Estou bem tranquilo para analisar os atos selvagens de Brasília: sempre condenei qualquer tipo de violência, seja de quem for. Talvez quando jovem, no calor das primeiras leituras da história mundial, imaginava, nos meus delírios, que atos violentos ensejariam uma mobilização virtuosa. Não. Atos violentos são covardes e desagregam.
Não se deve depredar as instituições republicanas de Brasília. Escrevo isso bem claramente, como escrevi que não se deveria depredar a Assembleia Legislativa anos atrás, quando aquela turma sindicalista barbarizou o Poder Legislativo por dois ou três dias.
Também me posicionei contra os jovens dos black boks e a tal Mídia Ninja, quando em 2013 atacaram órgãos públicos e privados por algumas capitais do Brasil. Aquelas jornadas tiveram um trabalhador, cinegrafista do Rio de Janeiro, assassinado pelos terroristas. Também fui bastante claro no meu repúdio quando o MST entrava em ação e destruía laboratórios de pesquisa ou exterminava fazendas produtivas.
Por isso, repito, estou bem tranquilo para analisar a insensatez operada em Brasília, o aniquilamento físico de poderes da República, que representam a nossa democracia. Se o PT e seus aliados perderem a eleição de 2026, outro grupo assume o poder. E esse grupo não vai gostar que o pessoal da esquerda faça o que foi feito há dois dias na capital federal. É um raciocínio adulto.
Foi um domingo violento, e que fez que todas as forças democráticas reagissem — forças do Brasil e do mundo, é só ver na internet as capas de jornais de ontem na Europa — com firmeza e em defesa da ordem. Eis o ponto: a democracia, enquanto essência civilizatória, tem de ser defendida por todos verdadeiramente democratas, seja os de perfil mais à esquerda, seja os de perfil mais à direita. E dentro dessa defesa está o respeito aos símbolos da República, à integridade das pessoas e das instituições.
Vamos lá. Para que a defesa da ordem seja claríssima para toda a população — e para as lideranças internacionais que se solidarizaram com o Brasil —, a força legal deve punir os responsáveis pela degradação da capital do país. Simples assim.
E para encerrar, como fica o saldo político de tudo isso? O presidente Lula está fortalecido, depois de uma primeira semana de “bateção de cabeça” com entrevistas atrapalhadas de alguns ministros; o governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) e o bolsonarismo ficam enfraquecidos, assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro.