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Francisco Beltrão
sábado, 31 de maio de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Em 42 anos de serviços na Emater, Flávio Farias viu a evolução da produção leiteira regional

Ele dava assistência técnica aos produtores desde a década de 1970.

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Flavio Farias e Irene: casal agora curte a aposentadoria. Foto: Facebook/Flavio Farias.

Por Flávio Pedron – O médico veterinário Flávio Farias, 67 anos, deixou a Emater/Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-PR) depois de 42 anos de trabalho. Ele aderiu ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) proposto pelo IDR para os funcionários que têm mais tempo de serviço e que ainda estavam na ativa.

Natural do Rio Grande do Sul, ele veio no fim da década de 1970 para o Paraná. Na época, muitos profissionais de Agronomia, Zootecnia e Medicina Veterinária se formavam nas universidades do Rio Grande do Sul e vinham se estabelecer em municípios do Paraná, especialmente nas regiões Oeste e Sudoeste.

Leva de gaúchos

Flávio foi um dos profissionais gaúchos que passaram no concurso da Emater e escolheram a região para viver, trabalhar e constituir família. O veterinário foi um dos precursores da assistência técnica especializada em bovinocultura leiteira na região. Ele acompanhou o crescimento da bacia leiteira, a evolução tecnológica e genética do rebanho leiteiro da região. Viu, também, o salto em qualidade do produto ao longo de três décadas. Até cerca de 15 a 20 anos atrás era comum a coleta do leite por camionetas – F-100, C-10 – e o leite era deixado em taros de armazenagem de 40 litros.

Mudança na captação

Este sistema de produção e armazenamento ficou para trás. Hoje, toda produção de leite, depois da captação das vacas, já fica armazenada em tanques de expansão e refrigerada na temperatura ideal para ser entregue aos caminhões de leite que carregam o produto e o deixam refrigerado até chegar ao laticínio.

Flavio Farias deixa a assistência técnica num momento de dificuldades para os produtores de frango, suínos e leite. Os preços da saca de milho e soja, que são também utilizadas para a fabricação da ração, tiveram aumentos exponenciais e afetaram os custos de produção principalmente das granjas que se dedicam à produção de leite e suínos. “No leite, o produtor ainda tem a opção de trabalhar um pouco com o pasto, por isso o custo é menor; já no suíno não tem como, é que nem a avicultura.”

Estiagem forte

Morador de Verê desde 1979, Flavio diz que nunca viu uma seca tão forte como estas de 2021 e 2022 no município e região. “Não lembro de ter dado uma seca tão destrutiva como a do ano passado e deste ano. Teve lavouras de soja que a soja morreu e o produtor nunca tinha visto isso.” Ele salienta que através das pesquisas foram desenvolvidas sementes mais resistentes. “A tecnologia está alta, mas de outro lado a seca está forte.”

O começo

O médico veterinário lembra que o começo da melhoria genética e os estímulos à pecuária leiteira nas pequenas propriedades rurais  do Paraná começaram em 1985 – era o governo José Richa. “Era uma atividade, na época, bem rústica e pequena.”

Naquela época uma parte dos produtores de suínos começaram a migrar para a produção de leite. O estímulo à pecuária leiteira veio com o lançamento do Programa de Inseminação Artificial (PIA), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) em parceria com as prefeituras. Passaram a ser oferecidos aos produtores sêmens de reprodutores bovinos leiteiros de boa qualidade para ir melhorando a genética dos animais, produtividade e produção.

Além da produção rudimentar, com animais de baixa qualidade genética, as estradas do interior eram ruins. “Se perdia muito leite”, lembra Flávio. Nos dias de chuva, as camionetas tinham dificuldade de transitar pelas estradas do interior. Quando iam e ficavam mais tempo ou ficavam atoladas, a produção dos tarros passava do tempo e tinha de ser jogada fora. “O maior entrave era a condição das estradas. Os prefeitos daquela época não tinham a estrutura que se tem hoje.”

Hoje, a coleta da matéria-prima é feita somente por caminhões com resfriador para manter a qualidade do produto captado nas granjas até a agroindústria.

Chegada da Parmalat

Em 1995, a Parmalat que já era sinônimo de produtos de qualidade instalou um entreposto no interior de Eneas Marques. “Eles vieram com uma proposta de alimentação pro gado”, conta Flávio. Não era mais somente a alimentação dos bovinos a campo, mas a introdução da cana e ureia. “Já naquela época se falava em baratear os custos de produção”, relata. Essa, atualmente, é a tônica na atividade: produzir leite em grande quantidade, reduzir os custos para ganhar em escala.

Com o tempo e a entrada em vigor de normas do Ministério da Agricultura e Pecuária, os produtores rurais tiveram de ir adequando suas propriedades – leitarias – para poder vender sua produção com qualidade. As cooperativas de crédito garantiram linhas de crédito para a implantação de leitarias e a compra de equipamentos para a ordenha mecânica e com menos esforços do pessoal para a retirada e armazenamento do leite.

A evolução na atividade, diz Flávio, se dá, atualmente, com as propriedades que adotaram os sistemas produtivos free stal e compost barn.

A família

Flávio casou em 1984, com Irene Perardt, filha de pioneiros de Verê. O casal teve os filhos Gustavo, que se formou em Administração de Empresas e trabalha na Unochapecó, e Ana Paula, formada em Turismo e residindo atualmente nos Estados Unidos.

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