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Francisco Beltrão
segunda-feira, 16 de junho de 2025

Edição 8.227

17/06/2025

AGUSTINHO É SÍMBOLO DE COMPROMISSO

Aos 87 anos, Agustinho segue ativo na Rádio Princesa

Agustinho mostra parte da coleção de discos de vinil da Rádio Princesa. Na foto, mostra um disco de Francisco Alves.
Agustinho mostra parte da coleção de discos de vinil da Rádio Princesa. Na foto, mostra um disco de Francisco Alves.

Na terça, 10 de junho, Agustinho Seleski, diretor-geral da Rádio Princesa de Francisco Beltrão, emissora que opera na frequência 92.3 FM, concedeu entrevista ao Jornal de Beltrão. Com 87 anos, é incrível a disposição que ele tem para trabalhar e atender quem chega na rádio. Lembra com detalhes de fatos e datas.

Agustinho nasceu dia 19 de junho de 1938 em General Carneiro, na época conhecido como Marco Cinco, comunidade Passo da Galinha. É filho de Eugênio Seleski e Rosália Alub. Dos cinco irmãos, dois homens e três mulheres, Agustinho é o mais velho. Eles moravam no interior, trabalhavam na roça e tinham serraria.

Em 1950, mudaram para Pato Branco, onde seu pai montou um comércio. Em 1956, Agustinho fez um curso de elétrica mecânica e passou a fazer instalações elétricas em casas, rebobinava e consertava motores elétricos, além de fazer a parte elétrica de veículos. Ele lembra que consertou muitos caminhões, jeep, Dodge, Fargo.

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Em 1958, casou-se com Julieta Matioda, num sábado às 10h, na matriz de Pato Branco. Julieta nasceu dia 31 de novembro de 1940 em Tangará (SC). A festa do casamento aconteceu na casa dos pais de Julieta, seu Jacob Matioda e dona Graciosa Belandi. Agustinho já tinha sua casa e sua oficina. Dez meses após o casamento, nasceu o primeiro filho, Júlio Augusto (falecido), depois vieram Airton, Adir, Ângela e Anni.

Domingos Bertaiolli, amigo de Agustinho, consertava motores de geladeira. Ele soube que a Rádio Colmeia de Francisco Beltrão estava à venda e convidou Agustinho para comprarem juntos a emissora. Agustinho já tinha experiência em rádio — à noite, era técnico de som na Rádio Colmeia de Pato Branco.

Em 27 de fevereiro de 1965, Agustinho, Domingos Bertaiolli e Carlos Vidal da Silva compraram a Rádio Colmeia de Beltrão do dr. Wálter Pécoits. Eram nove sócios. Compraram parcelado, pagando dois mil cruzeiros por mês. No primeiro mês, o faturamento foi de 1.700 cruzeiros, e tiveram de tirar dinheiro do bolso.

A rádio funcionava com 100 watts em 1300 KHZ e atingia longas distâncias, pois a frequência era livre. Só havia rádio em Beltrão e Pato Branco, ambas da Rede Colmeia. A emissora abria às 6h e fechava às 22h. Tinha o jornal da manhã e o jornal do meio-dia. Os programas e comerciais eram feitos todos ao vivo. O salário dos funcionários era pago com a venda dos anúncios. Havia notas hospitalares, falecimentos, festas, casamentos e aniversários. Eram cobrados cinco cruzeiros por cada. “Alguns colonos, quando chegavam na cidade, vinham até a rádio pra mandar recado pros familiares dizendo que chegaram bem”, recorda Agustinho.

Em 2 de fevereiro de 1966, assumiram a direção da rádio e formaram a Sociedade Rádio Princesa. O desdobramento da documentação só ocorreu em 1968. Em 1970, Agustinho comprou as cotas de Domingos Bertaiolli. A rádio estava alocada no prédio do Osmar Brito, em frente à Praça da Liberdade. Em 1974, mudou para a sede própria na Rua Ponta Grossa, onde está até hoje.

Em 1982, Agustinho comprou também as cotas de Carlos Vidal da Silva, que voltou para Santa Catarina com a família. Em 1975, ajudou a criar e foi o primeiro presidente da Aerp (Associação de Rádio Difusora do Sudoeste do Paraná), facilitando o acesso das emissoras ao Ministério das Comunicações. Depois, passou à associação estadual. Já havia 46 emissoras associadas. A sede, que era em Beltrão, mudou para Curitiba. Agustinho se deslocava semanalmente à capital para assinar documentos. Ficou na presidência por sete anos. Quando entregou, havia mais de cem emissoras associadas.

Em 1978, iniciou o programa Domingo Maior, com notícias e entrevistas, especialmente com prefeitos da região. Era das 7h às 9h. Agustinho ainda apresenta todos os domingos o programa A Princesa e a Valsa. Às 6h30 já está na rádio. Das 8h30 às 8h40, apresenta o Programa Evangélico Boas Novas. Depois, fala de esportes e loterias. Das 9h30 até as 10h, fala sobre vinhos. Às 10h30, encerra com o programa Recordando o Passado, com músicas dos anos 1950 e 1960 — cantores como Ângela Maria, Francisco Alves, Moacir Franco, Agnaldo Rayol e outros. Agustinho faz tudo no sistema antigo, com discos de vinil. “A tecnologia transformou o rádio”, comenta.

A Rádio Princesa tem um dos maiores acervos de aparelhos radiofônicos, fotografias, documentos históricos e discos de vinil da região, além de um dos CNPJs mais antigos de Beltrão. Agustinho diz que rádio é como cachaça: um vício. “Não faço pelo dinheiro, faço porque me realizo. Se você não gosta do que faz, tem que mudar, senão vira escravo do serviço.”

A Rádio Cristal de Marmeleiro também faz parte do Grupo Seleski de Comunicação, sendo administrada pelo filho Airton. A empresa tem parceria com a Rádio Clube de Realeza e a Pirâmide de São João. A tradição continua com o filho Adir e o neto Gabriel, que dão continuidade ao trabalho iniciado por Agustinho.

E ele não pensa em parar: “Enquanto puder, vou continuar.”

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