Seminário abordou como identificar e tratar problemas de saúde mental entre os trabalhadores da saúde.

JdeB – “Repercussões da pandemia na saúde mental do trabalhador de saúde” e “Estratégias de enfrentamento para a saúde mental” foram os temas abordados no 5º Seminário Municipal de Saúde do Trabalhador de Francisco Beltrão, realizado ontem, no Espaço da Arte, com palestras pela manhã e à tarde. A iniciativa foi da Secretaria Municipal de Saúde, Conselho Municipal de Saúde, Vigilância em Saúde e Comissão Municipal de Saúde do Trabalhador.
As palestras foram aplicadas por Tereza Zamberlan, psicóloga e pedagoga, e Wilson Luiz Pinto, teólogo pastoral, educacional e profissional, coaching de desenvolvimento pessoal e institucional. O seminário municipal foi direcionado para profissionais de saúde das redes municipal e privada e estudantes dos cursos da área.
Ozório Borges Neto, presidente do Conselho de Saúde, falou do objetivo do seminário.
“É discutirmos como que está a saúde do trabalhador na área de saúde do município. Fazer uma análise, uma discussão, porque passamos por um período muito traumático nesses dois anos [de pandemia]. A questão da covid saiu do normal da rotina dos trabalhadores, foi exigido muito deles. Então, ficaram muitos traumas nesse sentido, o estresse pós-covid, até por causa do excesso de trabalho que eles tiveram.”
Identificar os sintomas
A intenção é que o trabalhador identifique os seus problemas e possa resolvê-los individual ou coletivamente.
“Nós convidamos eles pra participar, para poderem abrir suas mentes e identificar se estão sofrendo, porque a consequência, os traumas que adquiriram, não é só no local de trabalho, mas dentro da sua família, na roda de amigos, todos ali. Então esse trabalho tem que se fazer por parte da Secretaria [da Saúde]. Eu acho que ela [Secretaria de Saúde] tem que ficar atenta nesse sentido com os psicólogos, o pessoal que está acompanhando, e prestar assistência para esses servidores.”
Tania Mara de Costa, técnica de higiene bucal aposentada e integrante do Conselho de Saúde, também participou e opinou sobre sua importância do evento.
“Na verdade, a gente fez um trabalho antes desse seminário, conversando com as pessoas. E a gente foi de unidade em unidade. Nós fomos em hospitais e unidades também para conversar sobre isso e a gente viu que há uma grande demanda, que as pessoas sentem alguns sintomas, mas elas não conseguem identificar que realmente estão com uma doença mental. Esse era o objetivo do nosso seminário: para que as pessoas parassem, porque geralmente quando tem capacitações, elas são voltadas ao paciente.”
Tania espera que: “Os participantes saiam daqui dizendo, não estou sozinha, não sou só eu que estou sentindo isso. Por exemplo, insônia, não sou só eu. É uma coisa que todos estão sentindo, por causa de toda pandemia, de toda essa história da covid que a gente teve que ficar isolado”.
Cerca de 15% dos trabalhadores no mundo têm transtornos mentais
ABR – A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou ontem que cerca de 15% dos trabalhadores adultos no mundo apresentam algum tipo de transtorno mental. A entidade, e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cobram ações concretas para abordar questões relacionadas à saúde mental e o mercado de trabalho.
A estimativa das organizações é que diagnósticos de depressão e ansiedade custam à economia global algo em torno de US$ 1 trilhão anualmente.
“Diretrizes globais da OMS sobre saúde mental no trabalho recomendam ações para enfrentar riscos como cargas de trabalho pesadas, comportamentos negativos e outros fatores que geram estresse no trabalho.”
A OMS recomenda, por exemplo, treinamento gerencial para que se desenvolva a capacidade de prevenir ambientes de trabalho estressantes, além de habilitar gestores.
para responder a casos de trabalhadores com dificuldades no âmbito da saúde mental.
“O bullying e a violência psicológica [também conhecida como mobbing] são as principais queixas de assédio em local de trabalho com impacto negativo na saúde mental. Entretanto, discutir ou dar visibilidade à saúde mental permanece um tabu em ambientes de trabalho de todo o mundo”, alerta a instituição.