(Folhapress) – O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que se a Rússia tivesse sido punida quando anexou a Crimeia, em 2014, a guerra atual, que está em seu 36º dia, não teria acontecido.
“Temos que corrigir esses erros horríveis, e corrigi-los agora”, disse o ucraniano num discurso ao Parlamento da Austrália.
Para Zelenski, a resposta que a comunidade internacional dá agora à ofensiva de Moscou — que ele considera branda e insuficiente — pode ser determinante em possíveis conflitos futuros.
“Se não paramos a Rússia agora, se não responsabilizarmos a Rússia, alguns outros países do mundo que estão ansiosos por uma guerra semelhante contra seus vizinhos decidirão que essas coisas também são possíveis para eles”, afirmou. “O destino da segurança global está decidido agora.”
Embora não tenha mencionado nenhum país em específico, a declaração pode ser interpretada como um alerta sobre a posição da China em relação a Taiwan.
A tese ganha força a partir de dois fatores: o fato de que Zelenski aposta no uso de referências históricas do passado e do presente dos países que o recebem e a postura recente dos seus interlocutores na ocasião. A Austrália tem vivido uma série de embates em várias frentes contra Pequim e vem expressando preocupações sobre a linguagem cada vez mais agressiva usada pelo regime de Xi Jinping contra a ilha que a China considera uma província rebelde.
Turquia mediadora
Equilibrada entre o apoio à Ucrânia e os laços com a Rússia, a Turquia se tornou agora o palco das negociações para um acordo de paz entre os dois países. Ontem, 31, o presidente do País, Recep Erdogan, conversou com Zelesnki.
Em um comunicado emitido pelo governo turco após o telefonema entre os líderes, Erdogan teria reforçado a sugestão de que os dois presidentes se encontrassem em seu território e dito ainda que, no país, as negociações deram um “impulso significativo” para por um ponto final na guerra, ainda que essa perspectiva ainda pareça distante do horizonte real.
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que Putin estaria “se isolando” e teria demitido e colocado em prisão domiciliar alguns conselheiros. O líder norte-americano, no entanto, não citou qualquer evidência para embasar suas alegações.
Essa é mais uma de uma série de acusações que Biden tem feito contra o líder russo, a quem já chegou a chamar de “ditador” e disse que não podia mais continuar no cargo de chefe de Estado.