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Francisco Beltrão
segunda-feira, 23 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

Megatendências na aquicultura mundial

Altemir Gregolin é médico veterinário, mestre em desenvolvimento rural e políticas públicas, professor da FGV, consultor e ex-ministro da Pesca. Foto: Divulgação/IFC.

Por Altemir Gregolin – A participação nos principais eventos mundiais do setor de pescado nos últimos 90 dias nos possibilitou olhar de forma mais profunda naquilo que será o futuro da aquicultura nas próximas décadas. Foi enriquecedora a participação na Seafood North América em Boston (EUA), Aquasur no Chile, Blue Economy – Aquaculture Fórum, em Abu Dabhi e na Seafood Expo Global de Barcelona (Espanha).

A participação nas feiras e o contato com as mentes mais brilhantes do setor pesqueiro e aquícola mundial reafirmaram convicções e trouxeram novos elementos sobre as grandes tendências para a aquicultura. São megatendências para a aquicultura, agrupadas aqui em três blocos:

Megatendência mercado: em relação ao mercado, a grande tendência é a ampliação do consumo de pescado, fruto das preocupações com a saúde e qualidade de vida e do aumento da população mundial que deve chegar a 10 bilhões de habitantes em 2050. A FAO estima em aumento de 5 kg/hab/ano até a década de 50, o que significa uma demanda adicional de 50 milhões de toneladas/ano. Além do aumento do consumo, a tendência é a diversificação das espécies consumidas, ou seja, para além do salmão e da tilápia, haverá demanda por novas espécies consumidas, o que é uma boa notícia para um país com a diversidade do Brasil.

Megatendência sustentabilidade e bem-estar animal: em relação aos modelos de produção, a megatendência está centrada na sustentabilidade em seus diferentes aspectos e no bem-estar animal.

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Ou seja, os sistemas de produção devem caminhar em direção de zerar os impactos ambientais na água, solo e ar e devem impactar positivamente o seu meio, assegurando direitos e melhorando a renda e a vida de quem produz.

O bem-estar animal já é a outra exigência de que os consumidores não abrem mão. Bem-estar bi produção transporte e um abate humanitário. Nesta direção, a exigência de rastreabilidade e das mais diversas certificações serão cada vez mais comuns.

Megatendências inovações: em relação às inovações, uma grande revolução está em curso e promete transformar profundamente as formas e os métodos de produzir na aquicultura. A Mega Tendência Inovações tem seu foco na elevação da produtividade, simplificação de processos, redução de custos, redução de esforço de trabalho, eficiência na gestão e adaptabilidade às mudanças climáticas, visando mitigar seus impactos. Esta megatendência contempla:

1) Uso de inteligência artificial, automatização e internet das coisas em todas as etapas do processo produtivo. Alimentadores automáticos programados a partir de parâmetros previamente estudados como temperatura, oxigenação e até o comportamento dos peixes em tempo real. Grandes centrais de alimentação de salmão geridas remotamente permitindo alimentar os peixes a mais de 2 mil km de distância de forma supereficiente.

Aeradores automáticos conectados a sensores permitem otimizar a oxigenação nos tanques com redução de custos.

Câmeras submersas monitoram o comportamento dos peixes, sinais de stress, doenças, interesse em alimentar, etc. A integração de dados utilizando inteligência artificial, com uso de big data será uma grande tendência para a tomada de decisões de forma rápida e assertiva.

2) Na área da genética, uma revolução está em processo com as técnicas de edição genômica, visando espécies mais robustas, mais precoces, com melhor conversão e mais resistentes às doenças;

3) Na área de alimentação os investimentos em inovação são gigantescos. Foco em micronutrientes, visando melhorar resultados e reduzir o impacto no meio ambiente.
E a busca de novas matérias-primas para ração que permitem reduzir os custos de produção, aumentar a eficiência e reduzir a dependência de farinha de peixe. É o caso de ração a vase de algas e insetos.

4) Na área de sanidade e bem-estar animal, o foco está na prevenção de doenças com o uso de vacinas e o desenvolvimento de biossensores que possibilitam fazer o monitoramento do estado de saúde e bem-estar dos animais para antecipar-se à eventos adversos por meio de adoção de medidas sanitárias.

5) Em relação à qualidade da água, a grande tendência é o uso das nano bolhas em substituição aos aeradores.

As nano bolhas resultam da produção de milhões de pequenas partículas de oxigênio diluídas na água, o que garante um ambiente com melhor qualidade para os animais, menos doenças e melhores resultados. É também uma grande tendência o uso de Sistemas de Recirculação (RAS), principalmente na produção de alevinos. Os cursos de produção estão caindo, o que torna mais viável o uso destas tecnologias.

Enfim, compreender as megatendências e considerá-las na tomada de decisões é o caminho para um futuro promissor para o setor e para o nosso País. Mãos à obra.

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