
Mesmo com Copa do Mundo e forte calor, manifestantes não deixam o Quartel do ExércitoÉ normal, nos dias de semana, no horário de jogos da Copa do Mundo do Catar, as pessoas deixarem o trabalho em segundo plano para assistir, principalmente quando o Brasil joga, como aconteceu nesta sexta-feira. Pouco antes das 16 horas, horário que iniciaria o jogo, as principais ruas da cidade estavam congestionadas de carros, por pessoas que iam assistir ao jogo em casa.
Mas os manifestantes de frente dos quartéis continuam firmes, mesmo em horários de jogos, e mesmo no forte do calor de verão que já faz em Francisco Beltrão. Neste sábado, a rotina dos manifestantes se repete. Nos horários definidos, todos se reúnem em frente ao portão principal do 16 Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, cantam o hino nacional eos refrões padronizados pelo movimento, que é de abrangência nacional. Com algumas alternativas, por exemplo, no lugar de “Forças Armadas, salvem o Brasil”, também falam, em coro, “SOS, Forças Armadas”.

Para Sérgio Moro, o país continua dividido
Nesta semana, ao percorrer cidades do interior do Paraná para agradecer os votos, o senador eleito Sérgio Moro (União Brasil) passou por Francisco Beltrão e, numa entrevista ao Jornal de Beltrão, falou sobre o voto eletrônico, que é contestado pelos manifestantes, e deu sua opinião sobre as manifestações.
Sobre o voto eletrônico, Moro disse que não há evidências de fraude, mas que, mesmo assim, merece uma reflexão. E pergunta “por que não fazer, em algumas urnas, uns 5%, por amostragem, para o eleitor ver? Porque voltar o voto impresso não é garantia contra fraude”.
A eleição não pacificou o Brasil
Sobre as manifestações, seguem, na íntegra, pergunta e resposta de Moro
Como o senhor vê as manifestações em frente aos quartéis do Exército?
Essas mobilizações refletem o fato de que a eleição não pacificou o país. A eleição manteve o país dividido, por uma margem pequena. As duas propostas que estavam na mesa eram propostas muito diferentes. Uma parcela grande da população ficou insatisfeita com o resultado. A minha reflexão é que o mundo político precisa respeitar essas pessoas e precisa entender que essas demandas refletem esse mal-estar. E, principalmente, o governo eleito, deveria ter a humildade de buscar uma moderação no discurso, pra pacificar o país, mas também uma moderação na agenda econômica e política. Não são só os manifestantes, a gente tem falado, por exemplo, com muitos empresários, que estão preocupados com a perspectiva do país. Tem gente freando investimento, porque sentem insegurança.
Então, mais que se preocupar com as questões imediatas relacionadas aos manifestantes, o mundo político tem que reagir positivamente pra tentar ver de que maneira consegue pacificar este país. Sem recorrer à repressão. Não é esse o caminho. Você troca o político, mas você não troca o cidadão. As manifestações são só um reflexo, de uma parcela menor, de uma insatisfação generalizada. E o fato de estarem reclamando à frente dos quartéis reflete também uma profunda desconfiança de parcela da população com as demais instituições. Então o ponto não é exatamente qual é a consequência imediata, mas como é que o mundo político tem que reagir. Eu vou estar lá em Brasília, a partir de 2 de fevereiro, e vou ser oposição a este governo.