Escala 4×3 e Outras Regalias são aprovadas na calada da noite carnavalesca
Que maravilha! Enquanto você, pagador de impostos, sua a camisa para sobreviver, o Congresso Nacional, em um ato de pura “generosidade” com o próprio bolso, prova mais uma vez quem são os verdadeiros donos do país. Na véspera do Carnaval, quando a maioria dos brasileiros mal consegue pensar em folia, os servidores do Senado Federal foram agraciados com um verdadeiro “pacote de bondades” — tudo pago com o suor do seu trabalho. Esqueça a lógica de qualquer setor privado. O Senado Federal acaba de reinventar o conceito de produtividade, criando a “escala 4×3”: trabalhe três dias e ganhe uma folga. Sim, é isso mesmo! Você entendeu certo. Enquanto o debate sobre uma jornada 6×1 (essa sim, mais próxima da realidade de quem produz de verdade) é “descartada” no Congresso por falta de “viabilidade política”, para os amigos do “trono”, a folga generosa é implementada sem pudor. O colunista da BandNews FM Rodrigo Orengo, direto de Brasília, trouxe a pérola: “Na prática, é isso: trabalha, por exemplo, terça, quarta e quinta e ganha a sexta de folga”. Mas a cereja do bolo, o toque final de desrespeito ao contribuinte, vem a seguir: “O pior dessa história é que, se o servidor quiser vender essa folga, quem paga é o contribuinte”. Ou seja, além de folgar mais, eles ainda podem “vender” essa folga e ter o valor debitado diretamente do seu bolso. É a definição de privilégio levada ao extremo, com seu dinheiro sendo torrado em benesses e regalias sem fim. Não satisfeitos com a nova escala de folgas, os servidores do Senado também foram contemplados com um reajuste de 22% no auxílio-alimentação. Agora, cada um deles receberá um montante de R$ 1.700 mensais para “comer”. Um valor que muitas famílias brasileiras batalham para ter como renda básica. Enquanto a inflação corrói o poder de compra da população, enquanto o salário-mínimo mal garante o básico, a casta privilegiada do serviço público federal segue intocável, criando novas formas de desviar recursos para seu próprio conforto. Este é o “respeito ao povo brasileiro” na prática: uma afronta diária à inteligência e à paciência de quem sustenta essa máquina de privilégios.
*Roberto Ivan Rossatti é jornalista e advogado em Pato Branco