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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Câncer que matou Pelé e Dinamite permite tratamento precoce, mas diagnóstico tardio dificulta recuperação

Tumor no intestino foi diagnosticado também na cantora Preta Gil. Médico Badwan Jaber explica tratamento.

Campanha Março Azul orienta sobre prevenção do câncer colorretal.

JdeB – Os casos de famosos com câncer colorretal (intestino) tem chamado a atenção dos brasileiros. Primeiro, foi o rei do futebol, Pelé, 82, que faleceu da doença no dia 29 de dezembro de 2022. Em 8 de janeiro, o maior ídolo do Vasco da Gama, Roberto Dinamite, 68, também faleceu da mesma causa. Na última semana, foi noticiado que a cantora Preta Gil, de 48 anos, tem o mesmo problema.

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De acordo com o médico beltronense Badwan Jaber,  especialista em cirurgia e endoscopia digestiva avançada, o câncer de intestino, ou de cólon, geralmente é diagnosticado tarde, o que dificulta a recuperação do paciente. Entretanto, essa modalidade de tumor tem uma das maiores possibilidades de prevenção.

“Pode ser identificado precocemente, antes mesmo de se tornar em câncer. Muito antes de termos o câncer, surgem as lesões benignas no cólon, chamadas pólipos que, se não ressecadas a tempo, se transformam na doença ao longo de alguns anos”, explica.

Para Badwan, a falta de atenção do governo impede que vidas sejam salvas e milhões investimentos em tratamentos caros sejam economizados.

Médico Badwan Jaber: “Muito antes de termos o câncer, surgem as lesões benignas no cólon que, se não ressecadas a tempo, se transformam na doença ao longo de alguns anos”. Foto: Arquivo/JdeB.

Tanto Pelé quanto Dinamite poderiam viver mais, ou com mais qualidade de vida nos últimos anos, caso tivessem seguido a prevenção, aponta o médico. “Deveriam ter feito o rastreamento, que significa procurar lesões precursoras em populações de risco enquanto assintomáticos. Neste caso, deve ser realizado a partir dos 45 anos para a população geral. Em determinadas famílias, com propensão a esse tipo de tumor, o rastreamento é diferenciado e inicia antes. A genética, a dieta — rica em proteína animal e pobre em fibras — e fatores ambientais são os principais envolvidos no desenvolvimento. Os afrodescendentes têm risco maior, também.”

O rastreamento por colonoscopia, além de detectar uma lesão precursora, permite a retirada delas durante o exame, e de forma simples. “Quase a metade dos pacientes acima de 45 anos que realizam a colonoscopia tem pólipos. Um dos indicadores de qualidade desse tipo de serviço é a taxa de detecção de lesões, que deve ser alta, em torno de 40%. Não adianta fazer em locais não habilitados ou que não tenham tecnologia para a detecção e retirada.”

Uma boa notícia é que os tratamentos da área têm avançado, o que tem permitido, por exemplo que, em alguns casos, a cirurgia seja substituída por ressecamentos.

As sociedades especialistas no assunto preparam o Março Azul, uma campanha mundial sobre a prevenção do câncer de intestino.

Inca prevê 44 mil casos novos de câncer de intestino no Brasil por ano

Crescimento de casos de câncer no Brasil preocupa especialistas: de 25 mil diagnósticos positivos há anos, expectativa prevê 80 mil pacientes com a doença em 2023. foto: Reprodução/TV Brasil.

ABr – Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indica o surgimento de 44 mil novos casos por ano de câncer de intestino, ou câncer colorretal (intestino), no Brasil, com 70% concentrados nas regiões Sudeste e Sul. “É uma doença muito prevalente. É a terceira. Ela vai perder para câncer de mama, vai perder para câncer de próstata. Em terceiro lugar, vem o câncer colorretal”, disse o cirurgião oncológico Rubens Kesley, coordenador do Grupo de Câncer Colorretal do Inca. 

De acordo com o especialista, países desenvolvidos, como os Estados Unidos, tendem a apresentar maior número de novos casos desse tipo de câncer a cada ano. Entre os norte-americanos, que têm população em torno de 300 milhões de habitantes, a estimativa é de surgimento de 150 mil novos casos anuais.

Como o Brasil está melhorando, progressivamente, sua condição socioeconômica, a perspectiva é de expansão de casos. “Há aumento vertiginoso. É uma curva acentuada.”

Rubens Kesley lembrou que, há cinco anos, o Brasil apresentava 25 mil casos novos de câncer colorretal ao ano, e a expectativa para o próximo quinquênio é atingir 80 mil casos /ano.

“De uma maneira mais simples: hoje, são 44 mil e aumentando. E vai subir bastante a incidência nos próximos anos.”

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