Caso mostra como animais com deficiências ou problemas de saúde podem ter qualidade de vida.
Leandro Czerniaski – Ainda há estigma em relação aos pets com algum tipo de deficiência. Geralmente ligadas à mobilidade, surdez ou cegueira, as limitações são vistas como um impecilho para muitos tutores. A história do cãozinho Frederico, no entanto, mostra que os animais podem ter qualidade de vida e serem capazes mesmo com uma condição física diferente da maioria.
O cão Frederico é um bulldog que sofreu uma hérnia de disco. Como a lesão foi de alto grau, mesmo passando por cirurgia ele perdeu o movimento das patas traseiras. Os antigos tutores optaram por se desfazer dele e a clínica Planeta Bicho se comprometeu em mantê-lo sob cuidados e buscar uma adoção. Para melhorar sua mobilidade, optou-se pela amputação dos membros traseiros.

Pets com deficiências, cuidados especiais de saúde ou idoso têm mais dificuldade de serem adotados. Como muitos adotantes ainda possuem receio em levar de um animal com essas condições, é preciso encontrar quem possa garantir um ambiente de cuidados e que reconheça a autonomia e capacidade do bicho. E foi o que aconteceu com Frederico. “A gente estava pensando em adotar outro cãozinho e eu já conhecia o Frederico lá da clínica. Como temos o Chico (pinscher) com uma condição bem semelhante e considerando que as chances de adoção de um cão com deficiência são quase nulas optamos por trazer o Frederico para a nossa família”, comenta a empresária Patrícia Colling, que há três semanas levou o buldogue para casa.
“É um cão saudável, só não tem as patas”
A adaptação foi rápida e em poucos dias Frederico se habitou à nova rotina e companhias – além do Chico, que não tem sensibilidade nas patas traseiras, mas mantém o andar medular, o cão caramelo Petrucchio faz parte da família. Patrícia conta que não há muitos segredos com os cuidados, mas sempre tem alguns desafios. O atual é encontrar uma forma de fixar a fralda em Frederico, pois é totalmente incontinente. Muitas das questões, são resolvidas com apoio de perfis no Instagram e é por isso que Patrícia mantém uma página com a rotina do novo cão (@fredericoespecial).
“Muitas vezes as pessoas têm um olhar de incapacitação e julgamento, mas o animal não está sofrendo, não é refém da sua condição; pelo contrário: tem qualidade de vida, é um cão alegre, ativo e saudável, só não tem as patinhas”, conclui Patrícia.
Tratamento da hérnia de disco depende da gravidade do caso
A hérnia de disco é um tipo de lesão comum e que pode ser severa. Em casos mais graves, como do Frederico, a perda de sensibilidade nas patas traseiras é inevitável. Mas em situações mais leves e com o tratamento correto o problema é amenizado. A médica veterinária Idiane Dall’Alba Bomfim, da Planeta Bicho, explica que a hérnia é causada pela compressão da medula espinhal e que algumas raças como bulldog, lhasa apso e salsicha têm predisposição a este tipo de lesão. “O ideal é evitar movimentos bruscos e que o cão pule da cama ou do sofá, pois é geralmente nestes momentos que ocorre a compressão”, explica.

Quando isso acontece, o tutor já identifica os sinais no animal: dor na região lombar, tremedeira e dificuldade de caminhar e se movimentar. Nesse estágio é imprescindível levar o pet ao veterinário para ser examinado e tratado, pois a agilidade na cirurgia, caso seja necessária, melhora as chances de sucesso na recuperação. Em graus mais leves, o tratamento inclui repouso e medicação.
Na maioria dos casos, os animais mantêm a sensibilidade ou o caminhar espinhal. Sessões de acupuntura e fisioterapia melhoram os resultados. “O Frederico, por exemplo, apesar de não recuperar os movimentos tem dor compensatória pelo esforço a mais nas patas da frente, aí as sessões entram como analgesia e relaxamento muscular”, comenta Idiane.