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domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

ChatGPT, ferramenta do momento, pode ser aliado e vilão na educação

O mecanismo usa a gigantesca base de dados da internet para extrair suas respostas.

ChatGPT é baseado em inteligência artificial. Foto: Pixabay.

Por Niomar Pereira – O ChatGPT, robô da OpenAI, é o assunto do momento no mundo da tecnologia. Em recente entrevista para a Forbes, Bill Gates disse que a ferramenta pode ser considerada tão significativa quanto a própria internet ou a evolução dos computadores pessoais. De olho no potencial, a própria Microsoft já investiu R$ 1 bilhão na OpenAI desde 2019. Para não ficar de lado, o Google também prepara seu próprio chat de inteligência artificial, o Bard, que deve concorrer com o ChatGPT.

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O ChatGPT chamou a atenção de todos pela capacidade de responder perguntas complexas de forma bem elaborada, imitando ou até melhor que os seres humanos, como se estivesse reproduzindo um diálogo. O mecanismo usa a gigantesca base de dados da internet para extrair suas respostas.

Nos Estados Unidos, alunos conseguiram confundir professores universitários na hora de entregar trabalhos acadêmicos e todo o sistema de ensino norte-americano já ligou o sinal de alerta. Inclusive, tamanha foi a procura pela ferramenta que ela está temporariamente indisponível a novos usuários.

Como lidar para que os trabalhos escolares não sejam feitos todos pela inteligência artificial? Essa é apenas uma das discussões, dentre as infinitas possibilidades que o ChatGPT apresenta. No Brasil, as instituições de ensino também estão discutindo formas para que a tecnologia seja usada favoravelmente no aprendizado. Uma das alternativas é que os alunos voltem a fazer trabalhos manuscritos ou apresentações orais em sala de aula.

Uso para trabalhos

De acordo com Hernan Vielmo, diretor do câmpus local da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, as novas tecnologias ou recursos digitais são criados buscando melhorar a vida das pessoas. “Especificamente sobre o ChatGPT, pelo que pude observar, o intuito desse recurso é fornecer aos usuários respostas para quaisquer perguntas feitas, com base em todos os conteúdos disponíveis na internet. Para proporcionar isso, é utilizada uma capacidade computacional chamada de Inteligência Artificial (IA). A partir disso, inúmeras são as aplicações possíveis dessa ferramenta.” Contudo, ele observa que justamente por essa capacidade potencial, surgem reflexões e debates quanto à utilização do recurso. Na educação formal, uma das preocupações é a possibilidade de um aluno utilizar essa IA para a realização de atividades acadêmicas (trabalhos, provas, TCC, dissertações, teses, entre outros). “Isso, de certa forma, poderia ser considerado como um engodo, visto que não refletiria a condição real de um aluno frente ao conteúdo produzido ou avaliado. Para ficar mais claro essa situação hipotética, seria o recurso computacional realizando a tarefa e substituindo o pensar humano.”

Instituições de ensino da região estão antenadas

JdeB – Na Universidade Paranaense (Unipar), o diretor Claudemir José de Souza disse que já está em contato com seus coordenadores e o ChatGPT também será discutido internamente, para ver de que forma a tecnologia será aliada do ensino superior.

Rafaela Guancino, professora de hermenêutica jurídica, formas consensuais de resolução de conflitos do Cesul, salienta que num primeiro momento a utilização deste programa e tantos outros que já existem para resolução de trabalhos e produção de textos pode parecer muito conveniente para os acadêmicos, no entanto, comprometem o seu processo de aprendizagem, retirando sua capacidade de raciocínio e fixação do conteúdo. “Isso traz à tona um grande desafio que o nosso atual modelo educacional nos impõe que é ensinarmos o aluno a valorizar o processo de aprendizagem em si ao invés de somente o resultado final.” Marlon Meurer, diretor acadêmico da Unisep/câmpus de Francisco Beltrão, disse que a instituição de ensino também está atenta às tecnologias. “A ideia é tornar os trabalhos acadêmicos mais complexos, mas não, necessariamente, mais difíceis, mas que o processo avaliativo tenha várias fases.” Conforme disse, uma parte do trabalho pelo menos será desenvolvida dentro da sala de aula e acompanhada pelo professor. Outra iniciativa será o incentivo aos alunos de tecnologia para que usem e aprendam com o ChatGPT, usando como uma nova ferramenta de pesquisa. “Já é uma realidade e não tem como a gente fugir desse avanço tecnológico. A principal ideia é que os trabalhos tenham diferentes fases sempre com o acompanhamento do professor e que o ChatGPT seja um aliado e não um obstáculo para que o aluno pense cada vez menos.”

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