”, ressalta Zanella.
Este tipo de envenenamento acontece acidentalmente. Na maioria das vezes é causado por imprudência dos moradores que querem controlar a todo custo a incidência de roedores. Mas infelizmente existem os casos propositais: muitos cães e gatos já perderam a vida com intoxicações provocadas por alimentos envenenados. “Por falta de comunicação e o mínimo de tolerância, pessoas que se sentem incomodadas pelos animais recorrem a essa prática reprovável.” Não precisaria ser assim se os vizinhos conversassem e tomassem providências para amenizar os problemas de convivência.
Venenos utilizados
Os animais de estimação que encontram esses venenos pelo caminho têm pouquíssimas chances de sobreviver. De acordo com Zanella, um dos mais usados tem sua comercialização proibida: a estricnina. O alcaloide cristalino é muito tóxico e sempre foi bastante utilizado como pesticida, especialmente para matar ratos. Pela alta toxicidade, seu uso é proibido em muitos países, inclusive no Brasil. O veterinário diz que ainda existem outros dois: o monofluoracetato e o conhecido chumbinho.
Para esses venenos não há antídoto. “O animal infectado quase sempre evolui para óbito, o veneno é praticamente letal. Para salvar o bicho, o atendimento precisa ser muito rápido e a quantidade ingerida tem de ser pequena. ”
Os gatos são mais suscetíveis a esse problema porque gostam de passear pelas ruas. Os hábitos das saídas trazem risco aos felinos, que são acostumados a fuçar em todos os locais.
Os sintomas do envenenamento
Depois de infectados, os sintomas surgem rapidamente. O primeiro sinal é de excitação, os animais começam a andar de um lado para o outro, ficam ansiosos. A respiração fica ofegante e há salivação abundante. Zanella diz que a cena é muito triste: “O animal apresenta muito sofrimento e o dono fica sem saber o que fazer para salvá-lo. Muitos acabam piorando a situação justamente por não agir corretamente”.
Ao primeiro sinal de envenenamento, o proprietário deve procurar a ajuda de um profissional o quanto antes. “Enquanto leva o cão ou gato para o veterinário, o dono pode forçar que o mesmo ingira de 30 a 50 ml de água oxigenada, mas não pode ser demorado. A água faz o animal vomitar e isso pode ajudar no tratamento da vítima”, observa.
Venenos ilegais
Se não houvesse procura, não haveria comercialização. O problema é que mesmo sabendo da proibição, muitos estabelecimentos que vendem produtos animais oferecem o veneno ao consumidor. Há dois anos, um comércio deste ramo foi fechado em Francisco Beltrão. O objetivo da lei é prevenir para que seres humanos e animais não sejam infectados pelos tóxicos.
De acordo com o veterinário, o mercado dispõe de outros produtos para combater a proliferação de roedores, não sendo necessário utilizar venenos perigosos. “E vale lembrar que, após detetizar os ambientes, as pessoas precisam recolher as baratas, ratos e pássaros que por ventura apareçam mortos, para afastar totalmente o perigo de contaminação.”
Sofrimento e maldade
Quem é apaixonado por animais sofre quando a morte do companheiro é natural. Imagine então quando sua vida é tirada de forma tão cruel. Por isso, mesmo que seja acidentalmente (já que o alvo eram os ratos), essa prática deve ser evitada. Há outros métodos para exterminar os roedores e demais pragas. Zanella diz que o sofrimento de um animal envenenado é muito grande. “Ele sofre parada respiratória e morre asfixiado. É uma cena muito triste, especialmente quando não temos mais o que fazer.”
Zanella já enfrentou o problema duas vezes. Primeiro morreu Leontina, depois Farpa. As duas cadelas foram adotadas pela clínica, eram as mascotes. Elas costumavam sair para dar suas voltinhas, numa tarde retornaram com os sintomas de envenenamento. “A procura é grande, os casos são muito comuns.”
Os perigos do chumbinho
O chumbinho é um produto vendido ilegalmente e que não deve ser utilizado sob nenhuma circunstância. É clandestino e o seu uso pode ser fatal.
Conheça os perigos do chumbinho:
É um produto irregular embalado e comercializado de forma criminosa como veneno de rato;
É composto por substâncias altamente tóxicas e que podem matar o ser humano e animais domésticos;
Não existe antídoto: “Comeu, morreu”.
Resolve o problema de ratos?
NÃO! O chumbinho é usado criminosamente para matar ratos, colocando em risco sua família e seus animais domésticos. O chumbinho é altamente tóxico, dando a falsa impressão de ser eficiente. Nas colônias de ratos, um animal é enviado para “provar” o novo alimento, como ele morre em seguida, os demais ratos observam e fogem. Depois de um tempo, a colônia retorna ao local, que continua infestado. Ou seja, o problema não foi resolvido!
Outros produtos criminosos
Todo veneno líquido para rato é proibido!
Não compre, não use
– Mão branca / – era rato / – mil gatos
Comprar ou vender chumbinho
é crime! Denuncie!
ANVISA: toxicologia@anvisa.gov.br – www.anvisa.gov.br
APRAG: (11) 3876-4015 – www.aprag.org.br
DISQUE-INTOXICAÇÃO: 0800-722-6001
Fonte: Folheto informativo sobre chumbinho – APRAG / FEPRAG
