
Jornalista? Sim, com toda a certeza. Mas aqueles que conheceram Itamar Martins Pereira de perto, certamente, irão lembrar dele também como um humorista. Sua presença na redação do JdeB sempre foi sinônimo de bom humor, mesmo em períodos que, sabíamos, ele atravessava situações bastante complicadas.
Dono de um humor peculiar, Tio Ita sempre tinha frases engraçadas, sempre via e descrevia as situações por um viés que tornava dias pesados em dias um pouco mais aceitáveis. Dá pra dizer que ele era um professor de humor. E o que ele nos ensinou, durante anos de convivência, colocamos em prática já no seu velório.
Lá, não por ignorar a dor, mas justamente para torná-la menos aguda, começamos a imaginar quais dos seus bordões ele usaria diante da circunstância triste, diante do vazio de uma partida tão inesperada. Talvez, ele saísse com o seu tradicional “é cedo, pousa aí e vai amanhã”. Não sabemos. Mas resolvemos elencar nesta edição suas falas mais tradicionais, aquelas que ficarão na memória da equipe JdeB.
“É cedo, pousa aí e vai amanhã!” – Sempre que alguém se despedia na redação, a qualquer horário do dia, fosse colega ou visitante, Tio Ita saía com essa frase, que reflete bem uma das suas propostas de humor: tratar as pessoas como se elas estivessem na casa dele, uma casa de família interiorana.
“Tem espaço sobrando? Então põe uma matéria do Grêmio”. – A brincadeira do gremista Itamar Pereira era sugerir matérias do seu time em qualquer página, independentemente da editoria. Se notava um espaço vago, podia ser em página social ou na capa, ele sugeria preencher com informação sobre o tricolor gaúcho.
“Jogo do Trétis tá tudo certo. Já compramos o juiz!” – Não contente em ser gremista, Tio Ita também tinha uma queda pelo Athletico Paranaense. Em dias de jogo do “Trétis”, brincava com os colegas de redação sinalizando sua confiança no resultado positivo, afinal, o juiz já estaria comprado.
“Mais alguém dando nó?” – Talvez a frase mais famosa do Itamar, a mais repetida. Sempre que encontrava algum colega pelos corredores ou na cozinha do JdeB — local que também frequentava com certa assiduidade —, Itamar saía com essa fala, um tanto quanto comprometedora.
“Aonde é que andava?” – Quando chegava ao Jornal de Beltrão ou encontrava um colega pelos corredores, Tio Ita usava essa expressão, que tem um sentido de “não te vejo há muito tempo”. O engraçado é que isso era dito para alguém que ele havia encontrado no dia anterior ou no mesmo dia, momentos antes.
“Tijolo” – Era a sua forma de se referir às páginas do jornal que tinham grande quantidade de texto e poucas imagens. Frequentemente, ele acusava o diagramador (o profissional que distribui conteúdos nas páginas) de ser “dono de olaria”, ou seja, fabricar tijolos.
“Homão” – Sua forma bem-humorada de se referir ao jornalista Ivo Pegoraro, presidente da Editora Jornal de Beltrão S/A. Frequentemente, Tio Ita ameaçava os jovens colegas da redação: “Se vocês não se comportarem, eu vou lá contar tudo pro Homão!”.
“The Flash” – O apelido com o qual Itamar se referia ao chefe de reportagem do Jornal de Beltrão, Flávio Pedron. “Vê lá com o The Flash o que vamos colocar nessa página”.
“Tá pensando que é quem? Que é o Adolfo pra tirar férias?” – A brincadeira do Itamar consistia em insinuar que o diretor-administrativo do JdeB estava frequentemente de férias. Quando alguém na redação anunciava que iria tirar férias, ele saía com essa.