O arquiteto propõe um projeto com base em materiais simples, como o tijolo, produzido com a terra de Foz do Iguaçu – e que pode inclusive ser extraído da própria área onde ele será construído – capaz de dialogar com a paisagem local e com a experiência cotidiana da população. A licitação deve acontecer ainda neste ano.

Confirmado nesta quarta-feira (28) como o primeiro satélite do Centre Pompidou nas Américas, o Centro Pompidou Paraná tem seu projeto assinado pelo arquiteto paraguaio Solano Benítez. Reconhecido por unir saberes tradicionais e soluções contemporâneas em obras de forte impacto social, ele propõe uma arquitetura que valoriza a convivência, a simplicidade e a relação com o território. É o que revelam as novas projeções do projeto divulgadas pela Secretaria de Estado da Cultura, parte de estudos e alinhamentos ainda em andamento.
A proposta está em sintonia com a vocação do museu, fruto de uma parceria do Governo do Paraná com a instituição francesa iniciada em 2022. O novo espaço será construído ao lado do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu. A licitação deve acontecer ainda neste ano e a previsão de inauguração é para 2027, com investimento de cerca de R$ 200 milhões do Estado.
Mais do que um edifício, Benítez foi convidado pelo Paraná para criar um lugar onde as pessoas se sintam parte, no coração da Mata Atlântica brasileira. “A gente precisa facilitar o aprendizado. E para isso, é preciso garantir tempo e espaço para a imaginação”, afirma.
O Centro Pompidou Paraná deve ter acessos bastante imersivos, grandes salões que vão ajudar a moldar as exposições e uma área central que funcionará como um ponto de observação e encontros. “Este é um momento que inaugura não apenas um novo capítulo da história cultural do Paraná, mas também um gesto concreto de diplomacia cultural entre Brasil e França”, afirma a secretária de Estado da Cultura, Luciana Casagrande Pereira.
Tijolos
O arquiteto propõe um projeto com base em materiais simples, como o tijolo, produzido com a terra de Foz do Iguaçu – e que pode inclusive ser extraído da própria área onde ele será construído – capaz de dialogar com a paisagem local e com a experiência cotidiana da população.
Para ele, usar o mesmo material que se encontra nas casas da cidade é também uma forma de inclusão. “Se você consegue fazer uma obra extraordinária com aquilo que uma pessoa comum tem à disposição, você está mostrando a ela novas possibilidades de vida.”
O museu será construído com um sistema que une tijolos romanos e concreto armado, combinando técnicas ancestrais com soluções industriais modernas. A proposta parte da ideia de que não é preciso negar o passado para inovar – mas utilizar-se do conhecimento anterior para avançar a partir ele. “O tijolo tem três mil anos de história. Se eu consigo fazer uma pequena modificação nele, estou respeitando a tradição e, ao mesmo tempo, propondo algo novo”, afirma.
Benítez, que venceu o Leão de Ouro na Bienal de Veneza em 2016, é conhecido por criar estruturas com forte apelo estético a partir de elementos simples. Obras como a Escola de Música de Paraguarí, no Paraguai, e o Pavilhão Paraguaio da Bienal de Veneza, erguido com painéis de tijolo moldados à mão, são exemplos de como a sua arquitetura alia beleza, engenhosidade e função social.