Nos cinco municípios da época, Clevelândia, Foz do Iguaçu, Iguaçu (atual Laranjeiras do Sul), Mangueirinha e “Xapecó” mais de 13 mil eleitores votaram – maior participação entre os sete territórios do Brasil na época.

Em 2 de dezembro de 1945, os brasileiros foram às urnas para escolher o presidente após 15 anos de governo Getúlio Vargas. Na época, o que hoje compreende o Sudoeste do Paraná, exceto Palmas, não pertencia ao atual Estado e sim ao Território Federal do Iguaçu.
Eurico Gaspar Dutra venceu a corrida em Iguaçu, com 11.373 votos contra 1.874 do segundo colocado, Eduardo Gomes. O cenário foi idêntico ao nacional, com Dutra somando 3.251.507 de votos (55,39%) ante 2.039.341 (34,74%) de Gomes.
O que era o Território Federal do Iguaçu
Com capital em Iguaçu (atual Laranjeiras do Sul), o Território foi criado em 13 de setembro de 1943 por um decreto do presidente Vargas. Abrangia, além de parte do Centro-Sul e Sudoeste, o Oeste e Noroeste do Paraná, além do Oeste de Santa Catarina. Existiam cinco municípios nesta porção. Além da capital, Iguaçu, havia Foz do Iguaçu, Clevelândia, Mangueirinha e Xapecó (com x, grafia da época). Francisco Beltrão e Pato Branco desmembraram-se de Clevelândia em 1952, junto com Barracão, Capanema e Santo Antônio do Sudoeste. Os cinco novos municípios do Sudoeste foram criados junto, com mais 34, pela mesma Lei 790, de 14 de novembro de 1951, e instalados dia 14 de dezembro de 1952.

A criação de Iguaçu se deu em razão da preocupação de Getúlio em manter em posse do Brasil, povoar e desenvolver as regiões do oeste do país. Tanto assim, que em 1943 criou cinco territórios federais: Amapá, Guaporé, Iguaçu, Ponta-Porã e Rio Branco. Um ano antes, em meio à Segunda Guerra Mundial, elevou ao mesmo patamar o arquipélago de Fernando de Noronha.
Desde 1937 vigorava a ditadura do Estado-Novo. Não havia congresso nacional e, portanto, o presidente governava por decretos, sem depender de deputados ou senadores para aprovarem seus projetos. Conforme o historiador Arno Bento Mussoi, autor do livro “Território Federal do Iguaçu – Perspectivas para o desenvolvimento regional”, com a volta das eleições gerais em 1945, Paraná e Santa Catarina (que haviam sido obrigados a ceder parte de suas terras para formar o Iguaçu) conseguiram aprovar na Assembleia Constituinte a extinção do território. O mesmo ocorreu com Ponta-Porã, que voltou a pertencer ao Mato Grosso (e hoje faz parte de Mato Grosso do Sul). Fernando de Noronha seguiu como território federal até 1988, data da última constituinte, que o configurou como distrito de Pernambuco. Neste mesmo ano, Amapá e Rio Branco (atual Roraima) viraram estados. Guaporé é hoje Rondônia e mudou de status, assim como os dois anteriores, em 1981.
Iguaçu teve maior eleitorado entre territórios
Os números do pleito de 1945 apontam que o Iguaçu teve a maior participação do eleitorado entre os sete territórios federais da época – o Acre já era enquadrado nessa categoria antes de 1943. Confira:
Votantes dos territórios federais em 1945
● Acre – 5.522
● Amapá – 2.720
● Fernando de Noronha – 106;
● Guaporé (Roraima) – 2.114;
● Iguaçu – 13.451;
● Ponta-Porã – 7.796;
● Rio Branco (Roraima) – 504.
Eleições presidenciais de 1945 Votos válidos
Votação no Território do Iguaçu
● Eurico Gaspar Dutra (PSD) – 11.373 – 84,5%;
● Eduardo Gomes (UDN) – 1.874 – 13,9%;
● Yedo Fiuza (PCB) – 197 – 1,4%;
● Mário Rolim Teles (PAN) – 3 – 0,02%;
● Total – 13.451.
OBS: não há registros de votos brancos e nulos.
Votação no Brasil
● Eurico Gaspar Dutra (PSD) – 3.251.507 – 55,39%;
● Eduardo Gomes (UDN) – 2.039.341 – 34,74%;
● Yedo Fiuza (PCB) – 569.818 – 9,71%;
● Mário Rolim Teles (PAN) – 10.001 – 0,17%
● Total de votos nominais – 5.870.667;
● Brancos – 70.328;
● Nulos – 65.214;
● Total – 6.006.209.