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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

O difícil tempo da Revolta dos Posseiros

Em outubro de 1957, cerca de 4.000 posseiros tomaram conta da cidade de Beltrão para expulsar as companhias de terra.

JdeB – Como dizia o historiador Ruy Wachovicz, a origem da Revolta dos Posseiros de 1957 foram “negociatas” feitas na capital federal (naquele tempo era o Rio de Janeiro). A Clevelândia Industrial e Territorial Ltda (Citla), empresa criada um grupo de empresários liderados por Mário Fontana, adquiriu, de José Rupp, um crédito que ele tinha com a União, mas não conseguia receber. Em troca daquele crédito, a Citla passou a se considerar dona da Gleba Missões, situada no Sudoeste do Paraná, a partir do Rio Marrecas até a fronteira.

A Citla abriu escritório em Francisco Beltrão e passou a vender aquelas terras, em grande parte já ocupadas por posseiros. Mas circulou o alerta de que as vendas eram ilegais, porque a “negociata” não fora aprovada pelo Congresso Nacional e, por isso, a Citla não podia fornecer documentação.

Foi então que a Citla contratou jagunços para fazer a cobrança dos posseiros “na marra”. E aí, ao se sentirem prejudicados, os posseiros reagiram. Vários confrontos armados foram registrados entre posseiros e jagunços da Citla. Um em Alto Verê, um na sede de Verê, um em Lageado Grande (atual Pérola D’Oeste), um em Pranchita, um no Rio do Mato (Francisco Beltrão)…

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A situação ficou tão crítica que, para fugir do assédio dos jagunços, as famílias se escondiam no mato, ou mudavam para a casa de conhecidos ou parentes ou até iam embora da região. As cidades foram atingidas porque o comércio parou e os moradores das zonas urbanas igualmente eram afetados na falta de documentação de seus terrenos, ou seja, também eram posseiros.

A Revolta foi iniciada dia 9 de outubro de 1957, data em que as lideranças de Pato Branco destituíram as autoridades locais e criaram uma junta governativa. Dia 10, Francisco Beltrão aderiu ao movimento. Milhares de posseiros, na maioria agricultores, tomaram conta da cidade e, armados, exigiam a expulsão das companhias de terra.

O Exército, que tinha uma unidade em Francisco Beltrão, muito contribuiu para evitar um encontro armado. Isolou os integrantes das companhias – jagunços, funcionários, diretores – e os retirou da cidade. E os posseiros invadiram os escritórios das companhias Citla e Comercial e destruíram todos os documentos que tinham assinado sob a mira de uma arma de fogo.

Seguiram-se, ainda, alguns anos de incertezas. A regularização das terras só veio com a criação do Grupo Executivo para as Terras do Sudoeste do Paraná (Getsop), uma promessa de Jânio Quadros quando candidato a presidente em 1960. Os títulos de posse foram entregues entre 1963 e 1973, período em que o Getsop também ajudou a desenvolver a região com abertura de estradas, construção de pontes e escolas, entre outros benefícios.

As músicas orquestradas do Luís Felipe Radicetti, que serão ouvidas na próxima semana em Eneas Marques, Capanema, Barracão, Verê, Ampere e Santo Antônio do Sudoeste, foram inspiradas nas cenas daquele período do conflito, principalmente entre maio e outubro de 1957.

Entre uma música e outra, tem um texto indicando os acontecimentos da época.

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