
Por Leandro Czerniaski – Os sete municípios que fazem parte da regional da Seab de Dois Vizinhos têm as áreas rurais mais valorizadas do Estado em sua classe. Conforme a classificação do solo, as terras chegam a custar mais que o dobro do valor médio do Paraná. É o que aponta o Caderno Regional Agropecuário que calcula o preço médio de áreas rurais, elaborado pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Os municípios próximos a Dois Vizinhos se destacam pela produção avícola, de grãos e de leite. Na regional de Beltrão, que compreende 20 municípios e tem valores médios próximos, o levantamento observou que grandes produtores estão adquirindo áreas em locais menos valorizados e que as diferenças de preço se devem, principalmente, às características geográficas e topográficas de cada propriedade. As áreas mais valorizadas estão em Verê, Pranchita e Renascença, com topografia favorável, grandes lavouras e uso de maquinário de alta tecnologia.
Para os lados de Pato branco, são 15 municípios na regional e há diferenças nítidas quanto ao valor e uso das terras: o trecho mais oriental do núcleo tem solos menos férteis, no limite de aproveitamento para cultivo e com baixa procura; já áreas mais próximas a Pato Branco têm melhores condições de uso e localização, o que vem ocasionando até derrubada irregular de floresta nativa para uso agrícola.
No Sudoeste, são encontrados apenas solos com classificação a partir de A-2. Terras cultiváveis sem qualquer problema de conservação estão presentes apenas em uma faixa que vai de Oeste ao Noroeste do Estado. Na região de Cascavel, por exemplo, esta classificação de área custa cerca de R$ 172 mil o hectare. Já próximo a Londrina, o valor gira em torno de R$ 123 mil.

Cada área tem suas particularidades
O preço médio apontado pela Seab para as regiões é apenas uma referência e não indica valores mínimos e máximos para negociação de imóveis, já que também precisam ser considerados aspectos de cada propriedade rural, como tamanho, localização, acesso, capacidade de uso, o grau de mecanização e a topografia, por exemplo.
O corretor imobiliário Nevio Ghisi, especializado na comercialização de propriedades rurais em Beltrão, comenta que áreas com percentual agriculturável ente 75% e 80% são comercializadas por valores por cerca de R$ 120 mil o hectare, mas que as características de cada propriedade é que vão ditar o preço. “Usamos diferentes parâmetros para avaliar um imóvel rural: se é com lavoura pronta ou a ser implantada, se tiver produção de peixes, aves ou de leite, além de fazendas de gado de corte ou reflorestamento. Se forem chácaras então, a referência de preço muda totalmente”, comenta.
O caderno
Este levantamento é elaborado desde 1998 para acompanhar a evolução do preço de terras pelo Estado e neste ano indica o valor médio em cada regional do órgão – nas edições anteriores, era calculado o preço por município. A análise é dividida em oito classificações de solos, conforme referências da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS). São avaliadas características como a profundidade efetiva, textura, erosão, permeabilidade, pedregosidade, declive, entre outros.