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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

GENTE DO SUL

Do ponto com agulha e linha ao bolo no pote

Oficina de produção de alimentos abordou a preparação de bolo no pote e contou com lições de empreendedorismo. Foto: Divulgação/Sebrae.

Por Gente do Sul – o crochê tem sido usado para atividades com deficientes visuais por contribuir com as funções cognitivas, de percepção e coordenação. Desde que aprendeu a técnica, a Maria sentiu recuar as dores que tinha nas mãos, melhorou a memória e, claro, a autoconfiança.

A criação das peças fez parte de um projeto implementado pela Aracap, a associação criada por professores do CAP com o objetivo de expandir a atuação e conseguir parcerias. Os alunos participam de oficinas com aulas práticas e didática personalizada que vão além de ensinar a dar o ponto com agulha e linha. “O impacto dessas atividades para a vida dos participantes é gigantesco. Desde premissas básicas como o asseio pessoal, a convivência com os colegas e, principalmente, a autonomia dentro e fora de casa, porque pra vir para a oficina muitos se encorajaram em pegar um ônibus e andar pela cidade, apesar dos desafios das nossas calçadas”, avalia Lia Mara Soster, coordenadora do CAP.

Junto das oficinas de crochê, outro projeto envolveu a elaboração de receitas. Já pensou como um cego sabe o que é uma pitada de sal, se o ovo está bom pra consumo, o ponto de massa, como acertar a temperatura do forno? Tudo isso foi ensinado, de uma forma adaptada, para os quase 20 participantes da atividade. A ideia também é combater essa noção capacitista e ir além, permitindo que deficientes tenham independência para fazer e – por que não? – empreender.

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“Ter conhecimentos sobre gestão, custos de produção, entre outros, vai ajudá-los a avaliar oportunidades e fazer as melhores escolhas. E isso é fundamental nesse caminho que eles estão trilhando de, futuramente, abrir o próprio negócio e comercializar os alimentos que produzem”, avalia a consultora do Sebrae/PR Claudineia Cabral. O serviço foi um dos parceiros nos dois projetos, ministrando workshops voltados ao empreendedorismo para os crocheteiros e confeiteiros. 

“Se enxergasse, não teria feito tudo o que fiz”

Junto do Sebrae, várias instituições e empresas participam dessas atividades, que são viabilizadas por meio do Fundo Social do Sicredi. Nos dois últimos anos, a Aracap montou a proposta, inscreveu o projeto e foi contemplada com recursos da iniciativa social da cooperativa Sicredi Iguaçu. O dinheiro é usado para contratar os profissionais que vão ministrar as oficinas, comprar material, utensílios e ainda confeccionar itens necessários para as atividades.

A Lia torce para que a parceria entre a entidade e a cooperativa continue – neste ano, um novo projeto foi inscrito – e a Maria também, pois ainda quer resgatar um antigo sonho de aprender a tocar violão.  “Eu já enfrentei algumas batalhas bem difíceis. Primeiro a cegueira, depois perdi o meu companheiro de uma vida, mas fui em frente e hoje tenho meu cantinho, estudo, tenho um monte de medalhas do goalball e das corridas, faço meus tapetinhos e viajo. Penso que se eu tivesse enxergando talvez não teria feito tudo que fiz até aqui e o que ainda vou fazer”, finaliza.

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