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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Mais de 90% das pessoas estão infelizes com o trabalho

Cruzamento de dados traz informação alarmante sobre insatisfação dos profissionais no mercado de trabalho.

A pesquisa, realizada em 2017, aponta que 36,52% dos profissionais estão infelizes com o trabalho que realizam.

A pesquisa, realizada em 2017, aponta que 36,52% dos profissionais estão infelizes com o trabalho que realizam.

Foto: Creativeart – Freepik

O primeiro emprego de Edson Stumpff foi aos 11 anos, como serralheiro, na empresa de seu tio, pra ajudar no sustento da casa, mesmo sem ter salário, pois desta forma a família não precisava pagar uma outra pessoa. Depois de 25 anos neste ramo, sendo 14 de carteira assinada, ele se diz insatisfeito, porque este trabalho está prejudicando sua saúde. “No momento estou tentando alguma vaga na área de motorista, mas não está fácil, por causa da crise, mas uma hora dá certo”, comenta.

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O índice de insatisfação e infelicidade no ambiente corporativo está alto. Pelo menos é o que aponta uma pesquisa realizada por Fredy Machado através do aplicativo Survey Monkey e que faz parte da obra – “é possível se reinventar e integrar a vida pessoal e profissional”, lançado recentemente pelo selo Benvirá, da Editora Saraiva. A pesquisa, realizada em 2017, aponta que 36,52% dos profissionais estão infelizes com o trabalho que realizam e, 64,24% gostariam de fazer algo diferente do que fazem hoje para serem mais felizes. Esse estudo revela uma realidade preocupante hoje no mercado de trabalho e algo precisa ser feito para mudar esse cenário, alerta o autor.

Foram pesquisados mais de 300 profissionais, de 21 estados brasileiros e 14 países representados tendo 18 brasileiros expatriados com faixa etária entre 26 e 60 anos de idade.

 

Mundo corporativo causa depressão
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão no mundo corporativo será a segunda principal causa mundial de afastamento de profissionais no mundo até 2020. No Brasil, estima-se que 5,8% da população tenha a doença. A Previdência Social registrou, em 2016, o afastamento de 75,3 mil trabalhadores por causa de quadros depressivos —37,8% do total de licenças por distúrbios psíquicos. O país é o quinto em número de casos. As empresas hoje gastam R$ 206 bilhões anualmente com a depressão de colaboradores.
Melissa Faust, especialista em recursos humanos e consultora empresarial, esclarece algumas questões.

JdeB – Como ser feliz no trabalho?
Melissa Faust: É fato que o mercado de trabalho é reflexo de um sistema educacional precário. A maioria das pessoas não tem acesso a oportunidades de ensino e consequentemente de trabalho. Desta forma, a maioria acaba trabalhando conforme as oportunidades que tiveram e não por escolha ou resultado do seu estudo. Fazer o que gosta, trabalhar de acordo com o seu dom, parece um sonho distante. No entanto, é preciso se conhecer, entender quais são suas habilidades, que tipo de trabalho mais lhe traz satisfação e aprender a valorizar a oportunidade que tem. Trabalhar apenas pelo salário resultará em desmotivação na certa. Acredito que para ser feliz no trabalho ele precisa representar mais do que a maneira de pagar suas contas, precisa ter outros pontos positivos que mantenham a motivação: tarefas que gosta de realizar, rotina de trabalho que lhe permita conciliar vida profissional e vida pessoal, oportunidade de aprendizado, oportunidade de fazer novas atividades e criar novos projetos, bom clima de trabalho, entre outros fatores.

Normalmente, os chefes não percebem insatisfações dos funcionários. O que fazer?
Quando se é responsável por uma empresa, as preocupações são tantas que a motivação do funcionário nem sempre é o foco. Mas monitorar a satisfação dos colaboradores é importante inclusive para os resultados da empresa. Todo líder deve acompanhar como está a satisfação de cada membro da equipe, pessoas desmotivadas são mais improdutivas e tendem a gerar conflitos interpessoais. É preciso entender o que cada um espera da empresa, conhecer quais são os fatores de motivação que fazem com que a pessoa continue no trabalho. Quando o líder percebe que a única motivação é o salário, é preciso ajudar essa pessoa a se encontrar, a rever se o trabalho atual tem outros pontos que podem ser valorizados ou é melhor que a pessoa encontre outra oportunidade de trabalho.

As cobranças estão cada vez maiores no mundo corporativo-empresarial. Qual o conselho de vocês diante da cobrança por atingir metas e outros tipos de cobrança?
Assim como a empresa pressiona a equipe por resultados, ela também recebe a cobrança do mercado, da concorrência, e de tudo que é necessário fazer para manter a empresa com saúde financeira. Vejo que o que mais irrita e desmotiva as pessoas é quando sofrem cobrança, mas identificam muitas falhas por parte da empresa e que também atrapalha seu resultado, normalmente por falta de planejamento. Por exemplo, cobrar resultado de vendas, mas quando o vendedor fechou um pedido, este pedido foi entregue atrasado por motivo de falta de produto ou matéria-prima. Uma empresa é uma engrenagem, precisa de muito planejamento para funcionar como deve, para que as metas sejam coerentes e a equipe entenda a importância da cobrança e encare os objetivos como um desafio e não como um fator de estresse. O desafio motiva, o estresse desmotiva.

Passamos a maior parte de nossos dias no trabalho.
Assim como a empresa precisa de planejamento, os profissionais também precisam de planejamento pessoal. Conciliar família, trabalho e estudo é difícil, mas não impossível. É preciso organização, e ter em mente o que é importante e valorizar o que está alcançando. As coisas desandam quando, por exemplo, a pessoa está estudando algo que ela não se dedica o suficiente e não visualiza como este novo conhecimento será aplicado em sua vida agora ou no futuro e como trará melhorias. Trabalhar mais ou menos, estudar para conseguir a média, não fará de ninguém um profissional de destaque. Vamos entender que destaque significa trabalhar no que gosta, conseguir resultados melhores no trabalho e consequentemente resultados financeiros. A maioria não tem educação financeira, não cuida bem das suas finanças pessoais e isso traz um bolo de neve de preocupações e insatisfações. Aprender a identificar prioridades e planejar para viver conforme pode no momento é o primeiro passo para uma vida equilibrada. Vivemos num mundo consumista, onde o trabalhador assalariado tem dificuldade de cumprir todos seus compromissos financeiros com um salário mínimo, enquanto as empresas também enfrentam dificuldades com uma carga tributária alta e que muitas vezes não consegue valorizar os profissionais com uma remuneração melhor. A única saída é o planejamento e a ponderação para manter o equilíbrio.

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