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Francisco Beltrão
sábado, 24 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Para vestir a roupa que quiser

Empreendedora cria marca de moda inclusiva para atender nicho ainda “invisível” para o mercado.

Leandro Czerniaski – Roupa para todos. Esse é o conceito que a empresária Ana Carolina Andrade emprega na Amar.te, marca criada por ela e que atua com moda inclusiva. “Nosso maior desafio é fazer a sociedade entender que inclusão não é para um público segmentado e sim para todos. Não fazemos roupas para pessoas com deficiência, fazemos roupas para pessoas, e uma parcela dessa população tem características diferentes, dentre tantas, pode ser uma deficiência”, define a empreendedora.

Produção das peças é pensada para diferentes públicos, inclusive pessoas que não têm deficiência. Foto: Divulgação.

Para buscar um nicho ainda invisibilizado no mercado da moda, a Amar.te Brand foca em todo o processo, desde a compra até o uso das peças. O site tem tradução em libras e aumento de fonte; nas redes sociais todas as imagens possuem descrição; os tecidos são respiráveis, visando mulheres que ficam na mesma posição o dia todo; etiquetas de silicone para atender quem tem transtorno de processamento sensorial e há identificação de tamanho e cor das peças em braile.

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Esse trabalho vem chamando atenção no Brasil e em outros países. A marca foi apresentada na Inglaterra no desfile London Represents, uma iniciativa de diversidade e inclusão que ocorre durante a London Fashion Week. Por aqui, as peças já estiveram no desfile Maju Convida, organizado pela modelo Maju de Araújo e que ocorreu na 6ª edição do Brasil Eco Fashion Week. Para este ano, está desenvolvendo uma coleção cápsula inteligente, que será lançada no desfile da SB Shop, na Semana de Moda de Londres (LFW).

Inclusão além da roupa
O desenvolvimento das roupas é feito através de parcerias com quem vai usar as peças. Samanta Bullock, uma das 100 pessoas com deficiência mais influentes do Reino Unido, participa desse processo por meio de curadoria da SB Shop. No Brasil, as peças homenageiam as mulheres que atuaram do desenvolvimento e provas dos modelos, como a saia Maiara Barreto e o vestido Eliane.

O conceito “moda inclusiva” vai muito além do que as pessoas pensam, pois ela não é moda para um público específico. Fazemos roupa com tecido mais flexível pensando em pessoas com mobilidade reduzida, ou seja, qualquer pessoa

Essa sintonia com as clientes é a alma do negócio e visa chegar além das pessoas com deficiência. “O conceito “moda inclusiva” vai muito além do que as pessoas pensam, pois ela não é moda para um público específico. Fazemos roupa com tecido mais flexível pensando em pessoas com mobilidade reduzida, ou seja, qualquer pessoa”, cita Ana Carolina. Ela vê esse tipo de moda voltada para um público mais amplo, como idosos ou quem passa por alguma limitação temporária – como após uma cirurgia. “A qualquer momento de nossas vidas podemos vivenciar experiências de deficiência”, completa.

Marca surgiu após guinada na carreira
Apesar do impacto que vem causando, a marca fundada pela empreendedora tem pouco mais de um ano de existência. Surgiu durante a pandemia, quando Ana Caroline largou a carreira como advogada para trabalhar com venda de roupas. Ela percebeu a falta de diversidade neste ramo e foi atrás de informações sobre como desenvolver peças voltadas para pessoas com nanismo, amputados, cadeirantes, cegas…

Hoje, a Amar.te vai além de produzir e vender roupas: é uma empresa que busca evidenciar a necessidade de diversidade e inclusão na sociedade através de palestras e eventos. Um desses momentos foi durante a Expofeira Mulher, evento organziado pela Associação Empresarial de Francisco Beltrão e que trouxe o tema para discussão em um talk show com outras mulheres.

“Minha palestra é direcionada para empresas, mostrando que com poucos recursos é possível incluir; é direcionada às pessoas sem deficiência, fazendo elas pensar em um mundo para todos; e também direcionada para pessoas com deficiência, para mostrar que existem empresas que as veem como consumidoras, escutando e buscando soluções para suas demandas”, finaliza.

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