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Francisco Beltrão
segunda-feira, 09 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

70 anos os migrantes vinham de Santa Catarina e Rio Grande do Sul; hoje vêm do Sudeste e Nordeste

Há até estrangeiros que vêm em busca de emprego e melhores condições de vida aqui.

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JdeB – Entre 1940 e 1960, os migrantes/pioneiros de Vila Marrecas e Francisco Beltrão vinham basicamente de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Vinham principalmente em busca de área de terra que era cedida pela Colônia Agrícola General Osório (Cango), na Marcha para o Oeste, uma política do governo federal da época.

Passados 70 anos, o município vive um momento de expansão no número de vagas no mercado de trabalho. Se antes a motivação dos primeiros migrantes era receber um pedaço de terra para plantar e criar porcos, hoje a busca é por uma das vagas abertas pelas empresas locais.

Neste ano, entre janeiro e setembro, foram abertas 1.919 novas vagas de empregos – 154 novas só em setembro – em Francisco Beltrão.

Novas empresas se instalaram na cidade – Silos Cordoba, Max Atacado, SuperDia, No Ponto Supermercados, Distribuidora Alvorada, Concen Lácteos, Crowil Indústria de Rações – e estão gerando novos empregos.

Haroldo Honorato está há dois anos em Beltrão. É gerente de loja do Super Dia. Foto: Flávio Pedron/JdeB.

Além destas, entre as empresas locais, houve a ampliação da fábrica de rações da BRF, que voltou com abates de perus, novas empresas no comércio se instalaram, houve a ampliação da produção da Confecções Raffer, a ampliação da Vitral Sul e Alcast do Brasil, as indústrias de utensílios domésticos também contratam seguidamente trabalhadores para atender a demanda dos clientes.

Desde o começo da década de 2000, os setores de saúde e educação também vêm gerando novas oportunidades. Novas clínicas médicas e de imagem e hospitais – Regional e do Câncer –, e a instalação da Unioeste, UTFPR, Unipar, Unisep e o Cesul trouxeram profissionais de alta qualificação para a cidade.

Diante deste cenário positivo de novas empresas e expansão do mercado de trabalho, Beltrão tem recebido migrantes de países da África – Angola, Guiné-Bissau –, do Paraguai, Argentina, Venezuela e do Brasil: do Ceará, Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais. 

Noely Thomé, gerente da Agência do Trabalhador, diz que muitos estrangeiros que possuem ensino superior estão chegando em Beltrão.

“Mas vão para preencher qualquer vaga, pois vêm com a cara e a coragem.”

Uma das novas empresas de Francisco Beltrão, o SuperDia Atacarejo, no Vila Nova, mantém 130 empregos diretos. Pelo menos 10% deste pessoal veio de outras cidades, estados e países para trabalhar na nova empresa. Haroldo Honorato, gerente do SuperDia, é natural de Apucarana (PR), e trabalhou na rede Mufatto, depois ficou um ano em quarentena e foi prestar assessoria a uma empresa de Tangará da Serra (MT). Acabou mantendo contato com Edy Dalberto, diretor-presidente da rede Ítalo e SuperDia, e veio gerenciar a nova loja antes mesmo de sua implantação. Um ano antes da inauguração, em 22 de abril de 2021, Haroldo já estava em Beltrão cuidando de vários detalhes do futuro atacado.

Conforme o gerente, a empresa conta com funcionários de Alagoas, Sergipe, Pará, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Há, ainda, pessoas que vieram da Venezuela. Os demais colaboradores são de Francisco Beltrão e região. Estes colaboradores que vieram de outros estados atuam como atendente de padaria, repositor de mercadoria e operador de caixa.

As pessoas de fora vêm com culturas diferentes da nossa.

“Eles se assustam com os ganhos. Aqui são mais altos. Um funcionário ganhava R$ 60. Veio pra cá procurando algo mais e agora vai buscar seus familiares (onde eles residem).” O salário inicial é de R$ 1.840 e mais as horas extras. “O pessoal consegue ter um salarinho muito bom.”

População maior

No começo da década de 1950 a população de Francisco Beltrão chegava a aproximadamente seis mil pessoas. Passados 70 anos, o município se aproxima dos 100 mil habitantes – pouco mais de 93 mil moradores, segundo dados do IBGE de 2021. Mas ainda há muita gente morando no interior com atividades agropecuárias ou vindo para trabalhar na cidade.

Seu Pascoal Pirin, um migrante de 1952

Em 9 de junho de 2015, Ivo Pegoraro entrevista Pascoal Pirin e a esposa Adelina Borghezan Pirin. Por 30 anos, Pascoal foi capelão de sua igreja, na Linha São Marcos, onde ainda reside: “Eu fiz enterro que enrolaram a pessoa num manto e enterraram sem caixão.” Foto: Almir Girardi/JdeB.

Pascoal Pirin nasceu em Orleans (SC) e casou na igreja de Santo Agostinho, em Ponte Canoas, hoje município de Bom Retiro (SC), com Adelina Borghezan. Logo após o casamento, mudou-se para o Paraná, estabelecendo-se na Linha São Marcos, em Francisco Beltrão. Morou no Rio Varanda, em Salto do Lontra. Mas retornou para Beltrão. Em entrevista ao Jornal de Beltrão, em junho de 2015, Pascoal contou que saiu de Santa Catarina dia 11 de setembro e chegou aqui dia 20 de setembro de 1952. Pascoal e Adelina tiveram sete filhos, todos nascidos em Beltrão: Pedrinho, Paulino, Luiz, Irene (falecida), Tereza, Olívio e Maria de Fátima.

Seu Pascoal contou como era Beltrão há 70 anos. “Aqui também era mato, quando nós chegamos, e moradores eram poucos. De lá onde é o quartel, nós saía daqui às 6 horas, pra ir à missa em Beltrão. O frei Deodato foi o primeiro padre que chegou em Beltrão. Chegava em casa 10 horas. No outro domingo de novo o trajeto era aquele.”

Seu Pascoal trabalhou durante anos de taxista. Fazia as corridas com um jipe de duas portas.

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