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No passado, para algumas pessoas, a única maneira de se curar das doenças era indo nas benzedeiras e tomando remédios feitos de ervas medicinais. Hoje, a medicina está muito avançada e as benzedeiras estão quase em extinção. Nesta edição, vamos contar a história da benzedeira Alzira Ribeiro Chiapetti, que está com 61 anos e mora há 16 anos na Comunidade do Menino Jesus, em Francisco Beltrão, com o esposo Diocedio Alves Dias.
Alzira é natural de Barra Grande, Itapejara d’Oeste. Ela aprendeu a benzer com os seus pais: seu Emanuel Ribeiro e dona Maria Adelina; os dois eram benzedores. Na família são em cinco irmãos, a única que teve o dom de aprender o que o pai e a mãe faziam foi Alzira. Com 17 anos, fez seu primeiro benzimento. Ela tirou o ar da cabeça de um senhor. Alzira lembra que, quando o homem soube que seria ela que faria o benzimento, olhou e disse: “Não é só velho que benze?”.
Alzira respondeu: “Então tem que espera ficar velho pra poder aprender”. Dias depois, ele voltou e agradeceu Alzira e disse que melhorou. Daquele dia em diante, não parou mais. Já faz 44 anos. Alzira benze de susto, cobreiro, mordida de cobra, das bichas, amarelão, zipela e ar da cabeça. Também faz remédios de ervas medicinais para curar bronquite, amarelão e para o fígado. Seus benzimentos não tem custos. Se cobrar não funciona. Alzira diz que benzimento tem de ser feito com amor e de coração, pois no momento ela pede a graça para a pessoa em oração. Sua religião é católica.

Na sua casa tem um local onde chama de igrejinha, é ali que atende quem chega. Na mesa onde atende. Tem as imagens de Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora de Fátima, Santa Rita de Cassia, Anjo da Guarda e o Pai Eterno. A única coisa que ela cobra e é um valor pequeno pelos remédios feitos das ervas, só para tirar os custos. Seu objetivo não é financeiro e sim ajudar a quem precisa, já que possui esse dom.
O que a motiva trabalhar dessa forma e nunca ter desistido é ver a alegria das pessoas curadas. Alzira é uma pessoa muito simpática e bem-humorada, está sempre disposta e trata todo mundo igual. Ela atende médicos, doutores e pessoas de várias religiões. Já ensinou algumas até a rezar o Pai Nosso e doou vários Rosários.
As pessoas chegam com muita fé em sua casa. Tem vez que as 6h30 da manhã já tem gente esperando para ser atendido. Algumas vezes, não consegue nem varrer a casa de tanto movimento. Tem noites que vai jantar depois das 22 horas. Assim que encerra os benzimentos, precisa fazer 20 minutos de oração para se fortalecer novamente, pois é bastante cansativo, força muito a mente. No dia seguinte, já está renovada. Seu horário de atendimento é de segunda a sábado. “No domingo, só se for uma emergência, alguma criança atacada das bicha, essa não dá pra espera”, diz Alzira. Ela conquistou muitos amigos e atende pessoas de vários estados. Como não cobra, ganha muitos presentes, entre eles toalhas, cobertores, panelas e outros.
Alzira ficou viúva, era casada com Adelio Chiapetti. Faz 16 anos que está com Diocedio. Em seus dois relacionamentos, eles sempre entenderam e apoiaram seu trabalho. Alzira tem duas filhas: Edina e Eliz Keila. Nenhuma delas adquiriu o dom de fazer benzimentos. Pra finalizar, Alzira comenta que a partir do momento que não conseguir mais benzer vai encontrar alguém que tenha o mesmo dom e ensinar tudo que sabe.