Ele é o homenageado de hoje com seu nome na Casa de Chás do Bairro Industrial.
A Casa de Chás do Bairro Industrial, com inauguração programada para hoje,13 de dezembro, homenageia um pioneiro que muito contribuiu para o desenvolvimento do município. Dorival Lúcio Fregonese era um homem de grande visão, tanto para o futuro da família como para seus negócios e a comunidade. Quando foi apresentada a proposta de dar seu nome à Casa de Chás, toda a comunidade aprovou.
Gaúcho de Aratiba, procurou, desde jovem, outras oportunidades. Chegou a cogitar sua mudança para Londrina, em 1950, mas a geada que destruiu os cafezais o fez desistir. E em 1953, recém-casado, estabeleceu-se em Francisco Beltrão, onde residiu até sua morte, em 2003.
No início, Dorival era funcionário da empresa Pécoits e Granzotto, mas em pouco tempo tornou-se empresário da madeira, junto com outros industriais que o seguiram, contribuiu decisivamente para dar ao seu bairro o nome de Industrial. Sempre contribuiu com a comunidade, tanto na doação de terrenos para a igreja e pavilhão de festas como participando dos eventos comunitários.
Embora não tivesse muito estudo, gostava de ler e, aos filhos, incentivava-os a buscar formação universitária, o que conseguiu, dos cinco: Vera é mestra em História, Wemilda é médica, Laura é bioquímica, Luiz Carlos e Celso são administradores de empresas.
Quando a atividade madeireira foi sendo reduzida na região, Dorival passou a investir no Mato Grosso, onde seu filho Luiz Carlos continua até hoje. De seus imóveis no Industrial, ele alugou ou vendeu, como o terreno da Unipar, de duas quadras, era todo dele.
Nesta entrevista com a viúva, dona Alice Poletto, acompanhada da filha Vera, tem mais informações marcantes sobre o homenageado neste 13 de dezembro, dia em que Dorival Fregonese estaria completando 96 anos.
Lourdes Alice Poletto é sete anos mais nova que o marido. Filha de Pedro e Carolina Poletto, nasceu em 18 de junho de 1933 e casou com Dorival Fregonese 12 dias antes de completar 20 anos. Veio para Beltrão sem nenhum conhecido, além do marido, e mostrou ser mulher de fibra. Foi uma das primeiras mulheres a dirigir carros na cidade, ainda no tempo de ruas de chão. Por muitos anos viveu no Industrial (sua antiga residência é aquela que hoje está ocupada pelo Samu), hoje está na Rua Pernambuco, próximo à esquina com a Rua Curitiba.
Ela conta que sua primeira casa era de 5×5 metros, de madeira, estava ainda sem aberturas. Dorival abriu buracos nas paredes com o serrote e, com as mesmas tábuas, fez portas e janelas. Não tinham muita coisa. “A gente só trouxe a cama, um guarda-roupa desmontado e o fogão a lenha. Tinha o paneleiro e um pouco de louça. A gente não trouxe tudo, porque veio a mudança da firma junto.”
A dificuldade maior, principalmente pra ela, foi não ter parentes nem conhecidos. “Não tinha conhecida nenhuma, a única que agradeço até hoje é a dona Cecília Motter, a dona Josefina Nicolau e a dona Ana, que eram minhas primeiras vizinhas. Em seguida engravidei e daí eu não tinha ninguém da minha família, só uma irmã do seu Pedrinho, dona Nair, que me ajudou, e tem as amigas porque a vila era pequena e quando chegava uma pessoa elas vinham visitar.”
Dona Alice foi uma das primeiras motoristas de Francisco Beltrão. Naquele tempo ela levava as crianças, ia fazer compras, se virava. E o marido sempre empreendendo.
Depois veio também seu pai, Santo Fregonese, e foi iniciada a madeireira, que se tornou uma das maiores da região, com participação também de seus irmãos Romeu e Delfo. Fabricavam também pipas, carrocerias, carroças e charretes. Dona Alice lembra que fabricavam muita charrete. E ela andou muito de charrete, desde o Rio Grande.
