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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Carro usado voltou a ser investimento

Valorização de veículos pode ser momentânea e é causada por vários fatores.

Praticamente todos os modelos e versões subiram de preço, desde os mais antigos, populares, SUVs e principalmente caminhonetes a diesel.

A frase dita por um revendedor beltronense e usada como título da matéria em partes faz sentido e exemplifica bem o momento que o mercado automotivo está passando. Os carros ainda não chegaram a ser necessariamente objetos de investimento — como nos anos 90, quando alguém comprava um veículo para fugir da inflação — mas a valorização de alguns modelos está rendendo mais que deixar o dinheiro na poupança. No entanto, ela pode ser momentânea, até o mercado se reequilibrar.

Essa escalada nos preços começou no fim do ano passado e vem se acentuando mês a mês, como mostra a tabela elaborada pelo JdeB com os valores de Fipe, de alguns modelos, entre janeiro e junho de 2021 — acredite, em apenas seis meses teve caminhonete que ficou R$ 18 mil mais cara.

A chamada desvalorização negativa tem algumas explicações. “O preço do carro novo subiu muito no último ano e ainda as montadoras estão com dificuldade de algumas peças nas linhas de montagem, então estão produzindo menos que antes da pandemia”, analisa Itacir Mazzetto, que tem 25 anos de loja, em Beltrão. Em seu estoque, o que mais tem saído são SUVs e sedans médios premium, na faixa de R$ 60 mil acima. Isso indica outro fator que pode estar contribuindo para essa situação: com os novos mais caros, muita gente que pretende trocar de carro acaba optando por um seminovo em bom estado em vez de um 0 km. A comparação é do próprio Mazzetto, que tem uma Ecosport, com 30 mil km, por pouco mais de R$ 60 mil, mais barato que um Gol automático novo, que está custando cerca de R$ 70 mil.

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O revendedor André Luiz, o Buda, diz que “o que aparece, vende” para se referir ao rápido giro do estoque. A dificuldade quando a procura aumenta é encontrar veículos para revenda. “Para comprar, tá 70% mais difícil”, diz. Outro apontamento que ele faz é que a manutenção realizada antes de pôr o carro à venda também encareceu, o que deixa as margens mais apertadas, apesar do mercado aquecido. “Conseguimos fazer muitos consignados, o que permite ter sempre um estoque bom à disposição”, completa Buda.

Em muitas lojas, placas foram fixadas anunciando a compra de carros usados, algo que nunca tinha sido visto na cidade. Em algumas garagens e concessionárias de seminovos, o estoque é reduzido. Isso porque boa parte do mercado de usados também depende da venda de veículos novos (que entram como troca) e a baixa nas vendas de 0 km provoca um efeito cascata. Tem revendedor que disse estar comprando carro pelo valor da tabela Fipe (se estiver em bom estado e com baixo km), o que ajuda a pressionar ainda mais os preços: boa parte é revendida acima da tabela em lojas especializadas, que dão garantia.

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