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segunda-feira, 23 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

Seminário de movimentos sociais avalia os 30 anos da Cresol

O seminário reuniu muitas lideranças, teve muitas lembranças e renovação do trabalho para o futuro. Foto: Ligia Tesser/Assesoar.

A instituição financeira cooperativa Cresol está comemorando 30 anos. A celebração será dia 24 de junho, terça-feira, em Francisco Beltrão. A cooperativa nasceu em Beltrão em 1995 – a primeira central – e as duas primeiras foram criadas em Marmeleiro e Dois Vizinhos. Na sequência, a Cresol se espalhou pelo Paraná e para outros estados, surgindo novas cooperativas singulares e outras vindo a aderir ao sistema. Hoje o sistema cooperativista conta com três centrais em Francisco Beltrão, Chapecó (SC) e Passo Fundo (RS), mais de um milhão de cooperados e dez mil colaboradores.

Quarta-feira, 18, na Assesoar, em Beltrão, aconteceu o Seminário Estratégico 30 anos Cresol, de avaliação, proposição e encaminhamentos. Participaram dirigentes de movimentos sociais – associações, sindicatos, da Assesoar –, entre outros. Entre as presenças, o presidente do sistema Cresol, Alzimiro Thomé, do primeiro presidente da Cresol, Assis do Couto, do advogado Arni Hall e de Christophe de Lannoy, incentivadores da fundação da cooperativa.

Crescimento junto com o Pronaf

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Vanderley Ziger, secretário nacional da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que também presidiu a central da Cresol em Beltrão, não pôde comparecer, mas enviou um vídeo que foi exibido durante o seminário. “Celebro junto esses 30 anos de caminhada de uma organização que nasceu na base da agricultura familiar, dos assentamentos rurais, que teve durante a sua história e a sua trajetória, um processo histórico de crescimento e de organização a partir dos movimentos sociais que vieram antes do cooperativismo. Quero fazer aqui um destaque ao sindicalismo, às ONGs, às organizações de base, à CPT, e tantas outras que contribuíram para que pudessem nascer no bojo da agricultura familiar, no Sudoeste do Paraná, essa experiência tão exitosa do cooperativismo com interação solidária. É bem verdade que o sistema se expandiu. E nós fomos acompanhando esse crescimento e a expansão da cooperativa em diversos territórios, estados, e hoje ela tem atuação em nível nacional. Esse crescimento se deu também a partir do próprio Pronaf. O Pronaf nasceu praticamente no mesmo ano de criação da Cresol. Isso, obviamente, que fortaleceu e avançou-se com o crédito rural do Pronaf através das cooperativas, porque os bancos, historicamente, não atendiam os produtores familiares.”

Articulador da criação

Assis do Couto, ex-presidente da Assesoar e primeiro presidente da Cresol, lembrou brevemente como surgiu a cooperativa. “Eu comecei na Assesoar em 1985, 86, já faz quase 40 anos, fui presidente da Assesoar, coordenei o fundo de crédito rotativo, quase todos os convênios assinados com o [Fundo] Misereor, na Alemanha, têm minha assinatura, acho que foram seis convênios, e em 1993 venceu o meu mandato na Assesoar. Aí a Assesoar disse: “Olha, você deveria ficar aqui, nós queremos que você fique coordenando o Fundo Rotativo.’”. E aí eu passei a ser funcionário da Assesoar por pouco tempo, três anos, até 96 quando fui dirigente e presidente da Central da Baser [da Cresol]. Então, foi nesse período, de 1993 a 1995, 96, que eu dediquei o meu trabalho na coordenação do Fundo Rotativo e na coordenação da criação do Sistema Cresol. Falo isso porque eu estou escrevendo um pouco essa história, essa memória que é mais importante do que a história, a memória é muito mais importante do que a história. Eu tenho revirado muito os documentos da Assesoar, dos sindicatos nesses últimos tempos e encontro lá a proposta na ata da Assesoar, no final de 1992, e depois no início de 93 quando me contrataram para esta função. E depois também a ata de fundação da Cresol Baser, onde eu fui presidente por quase dez anos. É um momento de refletir sobre isso. Por que criamos? Quem criou a Cresol? Qual a missão que a Cresol tinha na época e se ela está cumprindo hoje essa missão? E se no futuro esta estratégia adotada pela Cresol é ou não sustentável? Porque nós não criamos a Cresol para 30 anos. Criamos ela para centenas de anos, como fizeram os europeus com as suas cooperativas.”

