Beltronense Alana Foppa, 27 anos, e o marido, Dener da Silva, 26, vivem no país desde o início do mês.

Por Rodrigo Accorsi
A beltronense Alana Foppa, 27 anos, e seu marido, o jogador de futsal Dener Rodrigo da Silva, 26, natural de Nova Prata do Iguaçu, estão vivendo na Rússia desde o dia 6 de fevereiro. Ele, que atua como pivô (o centroavante do futebol), foi contratado pelo clube KPRF, junto à Associação Carlos Barbosa Futsal (ACBF), do Rio Grande do Sul, para jogar o campeonato daquele país. O casal reside em Reutov, região metropolitana de Moscou, e Alana conta que, quando eles chegaram na Rússia, jamais imaginavam que iriam viver um momento de tensão como esse. “Como vivemos sempre em diversos lugares, ao chegar temos um novo lar, e hoje a Rússia é o nosso lar! Saber que existe uma ameaça real de guerra me entristece muito, não só por nós, mas por todos que sofrem com isso. Quando chegamos aqui nem imaginávamos uma situação como essa.” Alana trabalha fazendo divulgação de uma marca de roupas no seu Instagram pessoal.
Cultura
Há pouco tempo na Rússia, uma das barreiras naturais que o casal enfrenta é com relação ao idioma. Alana conta que o comportamento dos russos também é ‘frio’, totalmente diferente dos brasileiros. “É tudo muito diferente do Brasil. Eles não têm costume de cumprimentar quando cruzam com alguém na rua e também não conversam. Isso para eles é uma total invasão de privacidade, mas eu tenho o costume de chegar sorrindo e percebo que muitas vezes eles se ‘desarmam’ com isso.” Sobre a alimentação na Rússia, Alana diz que não está encontrando dificuldades e que consegue encontrar tudo o que tem vontade de consumir. Um entrave é com relação à comunicação. “O que não encontro para comer em restaurantes, eu cozinho em casa. A comunicação tem sido bem difícil, já que a maioria não fala inglês. Quando não falam nada mesmo, eu peço ajuda para o tradutor do celular.”
Aflição
Desde que chegou à cidade de Reutov, Alana afirma que gostou muito do país, apesar do frio intenso. “O povo é mais fechado, mas a atmosfera é muito legal. Eu amo conhecer e mergulhar em novas culturas. Hoje (ontem) eu acordei assustada com as notícias desse princípio de guerra, apesar de todos aqui estarem super tranquilos. Eu fico aflita por não saber até que ponto tudo isso pode chegar, por enquanto temos só que torcer para que se encerre logo.” Dener viaja todos os finais de semana para cumprir a tabela de jogos do campeonato russo com o time e Alana conta que essa é a parte mais difícil para ela, que fica sozinha enquanto ele viaja.
“Como o país é muito grande, com rodada dupla de jogos, todo final de semana ele viaja. Agora mesmo ele está no aeroporto para pegar um voo pro jogo de amanhã. É complicado, mas faz parte.” Ela diz ainda que, apesar do pouco tempo vivendo na Rússia, já se acostumou com a rotina de viagens do marido e que procura sempre se ocupar das coisas que gosta de fazer. “Vou para a academia, para o treino de futevôlei, shopping, além de me ocupar com meu trabalho na Internet. O importante é sempre estar em movimento.”
Vida normal, apesar das preocupações
De acordo com ela, apesar da invasão bélica da Rússia à Ucrânia, a vida segue seu ritmo normal em Moscou e ela conta que não sente clima de tensão, porque os russos com quem tem contato dizem estar tranquilos também. “Eles acreditam que isso não vai pra frente e assim eu espero, porque, diferentemente deles, estou preocupada. Quando chegamos em um lugar novo e precisamos chamar de lar, nunca imaginamos que vá acontecer algo dessa proporção. Eu fico muito triste com toda essa situação, é algo muito grave. Saber que existe uma ameaça real de guerra me entristece muito, não só por nós, mas por todos os que sofrem com isso.”
Alana conta que tem muita fé de que toda essa situação termine o mais brevemente possível. “Isso vai passar e tenho certeza que a Rússia vai nos trazer muitas alegrias, porque é um país incrível.” Quando perguntada sobre o que mais sente falta no Brasil. além dos seus familiares, Alana não titubeia. “Calor e praia! Aqui o frio é muito intenso, mas bem diferente do frio que faz no Brasil, difícil explicar.”
Pais preocupados no Brasil
Os pais de Alana, Rose Becchi Foppa e Sidinei Foppa residem em Itapema, no litoral catarinense, e dizem estar muito preocupados, principalmente com as notícias que acompanham pela TV. Rose confessa que teve dificuldades para dormir de quarta para quinta-feira, porque viu uma chamada sobre o ataque da Rússia à Ucrânia. “Estava tentando dormir um pouco pela manhã e a Alana fez uma chamada de vídeo. A gente já sabia de toda a situação e ela disse que com eles está tudo tranquilo. Mesmo assim o nosso coração está a mil.”
Sidinei diz que está bastante apreensivo com toda essa situação, mas esperançoso de que tudo possa se resolver da melhor forma. “Temos muita fé de que tudo isso vai passar logo e que eles voltarão a viver tranquilos por lá. Foram em busca de um futuro melhor e, para nós, vê-los felizes é o que importa. Recebemos diversas mensagens de amigos preocupados com a situação, mas entregamos nossos filhos a Deus, que sabe de todas as coisas.”