JdeB – Cães e gatos podem infartar? A verdade é que isso dificilmente ocorre, porque eles possuem mais vasos sanguíneos no coração, fazendo com que seja difícil ocorrer infarto. Contudo, cães e gatos são suscetíveis a diversas doenças cardíacas. Quando comparados ao ser humano, que tem uma tendência maior ao infarto e às doenças isquêmicas, os animais têm probabilidade maior de apresentar doenças musculares ou valvular cardíaca. Isso quer dizer que cães e gatos dificilmente infartam e quando ocorre, é em áreas cardíacas menores e de forma branda. E isso se dá pela diferença na anatomia dos vasos no coração.
Estima-se que pelo menos 10% dos cães e gatos sofrem ou tem chance de sofrer com cardiopatias. De acordo com a médica veterinária Cristiane Muner, da Clínicão, a doença cardíaca é silenciosa, doença que o animal dificilmente apresenta sinal clínico no início da doença, e quando apresenta sinal clínico, a doença está muito avançada.
Na doença cardíaca, o organismo lança mão de mecanismos compensatórios que fazem com que o animal se mantenha saudável. Depois de algum tempo, esses mecanismos não são suficientes e passam a ser nocivos para o organismo, momento no qual a maioria dos animais apresentam sinais clínicos.
Cristiane diz que os tutores devem ficar atentos aos cuidados. O check up cardiológico, por exemplo, deve ser feito anualmente e se o animal tem mais de 5-7 anos (a depender do porte do animal), esses exames devem ser realizados a cada seis meses. O check up cardiológico consiste em exames como o eletrocardiograma, ecodopplercardiograma, aferição de pressão e o raio x de tórax.
O eletrocardiograma (ECG) é um exame para analisar a atividade elétrica do coração. Sendo solicitado também previamente a qualquer procedimento anestésico que o animal possa a vir passar.
O ecodopplercardiograma, também chamado de ultrassom do coração, é o exame padrão ouro para diagnóstico de doenças cardíacas estruturais. Nesse exame é possível verificar a função e anatomia cardíaca. Sendo possível verificar se o animal tem aumento de câmaras cardíacas (aumento do coração), doenças valvulares e as principais doenças cardíacas congênitas (que é quando o animal já nasce com alguma alteração na estrutura do coração).
“A aferição de pressão arterial é importante, haja visto que alterações na pressão arterial podem indicar doenças cardíacas, além de outras doenças como a doença renal e hiperadrenocorticismo, por exemplo. A pressão arterial é medida em animais de forma semelhante aos humanos e deve ser feita em clínica veterinária por profissional habilitado.”
O raio x de tórax é utilizado como uma ferramenta complementar a esses outros exames. Sendo utilizado para verificar se a doença pulmonar está presente também.
Atenção aos sinais
A veterinária Cristiane Muner salienta que os animais podem apresentar sinais clínicos diversos frente a uma cardiopatia. Nos cães o sinal clínico mais comum é a tosse, porém eles também podem apresentar cansaço ou intolerância ao exercício, aumento de volume abdominal, língua arroxeada, síncopes (desmaios), perda de peso ou até a morte súbita como primeiro sinal. Os gatos cardiopatas dificilmente apresentam tosse e por serem animais com comportamento naturalmente sedentário, faz com que os tutores demorem a perceber que há algo de errado com eles, porém podemos perceber cansaço, desmaios e sinais da doença causada por trombo (tromboembolismo), que envolve a perda dos movimentos de um ou mais membros.
