Nesta edição vamos contar um pouco da história do camioneiro Claudemir de Souza, que ficou totalmente cego das duas vistas devido à diabete. O camioneiro está muito animado e confiante. Na próxima terça-feira, dia 6, ele vai fazer uma cirurgia no olho direito. O procedimento poderá devolver a sua visão.

Claudemir nasceu dia 18 de outubro de 1971, em Caçador (SC). Com 8 anos já dirigia caminhão, aprendeu com seu pai. Com 16 anos já trabalhava em serrarias, puxando toras do mato. Aos 21 anos começou a viajar como motorista de caminhão. Ele começou com um Mercedes Benz-1113 trucado, amarelo.
Claudemir tem quatro filhos, de dois relacionamentos. Kelvin (29 anos), Claudemir Júnior (19) e os gêmeos Matheus e Mariani (14 anos).
Claudemir descobriu que tinha diabetes com 30 anos. Em 2007 ele estava com seu caminhão câmara-fria carregado em Vilhena (RO). Quando, em uma manhã, assim que levantou, foi funcionar seu caminhão e percebeu que enxergava só a metade dos ponteiros e os números do painel. Esse foi o primeiro sintoma que teve; de longe via tudo perfeitamente.
Naquela mesma semana passando com seu caminhão por Curitiba, parou pra consultar. O doutor que lhe atendeu explicou: por causa da diabete, desenvolveu em seus olhos uma Retinopatia Diabética. Durante a consulta o doutor já fez uma sessão de laser em Claudemir. Daquele dia em diante sua visão foi diminuindo gradativamente. Claudemir trabalhou por mais dois anos dirigindo caminhão.
Sua última viagem foi em 2009, quando estava atravessando sua carreta na balsa que liga Belém pra Manaus. São quatro dias de viagem. Quando concluíram a travessia, Claudemir não consegui mais manobrar, sua visão piorou e muito. Então a empresa enviou outro motorista e Claudemir voltou de avião. Na época ele residia em Videira (SC). Em 2011 Claudemir veio morar em Francisco Beltrão. Ele já havia trabalhado com o caminhão do Vilson Penso e com os Wesling, de Eneas Marques. Não podendo mais dirigir, começou a fazer trabalhos braçais, roçava, rachava lenha, fazia poços e fossas, nunca parou de trabalhar, suas mãos ficaram calejadas. Foram feitas inúmeras sessões de laser, mas não resolvia.
Desde o dia 20 de janeiro de 2020, Claudemir mora sozinho. Hoje ele está em uma peça de 4×4, 16 m². No dia 18 de outubro de 2020, dia do seu aniversário, amanheceu totalmente cego. Ele ficou desesperado, sem saber o que fazer. Claudemir sempre foi muito religioso e com muita fé. Depois de algumas horas conseguiu manter a calma e pôs Deus à frente de tudo. Seu psicológico ficou abalado. Com a ajuda de sua irmã Janete e dos professores Arilson, Rosângela Gambin e Angélica Poli, começou a viver um novo estilo de vida. Foi muito difícil pra superear e se adaptar.
Hoje Claudemir levanta às 6h, faz seus exercícios e, sozinho, prepara café, faz seu almoço, cozinha arroz, feijão, carne e prepara a salada, limpa sua casa, tudo com muita habilidade, vai aos mercados, bancos e farmácias — sozinho!
Faz suas caminhadas no lago do Bairro Industrial e pra chegar até lá usa como base o meio-fio da rua. Ele mesmo se aplica as doses de insulina, também usa três tipos de colírios diariamente. Toda quarta-feira faz aula de violão, e duas vezes por semana estuda no colégio Pedro Algeri, onde faz aulas de informática, mobilidade e Braille.
Como Claudemir trabalhou muito com diesel, perdeu a sensibilidade das digitais, isso prejudica bastante nas aulas de Braille. Mas ele não desistiu. Fez um quadro com os pontos maiores e deu certo. Além da Retinopatia Diabética, desenvolveu Glaucoma e Cataratas.
Na sexta-feira, dia 18 de novembro, Claudemir estava em uma consulta em Cascavel e o médico lhe deu uma ótima notícia: existe uma cirurgia com grande possibilidade de fazer Claudemir voltar a enxergar. Essa foi a melhor notícia que ouviu nos últimos tempos. Mas a cirurgia só é feita no particular.
Maciel, da Educadora, deu um grande apoio
No caminho de volta, Claudemir vinha muito feliz e pensando de como faria para juntar todo o dinheiro. Então ligou para o seu amigo, o Luiz Carlos Maciel, que apresenta o programa Plantão Policial pela Rádio Educadora AM, de Francisco Beltrão, para contar a novidade. Então Maciel imediatamente iniciou uma campanha em seu programa para arrecadar o dinheiro da cirurgia. Claudemir também entrou em contato com os seus amigos camioneiros, companheiros de profissão.
O resultado foi impressionante: em uma semana de divulgação, conseguiu todo o dinheiro da cirurgia.
Durante a entrevista para o Jornal de Beltrão, Claudemir se emocionou e falou que nunca imaginava que tinha tantos amigos assim. Se for citar o nome das pessoas que o ajudaram, vai encher uma folha. O importante é que a cirurgia já está agendada pra terça, dia 6, em Cascavel. Claudemir diz que está muito ansioso. Ele sempre foi um homem honesto e trabalhador, cumpridor de seus compromissos.
Claudemir ganha um benefício. A primeira coisa que faz quando recebe é pagar a pensão dos filhos menores, o aluguel, água e luz. Sobra bem pouquinho. Mas é muito feliz pois tem alguns amigos que sempre lhe ajudam com o que precisa. Seu estilo nunca foi de ficar pedindo nada pra ninguém e sim trabalhar pra ter suas coisas, para ajudar com suas despesas Claudemir vende erva-mate. O lucro é pouco, mas ajuda. Ele vende duas qualidades de ervas: a Giotti e Viola de Ouro.
Você que gosta de um bom chimarrão…
Você que gosta de um bom chimarrão, comece a comprar a erva com o Claudemir. Além de produtos de qualidade, você estará dando uma grande ajuda para ele, que é uma pessoa sensacional. Seu endereço é na Rua Maringá, 1.300, bairro Vila Nova, Beltrão. Todos estão na torcida, que tudo ocorra bem durante a cirurgia, pois seu sonho é voltar a trabalhar com caminhão.