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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

Sofisticados e em alta

Demanda por imóveis de alto padrão aquece investimentos próprios e de construtoras na cidade. 

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Região no entorno do prolongamento da Avenida Júlio Assis é uma das mais valorizadas na cidade. Foto: Foto: Leandro Czerniaski/JdeB.

Por Leandro Czerniaski – Francisco Beltrão, janeiro de 1978. Recém-formado, o arquiteto e urbanista Dalcy Salvatti iniciava sua jornada profissional em uma cidade com o setor de construção ainda tímido. Naquela época, a economia local era basicamente agrícola, a maioria da população estava no campo e na cidade, predominavam as construções em madeira com um layout bem tradicional: três quartos, sala, cozinha, varanda-garagem, e lavanderia com banheiro e despensa juntos. “Raramente fazíamos um projeto em alvenaria, mas logo começou a mudar”, relembra o arquiteto.

Com o tempo, surgiram mais residências com 150 a 200 m², o banheiro entre os quartos e, depois, suíte no quarto principal e garagem para dois carros. E a madeira ia sendo preterida à medida que os projetos ficavam maiores. Mais tarde vieram as casas com mais de 500 m², sala de TV, mais de uma suíte, piscina, churrasqueira, edícula… 

À medida em que a cidade vai evoluindo e o poder aquisitivo da população melhora existe a tendência de o padrão dos imóveis melhorar e aumentar de número. A confiança no desenvolvimento e no crescimento da economia do município faz com que haja uma segurança em se construir imóveis de alto padrão, pois teremos a certeza de sua valorização”, cita Dalcy, que tem sua trajetória ligada ao desenvolvimento urbano de Beltrão, seja como arquiteto ou à frente de órgãos de gestão pública. Hoje, está bem mais comum encontrar imóveis à venda com valores na casa de um milhão de reais. 

Segmento em ascensão

Os dados do IPC Maps, que mede o potencial de consumo dos municípios, apontam que o maior crescimento proporcional de imóveis em Francisco Beltrão entre 2021 e 2022 foi na classe A. São famílias com renda acima de R$ 10,7 mil. Nesta faixa estão quase mil imóveis da cidade (3,2%), número maior que os 718 de dois anos atrás. Por um lado, o levantamento mostra que a renda das famílias pode ter aumentado, mas também revela um incremento de novos imóveis entre os mais ricos.

A definição de alto padrão ainda é um tanto subjetiva. A Receita federal considera esse modelo, para cálculo do INSS da mão de obra, imóveis acima de 200 m²; já o Sinduscon estipula pelo valor médio do custo unitário básico (CUB), que era de R$ 2,6 mil o m² no fim do ano passado – um imóvel de padrão baixo custa R$1,9 mil o metro. “O fator preponderante para o desenvolvimento de áreas para imóveis de alto padrão é a sua localização. Longe de locais barulhentos, áreas estritamente residenciais, paisagem agradável, acesso fácil e rápido. O fator de serviços próximos já não é um impedimento, já que seus moradores, por serem de classe média alta, possuem mais de um carro”, analisa Salvatti. 

Também é possível definir o conceito de acordo com a localização do imóvel, comodidades oferecidas no bairro onde está ou pelo acabamento, sem necessariamente se apegar ao tamanho.

“Crescimento qualitativo” da cidade

Uma das regiões da cidade que se destaca pelo lançamento de novos empreendimentos e casas de alto padrão é a parte sul, englobando os bairros Industrial e São Cristóvão. É o que o corretor imobiliário Luiz Alberto Thomazoni, o Polaco, chama de “crescimento qualitativo”. “O Bairro Nossa Senhora Aparecida sempre foi o mais valorizado, e continua em alta, mas agora há outras regiões da cidade que oferecem qualidade de moradia e lazer que têm atraído um público com condições de construir um imóvel mais refinado”, comenta o corretor, que investiu em um loteamento de altão padrão – o Amábile – no Prolongamento da Avenida Júlio Assis. No local, quem comprou terreno já está revendendo por cerca de R$ 800 a 1.000 o metro quadrado.

Thomazoni cita alguns fatores que vêm contribuindo para impulsionar o segmento de alto padrão em Beltrão: a vinda de serviços públicos com servidores de maior qualificação e renda; a diversificação e fortalecimento da economia local; a especialização de profissionais da construção civil; oferta de crédito para financiamento imobiliário; e a qualidade de vida que o município oferece, atraindo estudantes e profissionais de fora.

Vinda de profissionais e investidores impulsiona o alto padrão

Construtora Fabris está iniciando novo edifício, com um apartamento por andar e rooftop com sauna, piscina e sala de jogos.

Proprietário de uma construtora com foco em imóveis de alto padrão, o engenheiro agrônomo Carlos fabris entrou neste ramo por acaso. Foi em um momento de “inspiração” ao passar por um loteamento que viu a oportunidade de construir pra vender. No começo, eram casa populares, mais voltadas às linhas do Minha Casa Minha Vida. Quando fez sua própria moradia, alguns anos depois, vendeu com certa facilidade e bom preço. Daí, despertou para um nicho crescente: “Por volta de 2015 já percebi uma demanda por imóveis de médio a grande porte e fui focando neste segmento”.

Para sobrados e edifícios mais refinados, Fabris sempre priorizou a localização, buscando terrenos em morros com vista para a cidade ou no entorno de parques. Fez prédios no São Cristóvão e em frente ao Parque Boa Vista, no Industrial. Tem projetos sendo concluídos, outros iniciando e alguns ainda sendo planejados. Entre as novidades está um novo prédio em frente ao parque com um apartamento por andar (cerca de 400 m² de área total) e rooftop com piscina, sauna e sala de jogos; outro voltado ao público universitário em frente à Unipar e mais um somente comercial, ao lado.

Na sua visão, mercado há. “Beltrão é uma cidade fantástica que tem atraído pessoas em busca de qualidade de vida e com boas oportunidades profissionais, além de investidores da região que compram imóveis aqui. Há espaço para todos os segmentos em termos de moradia e, com base na procura que tivemos neste início de ano, estamos bem otimistas com 2023”, analisa.

Rentabilidade

Nos imóveis de alto padrão, a preocupação com a qualidade vai desde os materiais usados na rede hidráulica e elétrica até o acabamento. Esse é um dos pontos principais para entender esse nicho: quem é do ramo investe mais e tem um prazo de retorno um pouco maior do que em imóveis de categoria inferior, mas a rentabilidade compensa.

O empresário Arthur Sander, da Dash Acabamentos, diz que o padrão de materiais usados na obra, principalmente na fase final, influencia muito na classificação do imóvel. “Outro fato sobre os imóveis de alto padrão, é sempre a presença de um profissional de arquitetura diretamente envolvido com as escolhas dos acabamentos, isso faz com que o imóvel receba exatamente aquilo que for projetado, onde cada detalhe é pensado para o máximo de aproveitamento e valorização”, cita.

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