“Pessoa especial”, comemorou com seu clã de 51 pessoas e mais convidados.

Uma grande e bela festa marcou a comemoração dos 90 anos da pioneira beltronense Lida Lunardi Sanderson, sábado, no Santa Fé Clube de Campo. Perto de 300 pessoas, entre elas as 51 que formam a família iniciada pela aniversariante e o marido Nelson Sanderson (5-9-1926 a 29-7-2000), que casaram em 9 de fevereiro de 1952.
Das 11 da manhã, quando começaram a chegar os convidados, formando grande fila para as fotos com a aniversariante, até as 15 horas, quando foi cortado o bolo, muita movimentação, com desfile das famílias, vídeos, discursos, além do momento para o almoço. Também teve uma celebração, com o padre Firalen Vianney Ngantung (indonésio que chegou na cidade há dois anos), da Paróquia São José da Vila Nova. Entre os presentes, estavam dois irmãos da aniversariante: Olavo, de Porto Alegre, e Lezita, de Camboriú. Da Austrália, veio a filha Leane.
O vídeo contou a história da família Lunardi desde a imigração da Itália, no século 19. Filha de Albina e André Lunardi, Lida nasceu em Xaxim, SC (21-6-1935), e estudou até completar o ginásio em Porto Alegre. Contrariando a vontade dos pais, que tinham boas condições financeiras e não concordavam com o casamento, casou com um mecânico, Nelson Sanderson, que foi o primeiro a vir para Francisco Beltrão em 1953. Seis meses depois, ele voltou a Xaxim para trazer a esposa e a primeira filha, Lea. Em Beltrão nasceram André, Leane, Sandra, Silvania e Nelson Júnior, todos presentes na festa dos 90 anos da mãe.
Em Beltrão, dona Lida recebeu convite para lecionar, pois naquele tempo eram poucas as pessoas que tinham a escolaridade dela. Mas Lida preferiu ajudar o marido na Mecânica e Posto de Molas Sanderson, que está hoje com 72 anos, sendo a empresa mais antiga, das que estão em atividade, em Francisco Beltrão.
Nos discursos, a filha Silvania destacou a energia de sua mãe, considerada “uma pessoa especial”. Desde quando eles eram crianças e ela, após um dia de muito trabalho, ainda ajudava os filhos em suas tarefas escolares, à noite. E até hoje, embora não cumpra mais expediente, dona Lida acompanha o andamento da empresa.
“E ela continua cheia de energia, para receber os parentes, para esta festa, quis ajeitar toda a casa”, disse Silvania.
O filho André, popular Mano, agradeceu a presença de todos, afirmou que “se tem uma família que gosta da família, é a nossa”. E enalteceu o papel das mulheres na construção da cidade. “Francisco Beltrão é Francisco Beltrão por causa das mulheres que vieram com seus maridos e assumiram a responsabilidade de cuidar de suas famílias.” Junto com a mãe, Lida, Mano citou Elena Gaglioto, que estava presente (e continua dando expediente em sua empresa) e Olinda Daros. “Elas compartilharam com seus maridos a força de ficar aqui e fazer a Francisco Beltrão que é hoje.”
Mano concluiu, dirigindo-se a dona Lida: “Eu não sou aquele filho que fica sempre dizendo pra ela tudo de bom, eu sou do meu jeito, sou aquele filho que diz tá feio, ou tá bonito, mas, no fundo do coração, eu sou aquele filho que ama a senhora”.
Hortênsias no calvário
Mano citou o primeiro colégio particular de Francisco Beltrão, o Glória, que era de mulheres; citou a participação delas nas empresas, entre outras realizações marcantes da formação e desenvolvimento local, que tiveram participação decisiva das mulheres. Uma dessas participações, lembraram convidados, foi na construção da Via Sacra do Morro do Calvário, nos anos 60. Elas que plantaram as hortênsias, ao longo do caminho.
Uma dessas mulheres, presente na festa dos 90 anos de dona Lida, é Lourdes Alice Fregonese. “Eu ia com meu carro pra levar as mudas que a gente pegava nas casas que tinham hortênsias no jardim, a dona Lida, a Terezinha Scalco, a Leci Meurer, a Maria Sabadin, a Laura Trentin, mais funcionárias da Indústria Fregonese, a mesma turma que depois trabalhou na construção da igreja de pedra [Santa Catarina, do Industrial]”, relatou dona Lourdes, que na festa dos 90 anos da amiga Lida também recebeu cumprimentos pelo seu 92º aniversário, transcorrido três dias antes, 18 de junho.