Ex-jogador beltronense de futebol, técnico mais vencedor do futsal paranaense e comandante do Ampere apontam o que faltou para a Canarinho ter ido mais longe no Catar.

JdeB – A repercussão da quinta eliminação seguida do Brasil em Copas do Mundo tem os holofotes concentrados em Tite. Apesar de ter um aproveitamento de 80% nos 61 jogos e seis anos em que dirigiu a Seleção Canarinho, não conseguiu vencer o mundial. Em 2022, os brasileiros eram apontados como favoritos pela imprensa nacional e internacional para a conquista do título.
Após um 0x0 no tempo regulamentar, o Brasil abriu o placar no primeiro tempo da prorrogação das quartas de final contra o Croácia. Neymar marcou. Mas restando três minutos para o término, a defesa falhou e uma jogada que começou na ponta esquerda culminou no gol de Petkovic. Nos pênaltis, Rodrygo e Marquinhos perderam as cobranças, enquanto Casimiro e Pedro fizeram. Vlasic, Majer, Modric e Orsic não desperdiçaram e garantiram a segunda classificação seguida da Croácia à semifinal. Neymar, principal nome do time brasileiro, foi escalado para a quinta cobrança, que não existiu. A ordem poderia ter sido mudada no decorrer da disputa.
Fez um bom trabalho?
O Jornal de Beltrão ouviu três nomes importantes do futsal e do futebol paranaense. O técnico do Ampere, Dalton Bacana, acredita que, mesmo sem a taça da Copa, Tite mandou bem no comando. “O jogo e a competição são incógnitas. Não sabemos o que vai fazer. Para muitos, éramos favoritos a ganhar a Copa. Mas quem garantia? Não podemos tirar o mérito dos adversários. No jogo da eliminação, quantas oportunidades de gol tivemos? Várias. Quantas defesas o Alison fez? Poucas. E se não fosse o desvio no Marquinhos, onde teve uma mudança na direção da bola, acredito que o nosso goleiro faria a defesa. Pra mim, o treinador mais capacitado a comandar a Seleção é o Tite. Quantas derrotas ele teve nessa trajetória? Ficamos tristes, mas pra mim ele fez um bom trabalho. Por que o Neymar ficou por último pra bater o pênalti. Mas ele vai, faz o primeiro, mas o que ficaria por último aguentaria a pressão? Pra mim, fez bom trabalho.”
“Oito anos perdidos”
Por outro lado, o técnico com mais títulos no futsal paranaense, Nei Victor, foi taxativo. “Um time jovem, sem treinador. O Tite é um mercenário do futebol, vive às custas de ganhar dinheiro e se promover. Tá nem aí com esquema tático de jogo. Foram oito anos perdidos com este senhor. Esperamos que a CBF comece a colocar técnico que convoque os que têm mais condições. Parece que futebol virou só negócio e nós que perdemos por torcer pela Seleção. Não pela Croácia, uma boa equipe, mas o Brasil não mostrou nada que pudesse ganhar o título.”
Não tem o perfil da Seleção?
Ex-jogador de futebol, o beltronense Marcelo Régis, que atuou por clubes importantes do país, como Athletico, Fortaleza e Figueirense, também concentra críticas ao trabalho de Adenor Bacchi. “Nas duas últimas Copas nem criei expectativa, mas nesta estava esperançoso. Futebol é detalhe. Todo mundo tem direito de acertar e de errar, mas a gente precisa ter um limite e ver a verdade. Trabalhar com o que aconteceu. Não existe tomar o que o Brasil tomou. Os 11, não podem tomar um gol de contra-ataque faltando três minutos pra acabar, ganhando o jogo numa Copa do Mundo. Taticamente falando, não podemos tomar Copa América e Eliminatórias como parâmetro. O Tite não é um treinador com características da Seleção Brasileira, que é um time ofensivo. Ele conseguiu ser vencedor onde conseguiu ser defensivo, jogando por uma bola. Não, não, na Seleção…Então vai treinar o Uruguai. Na Copa inteira não nos apresentamos bem taticamente nem ofensivamente. Taticamente, não conseguiu impor o futebol da Seleção Brasileira. Ele jogava atrás da linha da bola. Meus amigos jogadores, me dizem: ‘Marcelo, ele deixou o Modric fazer o que quis’. A Croácia não queria dar chute no gol, queriam realmente era enrolar e levar pros pênaltis. Aí vai na sorte. A participação do Tite foi frustrante. Não fez um bom trabalho.”
Maior jejum da história
Com o tropeço, o Brasil completará 24 anos em 2026 quando haverá um novo mundial, sem ganhar uma Copa. A marca é um recorde negativo, só visto antes entre 1970 e 1994. Na entrevista coletiva, ainda na sexta-feira, Tite confirmou o que já havia anunciado há um ano e meio: não fica na CBF.
Entre os nomes cogitados para assumir o Brasil a partir da próxima temporada estão Cuca, Dorival Júnior, Fernando Diniz, Mano Menezes, Renato Gaúcho e Rogério Ceni, além dos estrangeiros Abel Ferreira, Jorge Jesus, Jorge, Sampaoli, Pep Guardiola, No entanto, a CBF garante que só começará a estudar a situação em janeiro.