
No próximo dia sete de agosto, vai completar 77 anos de idade. 62 anos consecutivos de alfaiataria. Arcelino Luiz Feltraco é filho de Ernesta e José Feltraco. Gaúcho de Santa Rosa. O casal teve 15 filhos. Em julho de 1957 mudaram-se para Nova Lurdes, distrito de São João, Sudoeste do Paraná.
Com 14 anos, Arcelino saiu da agricultura e da casa dos pais e foi para a cidade de São João trabalhar numa olaria. Trabalhou e “sofreu” por um ano.
Incentivado por uma irmã, foi morar com outra irmã, nas Águas do Verê. Lá trabalhou dois anos como aprendiz de alfaiate. Como já sabia costurar, foi trabalhar numa alfaiataria em Francisco Beltrão, por mais dois anos. Considerando-se profissional da agulha e da tesoura, voltou a morar com os pais em Nova Lurdes e montou lá a sua própria alfaiataria. Deu o nome de Elegância, ainda existente.
Era conhecido da jovem Ana Cecília Lazaretti e, agora empresário, o namoro resultou em casamento: quatro filhos e sete netos.
Em 1972 mudou-se com a alfaiataria para São João. “Era um tempo bom, de muito trabalho”, recorda-se e informa: “Com a minha, eram nove alfaiatarias”. Dos quatro anos que trabalhou para aprender fazer calça, bombacha, fatiota (terno com colete), blazer, três foram “de graça”, sem salário.
Como está agora a alfaiataria aqui na região?
“Muito fraca. Nas pequenas cidades que ainda tem, estão fechando. Vai continuar só em Pato Branco e Francisco Beltrão. O jeans atrapalhou muito e os jovens não têm mais interesse na profissão. Eu também vou parar, por questão de saúde e por insistência dos filhos que querem que eu viva mais a vida”.
Nesses tantos anos, destaca o que de bom e de ruim?
“De bom foi que ganhamos o suficiente para viver, dar estudo aos filhos e comprar o prédio de dois pavimentos. De ruim foi a tristeza que tive com a morte por acidente de trânsito dos meus ex-patrões – Arnoldo Iusten e a esposa Lili –, da alfaiataria de Francisco Beltrão.”
E o músico Arcelino, como surgiu?
“Na música, sou autodidata. Toco e canto na equipe da Igreja Católica há quarenta anos. Vou me aposentar como alfaiate, mas não como músico. Vão me ver muito ainda em festas, matinês e bailes.”
Qual a razão do seu sorriso permanente?
“Quem sorri vive mais e melhor”.
Algo mais?…
“Sim. Aproveito para agradecer os meus clientes e dizer com satisfação que estão todos no meu coração.”