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Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Isabela tem paralisia cerebral e começou a estudar na Escola Madre Boaventura

Ela conta com uma professora de apoio.

Isabela estuda no Infantil 5, na Escola Madre Boaventura. Na foto, com a mãe Kélli, no primeiro dia de aula. Foto: Kélli Steinheusen.

Por Leandra Francischett – A família de Isabela Steinheusen Sonaglio, 5 anos, faz questão de inseri-la no ensino regular; apesar das limitações que a paralisia cerebral lhe impõe, seu desenvolvimento surpreende a cada dia e é observado um grande potencial, principalmente através de estímulos como o convívio social com outras crianças da mesma idade. Kélli Steinheusen, sua mãe, conta que ela entrou numa escolinha da rede particular com 1 ano e 1 mês, até o início da pandemia. Devido aos riscos, ela passou os últimos dois anos em casa.

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Ano passado, ela completou 4 anos, que é a idade para entrar na escola regular. “O neurologista, que fez a indicação e o pedido do professor de apoio, disse que seria muito bom para ela frequentar a escola regular, até pela socialização e estímulos. É necessário que ela tenha um professor de apoio, devido suas limitações motoras, porém o cognitivo preservado. A Isabela ainda não fala, mas se comunica de forma alternativa, principalmente com os olhos, que se faz entender com piscadinhas.”

No começo, Kélli relutou em matricular Isa, pois ouvia muitos relatos de discriminação e até mesmo falta de entendimento acerca das diferenças. “Não tenho nada contra a educação especial, mas existem casos, assim como o da Isabela, em que ela não é indicada, e acima de tudo deve ser uma decisão tomada pela família e profissionais que atendem a criança acerca da recomendação e indicação sobre as necessidades que cada um tem.”

Escola Madre Boaventura

Isabela foi matriculada na Escola Madre Boaventura, no Bairro São Miguel. Para tanto, Kélli fez um protocolo, descrevendo todas as necessidades da pequena, com detalhes a respeito de comportamento, posicionamento, alimentação e até higiene. “Eu solicitei junto à escola e Secretaria de Educação a contratação da professora de apoio, foi quando começamos a enfrentar a dificuldade que muitas mães do nosso município têm encontrado, pois não está tendo profissionais suficientes para atender a demanda. Foram aproximadamente dez meses de espera.”

Na última semana, a Prefeitura contratou Ana Carla Locatelli, formada em Pedagogia, com pós em Psicopedagogia, como professora de apoio da Isabela, para acompanhá-la nas atividades escolares. Isabela faz uso da cadeira de rodas. “Na cadeira tem uma mesa de atividades que funciona como carteira e ela vai fazer o uso da cadeira durante as aulas, devido ao melhor posicionamento e conforto durante as aulas, juntamente com a professora de apoio, porque a paralisia cerebral dela é tetraplégica, então ela não tem coordenação das mãozinhas e vai precisar da ajuda da professora.”

Acessibilidade

A Escola Madre Boaventura conta com acessibilidade, tendo rampa no acesso às salas de aula e na quadra, o restante é térreo. No refeitório, foi organizado um lugar onde a cadeira da Isa chega perto da mesa. Segundo Kélli, falta apenas um trocador no banheiro, porque a idade escolar não é para crianças que ainda usam fralda e no caso da Isa é porque ela tem deficiência.

Mas já foi feito pedido junto à Prefeitura e isso será providenciado no decorrer dos próximos dias. Cleunice Aparecida da Luz, diretora da escola, comenta que a instituição tem também como aluno especial o David, que tem dificuldades com mobilidade. Ele está no 1º ano e este é o terceiro ano que estuda nesta escola. Quanto à chegada de Isabela, Cleunice é otimista: “Está sendo um aprendizado, porque tenho 28 anos de profissão e nunca tive em minhas turmas crianças com dificuldades que a Isa tem, porque o professor não é preparado para isso. É na prática que a gente vai aprender a lidar. É quando realmente entende como funciona.” Ela acrescenta: “Para as crianças está sendo lindo, elas receberam a Isabela com curiosidade e querem ajudar o tempo todo”.

Isabela foi uma surpresa positiva

Juliana Blange Cavalheiro, pedagoga, destaca que a inclusão da Isabela está sendo “maravilhosa e nos surpreendendo”. A equipe pedagógica fez com que ela se sinta acolhida e inserida de forma natural às rotinas e métodos de ensino. “Estamos procurando compreender as individualidades da Isa, dessa forma é possível encontrar maneiras mais favoráveis para promover o crescimento socioemocional dela. Desde o primeiro dia de aula, a Isabela foi muito bem recebida por todos na escola, mas o que mais marcou foi o momento que ela entrou pela primeira vez na sala de aula, foi muito emocionante, os colegas da Educação Infantil 5 receberam a Isa de braços abertos e com todo amor do mundo.”

Boa recepção dos colegas

No primeiro dia, Kélli sentou no chão com a Isa no colo e teve uma roda de conversa, onde ela contou sua história. Juliana afirma: “Todos estavam dispostos a acolhê-la e ajudar no que fosse necessário. Sem palavras para expressar esse momento que marcou muito meus 24 anos de profissão. Inexplicável a conexão da Isa com os colegas, ninguém quer faltar na escola para poder ajudá-la. Com seu sorriso contagiante a Isabela trouxe mais alegria para nossa escola, os colegas levarão para a vida lições do convívio com Isa”.

Juliana destaca que, ao poder ingressar no ensino regular, o maior ganho de uma criança com necessidades especiais é a interação com os demais alunos. “Ela amplia suas referências, ganha uma nova visão de mundo e consegue interagir com diversas pessoas. Na escola, Isabela vai contar com atividades e ferramentas desenvolvidas para ela, tornando o processo de aprendizagem mais efetivo e desenvolvendo seu potencial.” Samara Profeta Paes, professora regente, ressalta que a Isa é uma criança muito alegre e a sua chegada está sendo um desafio, porém positivo, porque é um aprendizado para todos.

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