
Por Ivo Pegoraro – A maioria das doenças de pele não são tão graves, mas, no mínimo, incomodam; chegam a baixar a autoestima da pessoa. E podem incomodar muito. O melhor é evitar.
Como evitar as doenças de pele, principalmente quem trabalha em ambientes externos? A resposta a esta pergunta é o objetivo desta reportagem, que é enriquecida com uma entrevista do médico dermatologista Maurício Alves.
Doenças de pele mais comuns são: acne (provoca inflamações), alopecia areata (derruba o cabelo), dermatite seborreia (provoca coceiras), melasma (manchas escuras no rosto, braços e o colo) e psoríase (inflamações crônicas nos cotovelos, joelhos, unhas e couro cabeludo).
Tem ainda o temido câncer de pele. Dependendo da gravidade, pode ser curado com uma simples microcirurgia (já tive um, há mais de dez anos, dr. Maurício retirou numa intervenção rápida, no próprio consultório, e, até hoje, não apareceu mais nenhum). Mas um aparentemente simples câncer de pele pode exigir dezenas e até centenas de microcirurgias, o que passa a ser um caso complicado e dispendioso.
Mãos e rosto sempre protegidos
Dona Cerli Ososki, feirante que reside na Água Branca, Francisco Beltrão, está com 60 anos, sempre trabalhou exposta ao sol e nunca teve doenças de pele. Ela atribui a boa saúde de sua pele aos cuidados que tem sempre que se expõe ao sol, desde que viu a mãe com câncer de pele.
Cerli conta que sua mãe, Inês Ososki, de 88 anos, sofreu muito, e ainda sofre, com a doença. “Até hoje ela faz tratamento. Quando aparece [um novo câncer de pele], tem que tirar. Ela não pode mais ir no sol e nem pode ficar perto do fogão a lenha, o calor irrita.”
A feirante Cerli Ososki afirma que nunca se expõe ao sol sem se proteger com chapéu e camisa de manga comprida. Mesmo no verão? Tem gente que não aguenta o calor e trabalha no sol até sem camisa. Ela ensina: “Pra aguentar no verão, tem que ser uma camisa de cetim, seda ou viscose. Se for algodão, fica muito quente, mas se for uma dessas camisas frescas você não sente o calor”.
E ela conclui com mais uma informação: “Eu sempre me cuidei, porque vi o que a minha mãe passou por não se cuidar, naquele tempo não tinha essa preocupação de hoje. Um pouco que eu me cuido é porque não queria queimar muito a pele. A minha pele, no sol, não fica vermelha, fica preta, daí eu uso camisa pra não escurecer tanto”.
Chapéu grande e protetor solar
Morador da linha Santa Bárbara, em Beltrão, o feirante Romilto Godoi enfrenta o sol há “uns 30 a 40 anos”. Ele usa camisa de manga curta, mas não dispensa um chapéu de abas largas. E se não usar o chapéu, o que acontece?
“O sol me causa uma queimadura no lábio. Queima que parece ter uma brasa, por isso eu uso chapéu, de palha ou de pano, nunca fico sem.”
Na família, tem alguém com doença de pele?
“Sim, o meu sogro, Agenor Galvan”, responde Romilto. “Ele tinha problema de câncer de pele, se tratou no Ceonc [Hospital do Câncer]. É porque ficou muito no sol, tinha pele clara, não usava protetor, imagina, essas pessoas mais antigas não tinham esse negócio de se proteger. Saíam de casa de manhã cedo, voltavam ao meio-dia e logo de tarde voltavam pra roça, e ficavam até que dava.”
A esposa, Ivone Galvan Godoi, informa que, “graças a Deus, aqui em casa só o pai teve câncer de pele, mas a gente sabe que tem muito problema de doença de pele”. Como se proteger do sol? “Geralmente com protetor solar, chapéu e manga comprida. Às vezes, no verão, a gente não usa manga comprida, mas o protetor sempre passa.”
Marcas que ficam nas mãos e braços

Elsa Slongo Chiossi (72 anos), moradora de Itapejara D’Oeste, conta que no seu tempo de roça não se usava protetor solar, mas manga comprida sim. Hoje ela vê diferença na pela de seus braços e das mãos. “Até aqui vinha a manga, tem menos manchas de pele do que na mão”, compara. Já o marido (Delvino Chiossi, 74 anos) não usava protetor nem manga comprida, sua pele é igual tanto nas mãos como nos braços. Felizmente, nenhum dos dois teve doenças de pele.