
JdeB – A semana que se passou marcou o fim de uma era na Secretaria de Esportes de Francisco Beltrão. O professor Antônio Jacir Gonçalves da Silva, o Kinkas, com 68 anos, se aposentou. Ele ingressou na pasta em 1993, após passar em concurso. Desde então, se destacou pelo trabalho nas categorias de base de futebol. Nomes como os atacantes Jônatas Belusso, do zagueiro Neto e do meio-campista Marcelo Régis, começaram a carreira na escolinha comandada por Kinkas.
Quarta-feira, 1º, um dia após estrear a aposentadoria, ele foi o convidado do “Placar na Web”, da Ação TV. O jornalista e apresentador Everton Leite que, quando criança, também foi aluno de Kinkas, organizou uma homenagem para o professor, com uma série de depoimentos.
Homenagens de amigos, familiares e ex-alunos
Kinkas se emocionou ao assistir ao vivo aos depoimentos enviados por ex-alunos, familiares e amigos. Dos treinamentos enquanto criança, Ronaldo Germano se tornou colega de trabalho, após se especializar na mesma área do amigo. “Um professor da vida. Fez muito pelo esporte de Beltrão e foi uma das minhas referências municipais. Ele me mostrou o lado positivo, como encarar a vida de maneira mais leve e descontraída, sempre vendo o lado bom das pessoas. O coração enorme. A alegria de viver.”
O Secretário de Esportes Almir Hugo Lopes relembrou que os dois chegaram praticamente na mesma época ao Sudoeste. “Temos a mesma idade. Fez muito pelo futebol de Beltrão. Nos respeitamos como profissionais. É uma pessoa maravilhosa, que vai deixar um legado. Seus troféus serão guardados pra sempre aqui na Secretaria. Formou atletas que foram pra equipes profissionais. Que Deus te proteja, abençoe e ilumine. Aproveite a vida.”
O amigo Christiano Mathias, do Dois Vizinhos, declarou respeito e admiração. Já o jornalista Luiz Carlos Baggio afirmou ter se surpreendido com a aposentadoria do colega.
“Ele renderia um livro, um filme, um seriado, porque tem muitas histórias.”
Everton Leite deixou as mensagens dos familiares para o fim do programa e viu o entrevistado se emocionar no estúdio. “Meu presidente, como o chamo. Muita coisa deve passar na tua cabeça depois de tanta dificuldade…conseguiu um nome importante, todos têm carinho enorme por você. Um cara 100% amor. Eu, muito privilegiado por ter treinado contigo e hoje ser teu genro. Aos 16 anos entrei na casa do professor Kinkas pra pedir a Tamara em namoro. É um prazer fazer parte da tua família.”
O filho Thierry Silva, que seguiu os passos do pai e hoje trabalha como preparador físico no Dois Vizinhos Futsal, elogiou a dedicação de Kinkas. “Quer dizer que agora está aposentado, meu pai? O senhor foi o meu primeiro professor, lá com quatro, cinco anos, me levava pros gramados, pras quadras. Me apaixonei pelo esporte que você foi profissional.”
Tamara Régis, filha, disse do orgulho que sente por Kinkas e pediu que ele cuide da saúde para ter longos dias ao seu lado.
O Bar Kinkas Clube
Natural de Campos Novos (SC), Kinkas chegou ao Sudoeste em 1982 para jogar no União. Foi no Anilado que pendurou as chuteiras. Habituado à cidade, permaneceu. Primeiro, trabalhou no serviço público federal. Teve um bar, que o Luiz Carlos Baggio se recorda de situações peculiares, como um juiz de direito que servia de garçom no local.
“O bar se chamava Kinkas Clube. Os amigos atuavam como garçons. Uma vez, quem estava servindo as mesas era o juiz Rosselini Carneiro. Era babunçado, padrão Kinkas de organização (risos). E ele dizia: ‘Isso que é bar de respeito, tem até um juiz de direito de garçom’.”
E agora?
Apesar de desligado oficialmente da Prefeitura de Francisco Beltrão, Kinkas deixou claro que não pretende ficar inativo e já analisa convites para tocar projetos da base em municípios vizinhos. “Pretendo seguir trabalhando com futebol. É do sangue. Não tem como encerrar tudo, mas vou aproveitar bem.”
Na carreira de atleta, além do União, Kinkas defendeu Colorado e Pinheiros, clubes que deram origem ao Paraná Clube. Ele poderia ter se aposentado há dois anos, mas só agora concluiu que era o momento de deixar o trabalho.