Assis lembrou, também, do engenheiro agrônomo Christophe de Lannoy, que atuava na Cresol, e do cooperativista Valdemiro Kreuch, de Santa Catarina, de Adriano Michelon, atualmente diretor da Central Cresol Baser, sediada em Beltrão, que atuava como contador, e Leonir de Campos, responsável pelo setor de sistema de informática, e mais a Angela, que começaram a atuar na pequena central.

Seminário estratégico

Inácio Werle, presidente da Assesoar, comentou que “nós consideramos a Assessoar como a entidade-mãe, porque nós vamos estar comemorando 60 anos ano que vem, e dentro da Assesoar, dentre tantas lutas, uma delas foi o pensar o crédito rotativo, a partir daí a criação de uma cooperativa. Uma cooperativa para tornar isso uma legalidade junto aos nossos agricultores da época, às nossas entidades que tanto lutavam para que pudéssemos ter condições de manter as nossas famílias, os nossos jovens no campo com dignidade, produzindo alimento, fazendo com que possamos ter aquilo que é o principal na mesa de todo cidadão, seja do campo ou da cidade. Então, esse seminário é estratégico. Por que ele é estratégico? Porque como a Cresol nasce dentro da Assesoar, dentro da luta das entidades, depois dos movimentos sindicais, depois várias outras ONGs que se envolvem também e percebem a grande ação que é ter a condição de fazer com que o crédito seja essa ferramenta de desenvolvimento para os nossos agricultores. Então aí começa toda a luta que hoje se completam 30 anos, claro, com sua história, seus altos e baixos, com alguns direcionamentos diferentes que aí estão também, que agora temos que repensar. E daqui para frente, como que serão os próximos 5, 10, 15, 30 anos?

Nome consolidado

Marcelo Possamai, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Francisco Beltrão, destacou o trabalho da Cresol e para os movimentos sociais.” São três décadas muito importantes para o sistema Cresol, para a agricultura familiar, para as entidades em geral. Foi uma aposta lá atrás, lá no início do sistema Cresol, aonde todo mundo duvidou desse sistema, da agricultura familiar, das entidades apostarem num caminho de um cooperativismo diferente, um cooperativismo para a agricultura familiar. E está aí a prova que deu certo. Já são 30 anos da Cresol. Hoje, nós aqui na Assesoar estamos fazendo essa comemoração e também aproveitando para fazer um debate, uma avaliação dessa história desses 30 anos da Cresol no nosso município, na nossa região, hoje já a nível estadual, nível nacional, um nome consolidado da Cresol e ficamos felizes, principalmente como presidente do sindicato dos trabalhadores na agricultura familiar de Francisco Beltrão, entidade que foi uma dos principais idealizadoras também do sistema Cresol, que esteve à frente disso e fazer parte desse momento histórico para nós”.

Momento de relembrar a história

Alzimiro Thomé prestigiou o seminário e enalteceu a iniciativa. “Quero parabenizar a Assesoar por essa grande iniciativa de trazer as organizações que, na época, antes de 1995 já estavam nas discussões de criar uma instituição financeira cooperativa que atendesse, na época, principalmente, os agricultores pequenos e médios, e a Cresol sendo convidada e participando destas discussões. É um momento relembrarmos muito a história. Estamos no meio do aniversário da Cresol, dia 24 faremos a grande celebração com os parceiros de instituições financeiras, governos, com os dirigentes atuais, enfim, mas aqui é o momento de discutirmos a história da Cresol”.  Alzimiro destacou a projeção que a instituição cooperativa alcançou.

“Hoje sabemos que a Cresol é muito importante. Colocou a sua posição a nível nacional, mas sempre é superimportante olharmos de onde nós saímos. Quem estamos atendendo? As nossas bases para melhor podermos atender quem necessita de um serviço financeiro.”

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