Tumor no intestino foi diagnosticado também na cantora Preta Gil. Médico Badwan Jaber explica tratamento.

JdeB – Os casos de famosos com câncer colorretal (intestino) tem chamado a atenção dos brasileiros. Primeiro, foi o rei do futebol, Pelé, 82, que faleceu da doença no dia 29 de dezembro de 2022. Em 8 de janeiro, o maior ídolo do Vasco da Gama, Roberto Dinamite, 68, também faleceu da mesma causa. Na última semana, foi noticiado que a cantora Preta Gil, de 48 anos, tem o mesmo problema.
De acordo com o médico beltronense Badwan Jaber, especialista em cirurgia e endoscopia digestiva avançada, o câncer de intestino, ou de cólon, geralmente é diagnosticado tarde, o que dificulta a recuperação do paciente. Entretanto, essa modalidade de tumor tem uma das maiores possibilidades de prevenção.
“Pode ser identificado precocemente, antes mesmo de se tornar em câncer. Muito antes de termos o câncer, surgem as lesões benignas no cólon, chamadas pólipos que, se não ressecadas a tempo, se transformam na doença ao longo de alguns anos”, explica.
Para Badwan, a falta de atenção do governo impede que vidas sejam salvas e milhões investimentos em tratamentos caros sejam economizados.

Tanto Pelé quanto Dinamite poderiam viver mais, ou com mais qualidade de vida nos últimos anos, caso tivessem seguido a prevenção, aponta o médico. “Deveriam ter feito o rastreamento, que significa procurar lesões precursoras em populações de risco enquanto assintomáticos. Neste caso, deve ser realizado a partir dos 45 anos para a população geral. Em determinadas famílias, com propensão a esse tipo de tumor, o rastreamento é diferenciado e inicia antes. A genética, a dieta — rica em proteína animal e pobre em fibras — e fatores ambientais são os principais envolvidos no desenvolvimento. Os afrodescendentes têm risco maior, também.”
O rastreamento por colonoscopia, além de detectar uma lesão precursora, permite a retirada delas durante o exame, e de forma simples. “Quase a metade dos pacientes acima de 45 anos que realizam a colonoscopia tem pólipos. Um dos indicadores de qualidade desse tipo de serviço é a taxa de detecção de lesões, que deve ser alta, em torno de 40%. Não adianta fazer em locais não habilitados ou que não tenham tecnologia para a detecção e retirada.”
Uma boa notícia é que os tratamentos da área têm avançado, o que tem permitido, por exemplo que, em alguns casos, a cirurgia seja substituída por ressecamentos.
As sociedades especialistas no assunto preparam o Março Azul, uma campanha mundial sobre a prevenção do câncer de intestino.
Inca prevê 44 mil casos novos de câncer de intestino no Brasil por ano

ABr – Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica o surgimento de 44 mil novos casos por ano de câncer de intestino, ou câncer colorretal (intestino), no Brasil, com 70% concentrados nas regiões Sudeste e Sul. “É uma doença muito prevalente. É a terceira. Ela vai perder para câncer de mama, vai perder para câncer de próstata. Em terceiro lugar, vem o câncer colorretal”, disse o cirurgião oncológico Rubens Kesley, coordenador do Grupo de Câncer Colorretal do Inca.
De acordo com o especialista, países desenvolvidos, como os Estados Unidos, tendem a apresentar maior número de novos casos desse tipo de câncer a cada ano. Entre os norte-americanos, que têm população em torno de 300 milhões de habitantes, a estimativa é de surgimento de 150 mil novos casos anuais.
Como o Brasil está melhorando, progressivamente, sua condição socioeconômica, a perspectiva é de expansão de casos. “Há aumento vertiginoso. É uma curva acentuada.”
Rubens Kesley lembrou que, há cinco anos, o Brasil apresentava 25 mil casos novos de câncer colorretal ao ano, e a expectativa para o próximo quinquênio é atingir 80 mil casos /ano.
“De uma maneira mais simples: hoje, são 44 mil e aumentando. E vai subir bastante a incidência nos próximos anos.”