
Padre Emerson Detoni
Sinal admirável. Foi assim que o papa Francisco definiu o presépio na sua Carta Apostólica, datada de 1º de dezembro de 2019 (a qual usamos como base para essas linhas). E esse símbolo da nossa fé, tal como conhecemos hoje, comemora, neste ano de 2023, 800 anos da sua origem. No natal de 1223, São Francisco de Assis quis representar aquela cena evangélica do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com a autorização do Papa, voltando de Roma, São Francisco se deteve em Gréccio, região do Lácio, província de Rieti, no dia 10 de dezembro daquele ano e pediu a João, um homem daquela terra, que o ajudasse nessa missão.
Tudo foi preparado com muito carinho, e no dia 25 de dezembro as pessoas puderam presenciar, ver, tocar, através de personagens vivos (pessoas e animais), aquele momento ímpar da história da humanidade, a encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sobre aquela manjedoura preparada, um sacerdote celebrou a Eucaristia, demonstrando a ligação que existe entre a Encarnação de Jesus e a Eucaristia que celebramos.
Tomás de Celano, biógrafo de São Francisco, relata que a simples e comovente representação daquele presépio fez com que todos voltassem para suas casas cheios de inefável alegria.
Na verdade, o presépio é uma forma representativa do que encontramos relatado na Sagrada Escritura. É como um evangelho vivo, que serve como verdadeira catequese para as crianças e os adultos. Armar o presépio nos ajuda reviver a história sucedida em Belém. Por isso da nossa insistência, enquanto Igreja, de mantermos viva essa tradição.
Simbologia
O presépio é carregado de simbologia:
a. As estrelas na escuridão da noite apontam para o Menino que vai ser a luz do mundo;
b. A paisagem (animais, montanhas, riachos) anunciam que toda a criação participa da festa da vinda do Messias;
c. A gruta de Belém se opõe ao palácio de Herodes. Nascendo no presépio, Deus inicia uma verdadeira revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados;
d. Os pastores, simples, pobres e até não bem quistos pelas pessoas, tornam-se as primeiras testemunhas da salvação que nos é oferecida. São os mais humildes e pobres que acolhem o acontecimento da Encarnação;
e. Maria e José. A mãe que contempla o seu Filho e O mostra a quantos vêm visitá-lo. E José, o pai adotivo que protege o Menino e sua Mãe;
f. Não estaria completo, assim como não teríamos Natal, sem o Menino Jesus. Por isso na Noite de Natal a imagem é colocada no presépio;
g. Reis Magos. Na festa da epifania, colocam-se os três reis magos. Homens sábios que buscam encontrar o verdadeiro Rei e oferecer os seus presentes: ouro (sinal da realeza), incenso (símbolo da divindade) e mirra (simbolizando a sua humanidade).
Como seria bom, se os pais usassem dessa simbologia para transmitir a fé aos seus filhos. Como seria bom se pudessem na noite de Natal, antes da ceia, fixar-se com a família diante do presépio e contemplar aquela cena, refletir sobre o acontecimento e experimentar a grande alegria de Deus que se nos apresenta assim, num Menino, para ser acolhido nos nossos braços, escondendo naquela fragilidade o seu poder que tudo cria e transforma.
Não busquemos outro Cristo, diferente deste. Toda a vida de Jesus foi revestida de simplicidade. Natal é o mistério do amor de Deus, que se faz pequeno.
Um Feliz e Santo Natal!
Padre Emerson Detoni
Pároco da Concatedral Nossa Senhora da Glória Francisco Beltrão