
Por Alexandre Bággio – Ao fazer exames de rotina, em 2017, a bombeiro Fernanda Savariz, de Dois Vizinhos, descobriu que estava com uma lesão no colo do útero. Tudo estava tranquilo e ela marcou a retirada da lesão, entretanto, quando iniciou o protocolo para a cirurgia, veio outra surpresa: ela estava grávida e teve que decidir entre fazer o procedimento e interromper a gestação ou seguir grávida e correr o risco de desenvolver um câncer. Ela nunca teve dúvidas. “É muito importante fazer os exames periodicamente. Isso fez com que eu descobrisse a lesão cedo e, normalmente, isso facilita o tratamento. No meu caso, quando era para eu operar, descobri que estava grávida do Rafael. Então, entre abortar ou correr o risco e deixar a lesão se agravar, optei pela gestação, juntamente com meu marido Ricardo. A lesão se agravou um pouco e, três meses depois do nascimento do meu filho, eu precisei fazer a retirada total do útero, além de quimioterapia e radioterapia, porque já era câncer. Em nove meses, a lesão evoluiu para um câncer. Foi muito rápido. E já tinha metástase”, lembra Fernanda.
Abortar nunca foi uma opção. “Eu só pensava nos meus filhos (Fernanda também é mãe da Bia). Era um sonho ter dois filhos e, quando descobri que estava grávida, eu não tive dúvidas. O médico falou que a lesão poderia se agravar, mas a gente queria os dois, pensamos que ia dar tudo certo e quando o médico me falou do câncer eu mantive o pensamento positivo. Já sabia que poderia acontecer e que eu ia tratar e resolver. Deu tudo certo. O tratamento, apesar das dificuldades, deu certo, e eu lembro muito bem que os meus filhos estavam lá, todos os dias, para me receber quando eu estava tratando. Eu me mantinha focado neles e eles me davam força”.

Como se tornou bombeira?
Fernanda cresceu no interior de Dois Vizinhos, na comunidade de Santa Cruz, e é formada em ciências contábeis. A paixão pelo Corpo de Bombeiros veio depois que ela terminou o ensino superior. “Eu comecei a fazer vários concursos e apareceu o de bombeiro. Eu me joguei, mesmo sem saber muita coisa sobre a carreira. Logo depois que passei, visitei a corporação, vi o que eles faziam e me encontrei na profissão. Eu sempre falo para as pessoas nunca desistirem dos seus sonhos. Às vezes a gente acha que não dá pra chegar lá, que é difícil ser bombeiro, ser policial; muitas vezes, as mulheres pensam que não vão conseguir. Eu sempre lembro que, na hora que você está nos atendimentos, a adrenalina, a vontade de ajudar não vão deixar você desistir. Vale o esforço. Venham, conheçam a corporação, é muito legal nosso serviço”, conclui Fernanda.