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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Edição 8.215

30/05/2025

Queijos do Paraná: como o prêmio faz diferença para os produtores do Estado


O concurso, que ocorre de quinta (29) a sexta-feira (30) no Museu Oscar Niemeyer, está na sua segunda edição, mas já vem impactando no trabalho dos queijeiros de todo o Estado. Parcitipantes da primeira edição relatam como o prêmio impactou nas vendas de seus produtos.


Prêmio Queijos do Paraná está apenas na sua segunda edição, mas já tem feito a diferença para os produtores do Estado. O evento, que começou nesta quinta-feira (29) e vai até sexta-feira (30) no Museu Oscar Niemeyer (MON), reúne 107 produtores de todo o Estado. Na competição estão 477 queijos de 76 municípios paranaenses. O evento é promovido pelo Sistema FAEP, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Sebrae-PR, Sistema Fecomércio-PR e Sindileite-PR. 

Concurso Excelência em Muçarela–Edição Pizza, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba
Foto: Geraldo Bubniak/AEN
Concurso Excelência em Muçarela–Edição Pizza, no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A programação reúne palestras, minicursos, degustações e o início do julgamento técnico dos produtos, com destaque para o inédito Concurso Excelência em Muçarela – Edição Pizza. Os vencedores das 21 categorias do Prêmio Queijos do Paraná serão anunciados na noite de sexta-feira (30). O evento também entregará medalhas super ouro e o troféu de melhor queijo do Paraná em 2025, escolhido entre os dez produtos com a nota mais alta.

O prêmio, que iniciou em 2023, já ajudou a mudar a vida dos produtores paranaenses. Com a visibilidade proporcionada pelo selo de qualidade, alguns queijos chegaram a duplicar de valor devido a alta demanda. Entre os produtores, o casal Solange Liller e Ordilei Dufech, de Cantagalo, na região Centro-Sul do Estado, tenta novamente atingir o bom resultado que ajudou a decolar a venda dos produtos coloniais Tia Nena.

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Na ocasião, três queijos produzidos pelo casal renderam a classificação Ouro e outros dois conseguiram a Super Ouro. O critério de classificação é por pontuação: mais de 14 pontos recebe a medalha de Bronze, mais de 16 pontos a Prata, mais de 18 pontos a Ouro e mais de 20 pontos a Super Ouro.

“Depois dos prêmios, o queijo ficou bem divulgado. Hoje estamos com fila de espera para a venda. O concurso ajudou muito a nossa agroindústria a expandir”, relata Odinei. Além dos prêmios, a queijaria do Centro-Sul foi contemplada com uma viagem técnica de 12 dias para a França. “Lá eles trabalham totalmente diferente de nós, é mais com queijos mofados. Então deu pra colher muita informação para mostrarmos aqui”, explica Solange.

A 500 km de distância de Curitiba, Pinhal de São Bento, de 2,7 mil habitantes no Sudoeste, tem o seu queijo representante no concurso, o Queijos Artesanais São Bento. A produtora Cristina Bombonato, que participa pela segunda vez da disputa e já conquistou a classificação Prata, conta que vende cerca de 1.500 kg a 1.800 kg de queijo por mês.

“O prêmio promoveu o município que muitos não conheciam”, relata. “Minha cidade é muito pequena, tem em torno de 3 mil habitantes, só com ela eu não sobreviveria. Hoje, vendo em outras cidades como Cascavel, Francisco Beltrão, Pato Branco, Santo Antônio do Sudoeste, Realeza, Santa Izabel do Oeste e Foz do Iguaçu”.

O produto de Cristina faz parte da Rota do Queijo Paranaense, roteiro turístico que visa divulgar e promover a produção de 29 queijarias artesanais do estado. Na comunidade de São Bento, são quatro tipos de queijos disponíveis para degustação: colonial, coalho, provolone e mussarela.

O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, com 4,4 bilhões de litros ao ano e 12 milhões por dia. “Pretendemos, no futuro, ser um grande player de fornecimento de lácteos para o mundo, como é carne de frango, suínos, bovinos”, projeta Ronei Volpi, presidente do Prêmio Queijos do Paraná.

EXCELÊNCIA EM MUÇARELA – Um dos momentos mais esperados do Prêmio Queijos do Paraná foi o julgamento técnico da primeira edição do Concurso Excelência em Muçarela – Edição Pizza, realizado na cozinha-escola do Museu Oscar Niemeyer. A avaliação contou com a participação de 11 jurados que analisaram a elasticidade e o derretimento do queijo.

Com 28 municípios, 37 queijos foram selecionados para a análise. A avaliação envolve diferentes etapas, começando pela análise sensorial do queijo in natura – cor, textura, aroma e sabor. Em seguida, os jurados testam as características tecnofuncionais, fundamentais para o desempenho da muçarela na pizza.

“Analisamos propriedades como elasticidade, derretimento e a quantidade de gordura que sobe à superfície durante o assamento. O ideal é que o queijo estique de forma equilibrada, sem excessos ou falhas, e que tenha uma boa distribuição de umidade”, explica o coordenador do concurso, Antonio Fernandes, professor na Universidade Federal de Viçosa (UFV). O nível de umidade, segundo ele, impacta diretamente na crocância da massa e até na sonoridade do corte.

Após essas etapas, os queijos são degustados já sobre a pizza, assada em temperatura controlada. A coloração após o forno também é observada com rigor, assim como a formação de bolhas, importantes se forem pequenas e uniformes, e a qualidade do fio formado ao cortar a fatia – um dos principais critérios na experiência sensorial de consumo.

O corpo de jurados foi composto por profissionais de diversas áreas, incluindo o especialista italiano Guglielmo Portelli, com formação na Cornell University, nos Estados Unidos, referência mundial em estudos sobre queijos. “Essa diversidade de experiências ajuda a validar os critérios de excelência adotados. Cada jurado é independente e avalia quesitos como fatiabilidade, ralabilidade, sabor e textura”, explica o coordenador da atividade, reforçando o papel do Paraná como referência nacional em qualidade e inovação no setor queijeiro.

APOIO – A contribuição do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) tem feito a diferença no bom resultado dos queijos do Estado, em especial dos pequenos produtores. O casal Solange Liller e Ordilei Dufech que o diga. “O ‘culpado’ dos bons resultados que alcançamos foi o IDR. A gente tinha um nutricionista que dava orientação sobre as vacas de leite. Aí ele incentivou e orientou para industrializar a nossa produção”, explica Odinei, que comemora a alta venda de seus produtos coloniais na região de Cantagalo.

O Instituto de Desenvolvimento Rural possui um corpo técnico que contribui no avanço científico de pequenas produções. O auxílio vai desde a formulação da dieta dos animais, feita com zootecnistas e veterinários, até a parte de  tecnologia, comercialização e regularização dos processos de produção.

“Muitas vezes os pequenos produtores têm a necessidade de fazer queijos diferentes, querem fazer como a bisavó fazia, e acabam não se enquadrando na lei. Então nós ajudamos eles a se adequarem, junto com o diálogo com os órgãos de fiscalização”, explica Fabiola Borba, extensionista e engenheira de alimentos do IDR-Paraná.

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