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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Doença emergente, esporotricose é questão de saúde pública

Combate à esporotricose foi tema de encontro promovido pelo CRMV-PR, Centro de Zoonoses, Sesa-PR e Fiocruz com veterinários da região nesta semana. Foto: Leandro Czerniaski/JdeB.

Por Leandro Czerniaski – Nos últimos meses, diversos órgãos e entidades têm se mobilizado no Paraná para reforçar ações de combate à esporotricose, que atinge principalmente gatos e é uma zoonose – transmitida a humanos. Beltrão não tem casos notificados da doença, mas recebeu nesta semana um seminário com especialistas e veterinários da região para discutir o enfrentamento da esporotricose.

“Consideramos uma doença invisível, dados os desafios para a notificação dos casos, e uma doença emergente devido ao se rápido crescimento em todo o País”, comenta Paulo Abilio Varella Lisboa, pesquisador da Fiocruz. Ele foi um dos palestrantes no evento, que integrou a Semana do Meio Ambiente, e relatou como o Rio de Janeiro, onde a taxa de contaminação cresceu 162% nos últimos dez anos, tem lidado com a esporotricose. A alta população de animais de rua, adensamento populacional e a dificuldade em fazer com que os animais contaminados se tornem casos notificados, além do clima quente e úmido, são indicados por Paulo como os principais desafios para controlar a doença no Estado fluminense.

O Paraná também tem buscado enfrentar a zoonose e já registrou casos e até surtos em várias cidades nos últimos anos. Mas tem buscado medidas eficientes para evitar a proliferação: é o único Estado do Brasil a oferecer medicação gratuita para o tratamento dos animais infectados e vem abordando o tema com a sociedade e a classe veterinária. O seminário organizado em Beltrão, por exemplo, reuniu palestrantes da Secretaria de Estado da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Conselho de Regional de Medicina Veterinária (CRMV-PR) e Centro de Zoonoses local. A ideia é chegar a todos os posicionais veterinários para abordar procedimentos e fluxos em casos suspeitos da doença; 12 eventos assim já foram realizados por todo o Estado.

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Em abril, o JdeB noticiou que até o Ministério Público do Paraná estava envolvido no enfrentamento à doença. A notificação dos casos é compulsória – veterinários precisam informar quando há confirmação. “A esporotricose é uma doença em expansão, se alastra de forma rápida e pode infectar humanos, por isso a necessidade de todo esse trabalho em conjunto para que, mesmo a região aqui não tendo muitos casos, possamos prevenir e estar preparados para conter eventuais surtos”, alertou Paulo.

Tem cura, mas tratamento é longo

A esporotricose provoca lesões na pele e se manifesta, principalmente, em gatos. É causada pelo contato com um fungo presente na terra e material orgânico e pode ser transmitida através de arranhões, mordidas ou contato com a ferida. Nos humanos também provoca feridas na pele e é pouco letal, mas com tratamento longo – pode chegar entre sete e oito meses nos animais e de três a quatro em humanos. Veterinários apontam que, quanto mais cedo a descoberta e o início do tratamento, maiores as chances de cura e de forma mais rápida.

Um sinal que os tutores de gatos devem ficar atentos é o aparecimento de feridas que não cicatrizam; aí é preciso procurar um veterinário para ter o diagnóstico correto. o tratamento.

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